Biblioteca Virtual de Saúde - Saúde dos Povos Indígenas

Este espaço virtual organiza o acúmulo de experiências do campo, apresentando, de forma clara e objetiva, informações para diferentes públicos, entre eles gestores, profissionais de saúde, estudantes e lideranças indígenas.

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Recent Submissions

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Suicídio em povos indígenas: caracterização epidemiológica e trajetória dos cuidados em saúde pública
(UFMG, 2020) Souza, Ronaldo Santhiago Bonfim de; Teodoro, Maycoln Leoni Martins; Teodoro, Juliana Alvares
O suicídio em comunidades indígenas caracteriza-se como um grave problema de saúde pública, pois o fenômeno apresenta uma multiplicidade de significados e uma multicausalidade culturalmente complexa, além de acarretar consequências vivenciadas pela comunidade com reflexo na assistência à saúde no território. O presente trabalho tem como objetivo entender o fenômeno do suicídio indígena brasileiro e descrever seu histórico de uso dos serviços ambulatoriais e hospitalares do SUS. Esta tese é composta de três estudos. O primeiro é uma revisão sistemática, que tem como objetivo sumarizar as evidências de pesquisas com recorte epidemiológico populacional publicadas no cenário nacional. Foram encontrados - por meio da busca nas bases de dados PubMed, SciELO, PsycINFO e LILACS - 111 artigos, e 9 preencheram os critérios de inclusão. Uma maior taxa de mortalidade por suicídio foi observada em pessoas do sexo masculino, solteiros, com 4 a 11 anos de escolaridade, na faixa etária de 15 a 24 anos, no domicílio, tendo como principal método o enforcamento. Os estudos demonstraram a necessidade de uma parceria com as comunidades para o desenvolvimento de estratégias, atentando para sua cosmovisão e os aspectos socio-historicoculturais de cada etnia, visando promover a valorização da vida e a prevenção do suicídio. O segundo estudo buscou descrever as características dos óbitos registradas no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) por suicídio indígena no período de 2000 a 2013, utilizando como desenho um estudo epidemiológico, de caráter descritivo, investigativo e seguindo uma abordagem quantitativa dos dados. Foram constatados 1.119 óbitos, com uma taxa de 10,52 a cada 100 mil habitantes, com taxas maiores encontradas entre os homens (2,5 vezes maior do que entre as mulheres), entre indígenas de 15 a 24 anos (27,78/100 mil hab.) e na região Centro-Oeste (34,07/100 mil hab.), com maior frequência entre solteiros, no domicílio e com o enforcamento como principal método. Este resultado demonstrou a pluralidade do fenômeno e suas características, reforçando a necessidade da realização de estudos por etnias para se conhecer e aprofundar nos fatores de risco para o suicídio em cada povo. O terceiro estudo buscou conhecer as características da população de indígenas do DSEI MG/ES que vieram a óbito por suicídio, por meio dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais realizados no SUS. Foi conduzido um estudo retrospectivo no período de 2008 a 2013, tendo em vista o histórico de atendimentos ambulatoriais e hospitalares no SUS desde o ano 2000. Quatorze óbitos por suicídio foram registrados, com uma taxa alta (25,43/100 mil) e somente uma etnia identificada, os Xacriabá, tendo somente três indivíduos com procedimentos no SIH/SUS e somente um no SIA/SUS. Isso deixa clara a necessidade da qualificação dos profissionais de saúde e da produção de informações em saúde no contexto indígena para efetivação da PNSI, além da necessidade da realização de novos estudos que abordem outros olhares sobre o suicídio e a valorização da vida nas aldeias.
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A força comunitária indígena: reflexões com os Xakriabá no Brasil em tempos de Covid-19
(Universidade de Bolonha, 2021) Andrade, Rebeca Cássia de; Gomes, Ana Maria Rabelo; Campos, Marden Barbosa de
O artigo apresenta um quadro sobre o primeiro ano de pandemia no cenário brasileiro em interlocução e atuação junto aos povos indígenas. A constante desconstrução de políticas públicas e as reiteradas agressões às minorias no país são agravadas pelos deslocamentos provocados pela disseminação da Covid19. Diante deste difícil contexto, apresentamos uma reflexão sobre nossa experiência com o povo indígena Xakriabá. Procuramos contribuir para a compreensão dos processos aos quais estamos todos submetidos para buscar alianças capazes de oferecer alternativas e direções de ação frente a tal quadro
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Direitos indígenas em disputa: Vacinação dos povos indígenas do Brasil durante a pandemia de COVID-19
(Universidade Federal de Minas Gerais, 2023) Lage, Clarice Rizzi; Araújo, Marcelo Grossi; Ribeiro, Maria Mônica Freitas
Essa pesquisa teve como objetivo geral analisar como se desenvolveram as políticas públicas relacionadas à vacinação contra a COVID-19 para os povos indígenas do Brasil, durante os dois primeiros anos da pandemia. Buscou-se identificar as contradições presentes no processo de vacinação, observar a contradição no discurso entre os poderes, verificar a posição das fontes jornalísticas de circulação nacional sobre o tema e identificar os processos de lutas indígenas durante a pandemia de COVID-19 no período avaliado. A metodologia utilizada foi a análise documental, fundamentada em documentos públicos e jornalísticos de circulação nacional que tratassem do tema durante o período de março de 2020 a março de 2022. Como fonte de pesquisa foram utilizados dois jornais: Folha de São Paulo e Estadão, além de documentos do Ministério da Saúde. Os documentos analisados revelaram disputas de narrativas que aconteceram durante o processo de garantia do direito à vacinação. A pandemia da COVID-19 ampliou as iniquidades sociais e, quanto aos povos indígenas, trouxe perdas humanas e de conhecimentos tradicionais imensuráveis. O Governo Federal, que deveria assegurar estes direitos, esteve na contramão desse processo, com falhas de gestão na organização logística da distribuição e aplicação de vacinas. Evidenciou-se o impacto das fake news, contribuindo para atraso da cobertura vacinal dos povos indígenas, como também para a recusa da vacinação. O Ministério da Saúde, ao não considerar a interculturalidade e a multiplicidade cultural e étnica, delegou às equipes de saúde local e comunidades indígenas o protagonismo de algumas ações de sucesso na vacinação. Os documentos ainda revelam que houve mobilização dos povos indígenas, apoiados por partidos de oposição e sociedade civil, no sentido de garantias de seus direitos, exemplificado por disputas jurídicas históricas como a ADPF 709. As principais limitações deste trabalho estão no número reduzido de fontes jornalísticas consultadas e na desproporção entre os núcleos temáticos nessas fontes. O processo de busca dos documentos do Ministério da Saúde apresentou vários entraves, desde falta de alguns documentos, desorganização no site de busca e até dificuldades nas ferramentas de busca, o que pode ter resultado em falta de documentos na análise.
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Controle social na saúde indígena: A experiência da OPAN em Brasnorte, MT
(OPAN, 2013) Operação Amazônia Nativa
No âmbito e contexto das Conferências Nacionais de Saúde Indígena e no processo de ampliação das ações que o Estado brasileiro oferecia em consequência das mesmas, a OPAN foi procurada pelo Ministério da Saúde, via DESAI/Funasa, em 1999, para contribuir de maneira inicial no estabelecimento de serviços de saúde que chegassem até as aldeias como serviços que pudessem ser caracterizados como atenção primária de saúde . Esse conjunto de quatro trabalhos constitui-se como uma retrospectiva histórica da execução dos serviços pela conveniada, quanto da perspectiva demográfica, epidemiológica, antropológica e nutricional desses povos resultante da organização e execução dos serviços a eles (e com eles) prestados
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Interferência política na saúde indígena prejudica atendimento e gera conflito de interesses
(Transparência Brasil, 2023-03) Sakai (Coord.), Juliana
O relatório investiga a indicação política dos coordenadores dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). O DSEI Yanomami foi analisado como estudo de caso, especificamente a gestão do ex-coordenador Rômulo Pinheiro de Freitas e sua relação com o senador por Roraima Antônio Mecias Pereira de Jesus (Republicanos-RR). Conexões suspeitas entre o senador Mecias de Jesus e coordenadores do DSEI Yanomami estão no centro da crise sanitária da etnia.