DIP - Dissertações de Mestrado
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Item “Iina uchiji jinawai”: AIDS e o cotidiano Awajún (Amazônia Peruana)(2019) Flores Rojas, María Ximena; Olschewski, Luisa Elvira BelaundeEsta dissertação mostra os caminhos adotados por jovens awajún e suas famílias após o diagnóstico de HIV ou AIDS; uma condição que desde o 2005 afeta as comunidades indígenas do distrito de El Cenepa, e que foi incorporada ao cotidiano awajún sobre as formas de “játa AIDS” e/ou “waweamu com sintoma de AIDS”. Essas noções awajún expressam a perspectiva indígena sobre o que é chamado pelos serviços de públicos de saúde como VIH e AIDS. O principal objetivo de esta dissertação é entender o corpo awajún como um continuum de dobras físicas e espirituais onde se tecem as linhas de cuidado e as práticas terapêuticas, nos quais as famílias vivem as experiências de “játa AIDS” e “waweamu com sintoma de AIDS”. Examino as dinâmicas familiares de resguardo, interpretação e cura, onde as mães são as protagonistas no fazer e refazer das vidas de seus filhos, principalmente através do uso de plantas. Baseado em um trabalho etnográfico nas comunidades awajún do distrito de El Cenepa, presento as histórias de vida de varões awajún soropositivos, de entre 14 e 35 anos, que mostram as linhas que se cruzam nos conhecimentos biomédicos e indígenas diante das epidemias apách (não indígenas) que estraram em seus territórios ao longo da história, e que atualmente recebem atenção deficiente pelos serviços de saúde do Estado peruano. Longe de uma história exclusiva do sofrimento, esta dissertação é uma pequena mostra da criatividade no “fazer vida” das famílias awajúnItem Estudo das movimentações periódicas dos Yanomami e suas relações com a endemicidade (transmissão) da oncocercose em Watatas (Xitei/Xidea), Roraima - Brasil(2001) Souza, Fabiana dos Santos e; Py Daniel, VictorApesar das diversas intervenções culturais provocadas por missionários, militares, garimpeiros, agentes da FUNAI, pesquisadores etc., os Yanomami ainda mantém os seus sistemas culturais tradicionais com poucas alterações. O comportamento semi-nômade é uma das principais características deste grupo, sendo importante para o seu sistema econômico, cultural e social. É através das movimentações que os laços culturais com as comunidade vizinhas são reforçados, as proteínas são adquiridas na caça e as vitaminas e calorias nas atividade de coleta pela floresta, complementando assim, a dieta proveniente das roças. No entanto, o contato e a presença não indígena "nape" no período da colonização resultou na introdução de diversas endemias alóctone, como a malária, a tuberculose e a oncocercose. O objetivo deste trabalho realizado com o grupo indígena Yanomami, no pólo de saúde Xitei, ao longo do ano de 2001, foi verificar através de questionários, gravações e fotos a freqüência e as principais causas das movimentações Yanomami, observando se as mesmas influenciam ou não na continuidade de transmissão da oncocercose. Existe a hipótese de que a endemia esteja sendo mantida devido as movimentações. Este trabalho mostrou que nos dias atuais o maior contingente de movimentação é ocasionado pela necessidade de tratamento médico, assim foi possível observar um fluxo cada vez maior de indígenas da Venezuela para territórios brasileiros, porém também continuam a existir em alta freqüência os seus movimentos tradicionais para caça, coleta, festas, visitas, reuniões, entre outros. A permanência deste aspecto cultural pode ser o principal fator que garante a sobrevivência destes indígenas na Floresta Tropical ÚmidaItem A mulher Terena em tempos de AIDS: um estudo de caso da aldeia Limão Verde, município de Aquidauana – MS(2004) Lacerda, Léia Teixeira; Leonzo, NanciEsta pesquisa vida descrever como os comportamentos sexuais e privados são vivenciados historicamente pelo povo Terena da Aldeia Indígena Limão Verde, localizada no município de Aquidauana - MS. Essa descrição nos dará subsídios para a compreensão a respeito das condições de saúde das mulheres Terena em relação aos comportamentos sexuais de riscos referente ao contágio da AIDS, no período temporalmente demarcado entre 1980 a 2000, dando prioridade às representações simbólicas da doença na comunidade e a forma pela qual essas representações têm sido percebidas no dia-a-dia das mulheres. As fontes utilizadas na investigação foram a Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, os registros das Oficinas de Prevenção as DSTs e AIDS realizadas em 1998, as sessões de entrevistas orais com as mulheres que participaram das Oficinas na aldeia e os Boletins Epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde do Brasil no período acima mencionado. Os dados foram analisados numa perspectiva da história do tempo presente e contribuições da história indígena, assim como, as ponderações sociais e psicológicas da doença. Defendemos a idéia de que o pesquisador ao investigar e descrever a história da AIDS, entre diferentes atores sociais depara-se com um tempo e um espaço histórico de sucessivas mudanças, tanto nas reações imunológicas e nas categorias do contágio, quanto no aspecto histórico e social da doença. Os resultados desta reflexão revelaram que a AIDS, também, deverá deixar para a humanidade lições e experiências contraditórias para a educação dos sentidos, tanto de homens como de mulheres, índios e não-índios, uma delas, sem dúvida, será a aprendizagem da prevenção do comportamento sexual de risco, que requer amadurecimento nas relações sexuais e afetivas, desvinculadas das marcas hipócritas da burguesia do século XIX, estudadas por Gay (1988), como forma do avanço individual e coletivo de proteção à vida humana.Item Processo social e doença. Tuberculose em grupos indígenas brasileiros(1986) Costa, Dina Czeresnia; Moraes, Nelson de AraújoO trabalho objetiva estudar “o padrão da tuberculose em grupos indígenas brasileiros entre os anos de 1965 e 1980. Algumas questões são ressaltadas nesse sentido: 1) A análise do processo saúde-doença em sociedades tribais; 2) a compreensão das relações de contato entre a população indígena e as sociedades nacionais em processo de expansão colonial e capitalista, destacando essas relações no âmbito da sociedade brasileira; 3) a avaliação do papel que os serviços de saúde podem assumir na proteção à saúde dos grupos indígenas. A motivação para o desenvolvimento desse trabalho originou-se no contato que mantive no âmbito da Campanha Nacional contra a Tuberculose, do Ministério da Saúde, com a Unidade de Atendimento Especial (UAE), que presta assistência e controle da tuberculose aos grupos indígenas desde os anos 50. A história da UAE compõe um capítulo da relação entre a sociedade nacional e os povos indígenas. Remete ao trabalho de Noel Nutels, um dos pioneiros na defesa de uma política de saúde voltada para esses grupos. Esse estudo buscou sistematizar e refletir sobre o trabalho desenvolvido pelos componentes da UAE, principalmente em relação ao padrão da tuberculose e ao papel do serviço de saúde entre os povos indígenas. Esse esforço de análise foi, sem dúvida, grandemente favorecido pelo cuidado que tiveram esses profissionais em arquivar valiosas informações da epidemiologia e do cuidado à tuberculose a partir da década de 60. Entendo que é de enorme relevância para os estudos médicosociais a análise da questão da saúde e dos dados sobre a dinâmica da tuberculose nos grupos tribais. Especialmente quando presencia-se um agravamento das condições de sobrevivência dos povos indígenas face à brutal expansão da sociedade capitalista para a fronteira oeste e região amazônica. Este estudo não tem, assim, apenas a intenção de ter uma compreensão isenta e neutra da dinâmica epidemiológica da tuberculose entre os grupos indígenas. A grave ameaça a que estão expostos exige que seja destacada a possibilidade de intervenção efetiva que se contraponha ao processo de extermínio. Cabe, inclusive, aos profissionais de saúde coletiva, uma intervenção eficaz no plano político e prático na defesa de programas de saúde que favoreçam a preservação cultural e física desses povos.Item Infecção pelo herpesvírus 8 humano (HHV-8) em populações indígenas e não indígenas da Amazônia brasileira(2009) Sumita, Laura Masami; Pannuti, Cláudio SérgioO Herpesvírus 8 humano (HHV-8) é hiperendêmico na população indígena, mas os seus mecanismos de transmissão ainda são desconhecidos. Método: Os anticorpos contra o antígeno LANA e lítico do HHV-8 foram detectados por imunofluorescência, em 339 indígenas e 181 não-indígenas da Amazônia brasileira. Marcadores sorológicos de transmissão oro-fecal (hepatite A), parenteral (hepatites B e C) e sexual (herpes simples 2 e sífilis) foram detectados por Elisa específicos. O DNA do HHV-8, extraído da saliva, foi detectado por nested-PCR e sequenciado. Resultados: Os anticorpos contra o antígeno LANA ou lítico foram detectados em 79,1% nos indígenas e 6,1% nos não-indígenas. A soroprevalência do HHV-8 aumentou com a idade entre os indígenas sendo que as crianças já apresentavam alta prevalência, mas não houve diferença com relação ao sexo em nenhuma das populações. As populações indígenas e nãoindígenas não apresentaram diferenças na soroprevalência para os marcadores de transmissão oro-fecal e parenteral, entretanto a soroprevalência de marcadores de transmissão sexual foi menor entre os indígenas. O DNA do HHV-8 na saliva foi detectado em 23 % dos indígenas soropositivos. A detecção de DNA do HHV-8 diminuiu com a idade e foi mais comum em homens. As amostras positivas foram sequenciadas e agrupadas como subtipo E. Conclusão: Os dados sugerem a hipótese de transmissão horizontal e precoce, via saliva, do subtipo E do HHV- 8 na população indígena.Item Biodiversidade de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) na aldeia indígena Jaguapiru, Dourados, Mato Grosso do Sul, 2008 - 2009: Implicações epidemiológicas(2010) Santos, Kleiton Maciel dos; Gaona, Jairo Campos; Dorval, Maria Elizabeth Moraes CavalheirosA aldeia indígena Jaguapiru, reúne condições favoráveis que levam a população indígena viver sob o risco de ocorrência de casos humanos de leishmanioses. O trabalho teve como objetivo caracterizar os principais fatores ambientais que podem influenciar na dinâmica de transmissão de leishmanioses na aldeia, e determinar como esses fatores interagem. As coletas dos espécimes de flebotomíneos foram realizadas de dezembro de 2008 a novembro de 2009, com armadilhas luminosas tipo CDC e armadilhas de Shannon nas cores branca e preta. Foi registrada a presença de vetores reconhecidos na transmissão de leishmaniose tegumentar (LT) – Nyssomyia whitmani, Migonemyia migonei, Nyssomyia neivai, Pintomyia pessoai e de leishmaniose visceral (LV) – Lutzomyia longipalpis, tanto no interior de residências quanto no peridomicílio. Os vetores de leishmaniose ocorreram com maior abundância no ambiente antrópico. No ambiente de mata foi registrado positividade para o gênero Leishmania pela reação em cadeia da polimerase (PCR), nas espécies Nyssomyia whitmani, Pintomyia pessoai, Psathyromyia shannoni, Psathyromyia punctigeniculata, Evandromyia cortelezzii, Pintomyia christenseni e Brumptomyia galindoi. Foi encontrada uma associação de preferência na composição e abundância das espécies de flebotomíneos com os ecótopos de coleta (mata, residências, hospital), verificando-se variação na composição de espécies e sendo o ambiente de mata o que apresentou maior diversidade. Existe a possibilidade de que a transmissão de Leishmania possa ser influenciada pela presença de residências próximas de vegetação arbórea e pela composição de espécies. O risco de transmissão reflete a necessidade de implementação de atividades de prevenção das leishmanioses e controle dos flebotomíneos.Item Morbidade por esquistossomose mansônica nas terras indígenas Maxakali e Xakriabá, Minas Gerais(2014) Nicolato, Aline Joice Pereira Gonçalves; Marinho, Carolina Coimbra; Coelho, George Luiz Lins MachadoA morbidade por esquistossomose nas populações indígenas Maxakali e Xakriabá, habitantes de áreas endêmicas para a doença no Estado de Minas Gerais, não é conhecida. Os objetivos deste trabalho foram determinar a prevalência e a carga parasitária da infecção por Schistosoma mansoni por intermédio do exame parasitológico de fezes, e a gravidade das formas da esquistossomose mansônica por exame clínico e ultrassonográfico e investigar sua associação com as características clínico-epidemiológicas específicas de cada população indígena. Foram realizados o exame clínico e ultrassonografia abdominal em todos os indivíduos com mais de quatro anos de idade, na população Xakriabá; e naqueles com mais de 15 anos de idade do sexo masculino, na população Maxakali. A avaliação ultrassonográfica foi realizada conforme protocolo da Organização Mundial da Saúde. Na Terra Indígena (TI) Xakriabá (n=148) foi encontrada prevalência de 26,7% da infecção por esquistossomose, e carga parasitária moderada (194,2 ovos por grama de fezes). A média de idade dos infectados foi 12,5 anos. Foi diagnosticada fibrose periportal em 28,6% dos indivíduos, com predomínio das formas leves. Foram identificadas as formas hepatintestinal e hepatesplênica em 38,4% e 0,7% das pessoas examinadas, respectivamente. Na TI Maxakali (n=149), foi encontrada fibrose periportal em 8,3% dos indivíduos avaliados, com prevalência de 6,9% e 1,4% das formas hepatintestinal e hepatesplênica, respectivamente. As populações estudadas caracterizaram-se por alto risco de infecção e presença de formas hepáticas graves.Item Parasitos intestinais na comunidade indígena Xavante de Pimentel Barbosa, Mato Grosso, Brasil(2010) Silva, Gabriela Mendes Vieira; Araújo, Adauto José Gonçalves de; Coimbra Junior, Carlos Everaldo AlvaresNeste trabalho são apresentados os resultados da pesquisa conduzida entre os Xavante, da aldeia Pimentel Barbosa ou Eteñitepa, Mato Grosso, no mês de julho de 2006. Foram analisadas 196 amostras de 565 habitantes residentes em 34 domicílios. As amostras foram analisadas para detecção de helmintos, protozoários e diferenciação de DNA do complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, utilizando diferentes técnicas, específicas para cada objetivo. Do total de exames realizados, 61,2% da população apresentou resultado positivo para helmintos, protozoários e as espécies que mais se destacaram foram Ascaris lumbricoides (23,5%), Hymenolepis nana (20,4%) e Entamoeba coli (31,6%). Foram encontradas 11 espécies de parasitos diferentes. A prevalência encontrada para os helmintos foi 40,3%, e para protozoários 35,7%. As amostras inicialmente positivas à microscopia óptica para o complexo Entamoeba histolytica/ Entamoeba dispar resultaram em 7,7% de positividade, mas após testes com PCR não foram possíveis resultados conclusivos. Comparando estes resultados com inquéritos de anos anteriores nos Xavante, observa-se que as parasitoses intestinais têm caráter endêmico.Item A pandemia da COVID-19 no território Guarani M'Bya - Polo Base de Florianópolis(2021) Passos, Henrique Schlossmacher; Assis, Glaucia de OliveiraEste trabalho buscou analisar a situação de saúde do povo guarani M’byá durante a pandemia de covid-19 e as ações de saúde realizadas no enfrentamento dela nas aldeias da área de abrangência do Polo Base de Florianópolis do Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul. Trouxe como premissas para investigação desse objeto de estudo o contexto da saúde indígena no Brasil, a perspectiva de vulnerabilidade em saúde das populações indígenas e a importância de se compreenderem as relações entre território e saúde para a elaboração e aprimoramento de políticas públicas de saúde indígena. A partir de uma metodologia de revisão documental e observação direta como agente do objeto de pesquisa, foi feito um levantamento das reivindicações do movimento indígena e das medidas governamentais tomadas, das vulnerabilidades em saúde frente à pandemia e das ações de política pública de saúde indígena no território durante o período da pesquisa. Esta pesquisa mostra que as ações de saúde realizadas no território foram limitadas pela má gestão nacional, pelas insuficiências históricas do SASI-SUS e por um modelo de atenção à saúde que ainda traz muito pouco à prática os elementos de uma atenção diferenciada à saúde indígena que efetivamente considere aspectos específicos da territorialidade e da saúde guaraniItem Acompanhamento clínico e terapêutico de pacientes com leishmaniose tegumentar americana na terra indígena Xakriabá, São João das Missões, Minas Gerais/Brasil, 2008 – 2010.(2011) Freire, Janaina de Moura; Gontijo, Célia Maria FerreiraA comunidade indígena Xakriabá, localizada no município de São João das Missões, norte de Minas Gerais/Brasil, tem registrado casos de leishmaniose tegumentar americana (LTA) desde 2001. O presente estudo teve como objetivo descrever os casos identificados desde Junho de 2008 a setembro de 2010 , bem como acompanhar a evolução a evolução clínica dos casos até 12 meses após o fim do tratamento. Os casos suspeitos foram identificados em um levantamento da população e pelos agentes de saúde indígenas. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os pacientes foram entrevistados e avaliados clinicamente, e as informações foram registradas em questionários estruturados e pré-codificados. O diagnóstico foi confirmado por testes intradérmicos de reação (IDR), exames parasitológicos ( exame direto, fragmento de biópsia ou aspirado cultura e técnicas moleculares ( PCR- RFLP). Os diagnósticos confirmados foram aqueles que testou positivo para pelo menos um dos testes. Hematológica , testes bioquímicos e eletrocardiograma (ECG) foram realizados antes, durante e no final do tratamento com antimónio pentavalente meglumina. Doses de 15 mg/kg/dia durante 20 dias (leishmaniose cutânea) e 20 mg/kg/dia durante 30 dias ( leishmaniose mucosa) foram utilizados . Entre os 94 pacientes com lesões cutâneas avaliadas, 89 foram confirmados como LTA e 60 tratados e monitorados. os casos vieram de cinco áreas existentes, com maior ocorrência nas áreas conhecidas como "Brejo Mata Fome" (47,5% casos) e "Itapicuru" ( 43,8% dos casos). A distribuição dos casos foi semelhante entre os homens (51,7%) e mulheres (48,3%) . Idade dos pacientes variou de 1 a 72 anos, com a mediana de 18 anos. Os casos ocorreram predominantemente entre os trabalhadores rurais que ganham menos de um salário mínimo. Maioria dos pacientes apresentava lesões atípicas (70,1%) e uma única lesão (60,7%). O tempo entre o início da lesão eo diagnóstico variou de menos de um mês até 72 meses. Não houve contra-indicações para o uso de antimônio pentavalente. Sessenta pacientes foram tratados e, após o 20 º dia, 24 (40,0%) apresentavam lesões que foram completamente epitelizadas enquanto outros apresentaram os parcialmente cicatrizadas. Esses dois grupos foram comparados por características demográficas, co-infecções, número, tamanho, aparência e localização das lesões, tempo de início dos sintomas, infecções bacterianas, uso de medicamentos caseiros ou comerciais, tamanho de endurecimento, a descontinuidade do tratamento , resultados de testes de diagnóstico e genótipos de Leishmania braziliensis. Após 20 dias de tratamento, epitelização completa esteve associada a lesões parcialmente epitelizadas no primeiro exame clínico (OR = 6,5, IC 95 % = 2,0-21,7) e infecção bacteriana (OR = 0,1, IC 95 % = 0,0-0,7) . Uma avaliação realizada 90 dias após o final do tratamento indicou que 44 pacientes (73,3%) apresentaram lesões completamente epitelizadas. Quando estes pacientes foram comparados aos com lesões não-cicatrizadas houve uma associação entre a falha do tratamento e LTA anterior no passado (OR = 8,2, IC 95% = 1,5-46,3), uso de medicação caseira (OR = 7,10 , IC 95 % = 1,6-71,9) e tempo de início dos sintomas superior a 8 meses (OR = 6,3, IC95% = 1,1-36,7). Seis ( 10%) recidivas foram observados casos. Entre os 60 pacientes tratados, 35 não havia completado um ano de monitoramento, no momento da análise de dados. Esperamos que com este estudo possa ampliar o conhecimento a respeito de LTA e contribuir para a melhoria do diagnóstico e tratamento da a doença na comunidade indígena Xakriabá.Item Análise geoestatística de doenças na população indígena no Amapá e norte do Pará(2016) Souza, João Marcos Seixas Alves; Baltatu, Ovídiu Costantin; Baltatu, Luciana Aparecida CamposO estudo apresenta dados quantitativos sobre as causas de morte de índios no Amapá e Norte do Pará, atendidos pelo DSEI-AP/FUNAI. O objetivo deste estudo foi analisar as causas de morte de índios no Amapá e Norte do Pará e em seguida referenciar geograficamente essas informações elaborando o Mapa de Saúde Indígena. O trabalho com as causas de mortalidade indígena, levando em consideração os três anos de estudo retrospectivo, apontou no levantamento de dados no DSEI-AP e Norte do Pará o número total de 93 casos de mortes de indígenas nos anos de 2008, 2009 e 2010 nos 6 Pólos estudados. O índice de prevalência demonstrou que nos anos de 2008, 2009 e 2010 os casos de DAR (Doenças do Aparelho Respiratório) junto com os casos de diagnósticos mal definidos foram os mais prevalentes (47,4%). Os casos de DAR foram de alta prevalência na maioria dos polos indígenas estudados: Manga (28,6%), Bona (27,3%), LAI (27,3%), Aramirã (28,6%), Kumarumã (26,1%), Kumenê (22%). Houve ainda a manifestação das ocorrências do grupo de doenças não bem definidas responsáveis por mortes indígenas. Observa-se que esta população tem morrido mais em virtude de doenças infecto-contagiosas do que doenças crônicas, o que traz um diferencial entre a população geral e mesmo urbana no brasil, pois ao contrário, os maiores causadores de mortes no país e nas populações urbanas são por causas crônicas como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, câncer, insuficiência renal crônica. Com relação à alta prevalência de mortes por causas mal definidas, observamos uma redução nos casos de mortes com variação de 31,3% em 2008 para 13,6% em 2010, o que indica melhora nas condições de vida como a melhora no acesso à saúde para a população de índios no Amapá e Norte do ParáItem Diagnóstico molecular de infecção malárica em aldeias indígenas ianomâmis(2016) Robortella, Daniela Rocha; Carvalho, Luzia Helena; Souza, Tais Nóbrega deNos últimos anos, a incidência de malária no Brasil vem reduzido significativamente, particularmente, em virtude das medidas de controle. Neste novo cenário, faz-se necessário identificar e tratar a malária submicroscópica, uma vez que estes indivíduos constituem fonte de infecção para o mosquito vetor. Neste contexto, nosso grupo de pesquisa vem aprimorando o diagnóstico molecular de malária e, recentemente, padronizou uma reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), altamente sensível, para a detecção de alvos não ribossomais (Pvr47 e Pfr364) dos plasmódios. Baseado nestes achados, o objetivo do presente trabalho foi investigar a malária subpatente em tribos indígenas de povos Ianomâmis, onde as baixas parasitemias parecem ser frequentes. A população de estudo foi constituída de indivíduos pertencentes a cinco aldeias ianomâmis do Polo Base Marari, estado do Amazonas. O estudo envolveu dois cortes transversais, sendo realizados nos meses de setembro (primeiro corte transversal) e novembro (segundo corte trans versal) de 2014. Foram incluídos no estudo um total de 914 indígenas, com cerca de 1590 amostras de sangue coletadas em papel de filtro. Para o diagnóstico molecular de malária, quatro diferentes protocolos de PCR foram utilizados, sendo três baseados em alvos ribossomais (18S rRNA) e um em alvos não ribossomais (Pvr47/Pfr364) dos plasmódios. Os resultados aqui obtidos permitiram demonstrar que os alvos Pvr47/Pfr364 foram os mais sensíveis para o diagnóstico de malária submicroscópica, embora não se mostraram adequados para o diagnóstico de espécie. Dentre os protocolos baseados no gene 18S rRNA aqui utilizados (Nested-PCR, RT-Mangold e RT-Rougemont), a Nested-PCR (método molecular de referência) se mostrou mais apropriada para o diagnóstico específico das infecções maláricas submicroscópicas. Em conjunto, este estudo de infecção malárica em populações ianomâmis permitiu demonstrar que: (i) enquanto 0,9% das amostras foram positivas pela microscopia ótica (MO), diagnóstico de rotina, os protocolos moleculares identificaram 7,8% de postividade; (ii) P. vivax foi a espécie predominante, seguido do P. malariae e P. falciparum em proporções similares; (iii) a positividade por malária diminuiu com a idade (crianças>adolescentes>adultos) e foi influenciada pelas variações sazonais (setembro>novembro); (iv) a prevalência de malária variou significativamente nas diferentes aldeias, sugerindo que a doença não está homogeneamente distribuída na área de estudo. Espera-se que os resultados aqui obtidos possam contribuir para o direcionamento e monitoração de medidas de controle em reservas indígenas, bem como estimar a real incidência de malária nas áreas sob vigilância epidemiológica.Item Hanseníase em indígenas no Brasil no período de 2001 a 2011(2014) Teófilo, Jullyana da Silva; Santos, Marina Atanaka dos; Santos, Emerson Soares dosA hanseníase é uma doença que acomete cerca de 0,4 milhões de pessoas no mundo, esta tem sido frequente na população indígena em geral (sobre a qual há poucos estudos). O maior contato interétnico gerou a proliferação de endemias de doenças transmissíveis entre os indígenas, dentre elas a hanseníase. Objetivo geral: Analisar a ocorrência de hanseníase em indígenas no Brasil entre os anos de 2001 e 2011. Métodos: Estudo ecológico baseado em um banco de dados secundários de casos novos de hanseníase declarados indígenas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no período entre 2001 e 2011 no Brasil. Estimou-se a população indígena através do método de Progressão Geométrica, a partir de dados do Censo 2000 e 2010 por microrregiões, mesorregiões e municípios. Estes foram divididos em três períodos (2001-2004, 2005-2008 e 2009- 2011) na elaboração dos mapas. Calculou-se a taxa de detecção da hanseníase e para todas as taxas anuais que são mostradas por região e estado foram calculadas por médias móveis de três anos. Os parâmetros de classificação das taxas de detecção, avaliação e Grau II de incapacidade, foram baseados aos preconizados pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela Portaria nº 3.125, de 7 de outubro de 2010. A análise da distribuição espacial do agravo foi feita pela distribuição de casos por município, utilizando o Teste de Moran. A visualização das áreas foram realizadas através de mapas do coeficiente de detecção da hanseníase, Box Map e Moran Map entre os anos de 2001 e 2011. Resultados: As regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentam as maiores taxas de detecção de hanseníase em indígenas, principalmente no período entre 2005-2008 com 4,41 e 2,61 casos/10.000 habitantes, respectivamente. Dos 1.476 casos, 841 ocorreram no sexo masculino (56,98%) e 518 foram multibacilares. Houve maior frequência em maiores de 15 anos e residentes em área urbana. O Box Map da mesorregião indicou um aumento das áreas de maior prioridade de controle Q(+/+) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Quatro mesorregiões dos estados de Pernambuco e Sergipe eram da área Q(+/+) entre 2001 e 2004 e se tornaram Q(-/-) nos demais períodos. O Box Map da microrregião aponta uma tendência diminuição das áreas de maior Q(+/+) e menor prioridade Q(-/-). Quatro microrregiões que eram de classificação baixa e da área de menor prioridade Q(-/-) entre 2001 e 2004 passaram para a classificação hiperendêmica e para a área de maior prioridade Q(+/+) nos dois últimos períodos. Dezessete microrregiões hiperendêmicas permaneceram nesta classificação nos três períodos e três destas migraram para área de maior prioridade Q(+/+), uma no Maranhão entre 2005 e 2008 e duas no Maranhão e Pará, entre 2009 e 2011. Conclusões: Os resultados encontrados nesse estudo mostram a relevância da hanseníase na população indígena, evidenciam uma situação endêmica e remetem a um problema de saúde pública. A distribuição espaço-temporal da hanseníase na população indígena é de tamanha importância para tomada de decisões, pois permite uma melhor visualização etnoepidemiológica da doença.Item Avaliação dos serviços de saúde indígenas e não indígenas no controle da tuberculose(2014) Lemos, Everton Ferreira; Croda, Julio Henrique RosaItem Aspectos epidemiológicos da malária por Plasmodium vivax no Brasil(2013) Viana, Dione Viero; Santos, Marina Atanaka dosItem Marcadores de enteropatogenicidade em amostras de Escherichia coliisoladas de crianças indígenas - etnia Guarani, Sul do estado do Rio de Janeiro(2013) Coelho, Carla Verçoza Lopes; Mangia, Adriana Hamond Regua; Périssé, André Reynaldo SantosItem Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e as Leishmanioses na Terra Indígena Xakriabá, Minas Gerais, Brasil(2013) Rêgo, Felipe Dutra; Gontijo, Célia Maria FerreiraAs leishmanioses são protozooses de alta prevalência em regiões tropicais como o Brasil e são transmitidas por vetores flebotomíneos, cujos hospedeiros são compostos por diferentes espécies animais vertebrados. O objetivo deste trabalho foi estudar os aspectos entomológicos relacionados à epidemiologia das leishmanioses na aldeia Imbaúbas da Terra Indígena Xakriabá, Município de São João das Missões, Minas Gerais. Durante o período de julho de 2008 a julho de 2009 foram realizadas seis coletas de flebotomíneos sendo dispostas 40 armadilhas luminosas no peridomicílio de 20 casas sorteadas aleatoriamente. Entre outubro de 2011 a agosto de 2012 foram realizadas seis campanhas de captura de flebotomíneos e 20 armadilhas luminosas foram distribuídas em 4 trilhas (cinco armadilhas por trilha) previamente demarcadas para estudo de hospedeiros silvestres e sinantrópicos de Leishmania. Foram utilizados testes estatísticos para avaliar diferenças no padrão de distribuição de espécies, riqueza e abundância de flebotomíneos nos diferentes ecótopos. Um total de 8.046 flebotomíneos pertencentes a 28 espécies e 11 gêneros foram coletados e identificados. As spécies Lutzomyia longipalpise Nyssomyia intermediaforam as mais abundantes no peridomicílio enquanto Martinsmyia minasensise Lutzomyia cavernicolaas mais abundantes nas trilhas de coleta. As fêmeas foram dispostas em "pools" contendo no máximo dez espécimes da mesma localidade, espécie e data de coleta para pesquisa de DNA de Leishmania spp. por métodos moleculares. A identificação da espécie de Leishmaniafoi feita a partir da técnica de ITS1PCR-RFLP utilizando a enzima HaeIIIe o sequenciamento genético para um alvo do gene SSUrRNA. Foi possível detectar a presença de DNA de Leishmaniaem 11 amostras provenientes do peridomicílio: Lu. longipalpis (2), Ny. intermedia(4); Lu. renei(2); Lu. ischnacantha; Micropygomyia goiana e Evandromyia lenti. Com relação às trilhas, foi possível verificar a presença de DNA de Leishmania em 12 amostras: Mt. minasensis (5); Ny. intermedia(3); Mi. peresi(2); Mi. capixabae Ev. lenti. Os resultados obtidos reforçam a importância epidemiológica das espécies Lu. longipalpise Ny. intermediana transmissão da leishmaniose visceral e tegumentar respectivamente, além do encontro de outras espécies com DNA de Leishmania como Mt. minasensise Ev. lenti que podem participar de um ciclo silvestre e/ou sinantrópico de Leishmania na área de estudosItem Análise da soroprevalência da hepatite A em povoados de Tocantinópolis e índios Apinajé em Tocantins - Brasil(2013) Oliveira, Guilherme de Macêdo; Paula, Vanessa Salete deA hepatite A é uma doença hepática aguda, causada pelo vírus da hepatite A (HAV), um vírus de RNA da família Picornaviridae com transmissão fecal-oral. Atualmente, o Brasil apresenta um padrão de endemicidade intermediária da doença. Normalmente, a doença possui curso autolimitado e é benigna, porém existem formas graves que podem causar insuficiência hepática aguda em 0,01% dos casos. Além de medidas sanitárias, outro método importante de prevenção é a utilização de vacinas inativadas, esta porém só é utilizada na imunização de grupos de risco. É conhecido o elevado risco de infecção pelo HAV em comunidades nativas no mundo, no entanto, poucos trabalhos abordam este tema em comunidades indígenas do Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de hepatite A em aldeias e povoados pertencentes a reserva Apinajé, Tocantinópolis/TO. Foram analisadas 799 amostras sorológicas para anti-HAV total, sendo 358 indígenas e 441 dos povoados locais, em onze comunidades geograficamente separadas. Para tal, utilizou-se o Kit imunoenzimático comercial da marca Diasorin®. A prevalência total de anti-HAV na população estudada foi de 85,5 %. A localidade que apresentou maior prevalência foi a Aldeia Girassol (95,5%) Observou-se o aumento da prevalência de anti-HAV com o envelhecimento da população, sendo menor a prevalência (32,7%) observada no grupo etário mais jovem (0-2 anos) e maior prevalência (100%) acima dos 40 anos de idade. Observa-se que, entre os indígenas, 84,87% possuem anti-HAV reagente e nos povoados 85,97%, não havendo diferença ao comparar estas prevalências. Observamos que 39% das crianças até 12 anos estão sob risco de adquirir a doença, e até os 5 anos este número sobe para 59%, logo, a população média suscetível à hepatite A é baixa por situar-se entre a faixa de 5 à 14 anos. A reserva Apinajé apresenta prevalência intermediária de anti- HAV, tanto nas aldeias quanto nos povoados. Em relação a tendência de soroconversão de hepatite A, nas aldeias isto ocorre com maior frequência durante a transição da fase pré-escolar para escolar, enquanto que nos povoados este risco se dá entre a fase escolar e a adolescência. A prevalência encontrada em crianças e adolescentes reforça a possibilidade da implementação da vacina contra hepatite A no calendário infantilItem Saberes, espaço e recursos em saúde: práticas de autoatenção frente aos adoecimentos em crianças Kaingáng da terra indígena Xapecó, Santa Catarina(2012) Oliveira, Ewerton Aires de; Diehl, Eliana ElisabethAmparado por um referencial teórico da antropologia da saúde, que destaca os elementos envolvidos no processo saúde-doença-atenção a partir da perspectiva dos sujeitos e grupos sociais, e por uma metodologia qualitativa, esse trabalho buscou identificar as atividades de autoatenção nos adoecimentos em crianças Kaingáng da Terra Indígena Xapecó (TIX), oeste de Santa Catarina. Os dados foram obtidos de setembro a dezembro de 2011, por meio de observação participante, entrevistas semiestruturadas, narrativas e conversas informais em três aldeias da TIX. Os resultados indicam que não há um único fator determinante no modo como esse grupo entende, diagnostica, vivencia e lida com as situações envolvendo alterações no estado de saúde das crianças, mas que existem vários fatores que exercem, recebem influência uns dos outros e determinam em que circunstâncias serão realizados encaminhamentos e o quê, como, por quem e onde será feito o encaminhamento. Ao mesmo tempo, esse conjunto de fatores recebe influência de um elemento principal, que são as maneiras como o grupo percebe o processo do adoecer, podendo ora aproximar-se, ora distanciar-se do que a biomedicina entende como doença. As atividades de autoatenção do grupo nas situações ligadas à saúde e ao adoecimento das crianças incluem os espaços do domicílio, da unidade básica de saúde (“postinho da aldeia”) e das igrejas. A escolha do(s) espaço(s) vai depender de uma série de fatores, entre os quais estão: o tempo de ação e da eficácia do recurso utilizado; o tipo de agravo; a relação ou não com pessoas conhecedoras de “remédios caseiros”, benzimentos e outras práticas curativas; e a orientação religiosa (basicamente dividida em ser crente ou ser católico), que determina diferentes tipos de recursos. Essa pesquisa traz elementos que dialogam com a noção de que as atividades de autoatenção desenvolvidas pelo grupo frente aos adoecimentos não são atos isolados, mas fazem parte de um processo amplo que envolve encontros, desencontros, aproximações, distanciamentos, apropriações, negociações e trocas entre as diferentes formas disponíveis de atenção à saúde. Estudos sob essa abordagem, que buscam apreender o ponto de vista dos sujeitos e grupos sociais, têm potencial contribuição para readequar e redirecionar as ações e serviços de saúde, bem como trazem elementos importantes para a capacitação dos trabalhadores em saúde.