ASMT - Dissertações de Mestrado

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    Saúde e Doença entre os Índios Mura de Autazes (Amazonas): processos socioculturais e a práxis da auto-atenção.
    (Universidade Federal de Santa Catarina, 2007) Scopel, Daniel
    Esta dissertação é uma etnografia que trata da experiência de adoecer e curar-se, a partir de conceitos analíticos propostos pela Antropologia da Saúde. O objetivo é compreender como a sociedade Mura de Autazes (Amazonas) vivencia a hanseníase e os contextos em que essa experiência decorre. Trata-se de uma etnografia que procura situar experiências individuais e coletivas da doença em um quadro descritivo geral da sociedade Mura, cuja população é de 7.629 habitantes, distribuída em 27 aldeias. Destaca-se que, para a Organização Mundial de Saúde, a hanseníase é um problema de saúde pública no Brasil e o estado do Amazonas é classificado como hiper-endêmico pelo Ministério da Saúde. Do ponto de vista indígena e de suas lideranças, a hanseníase insere-se como problema e preocupação dentro de um conjunto de doenças, cujos diagnósticos e tratamentos relacionam-se diretamente com o Serviço de Saúde Estatal, ainda que, entre os Mura de Autazes, o número absoluto de casos de hanseníase seja pequeno (apenas 3 indivíduos estavam em tratamento no ano de 2006). Os dados apresentados e analisados foram obtidos através de trabalho de campo percorrendo seis aldeias Mura a partir da observação participante e da realização de entrevistas. Estas foram realizadas não apenas com pessoas que estiveram doentes, mas também, com seus familiares, vizinhos, amigos, lideranças e especialistas Mura (pajés, parteiras e herbanários) e, ainda, com profissionais de saúde. Os resultados apontam para a articulação de concepções nativas com práticas biomédicas em que são evocadas causalidades nativas para hanseníase, embora seja o diagnóstico biomédico quem focaliza os sintomas da hanseníase. Há uma percepção nativa que distingue casos antigos e recentes pautada nas mudanças ocorridas na oferta e na forma de tratamento biomédico. A construção social da doença, em seu contexto, dentro das relações sociais Mura, está permeada pelas relações micro-políticas que são estruturadas em torno de relações de parentesco (reciprocidade e cosubstancialidade) estabelecendo e reestruturando estas mesmas relações.
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    Nascimento na sociedade Bororo: Saberes e fazeres no tecer do corpo da mulher
    (2015) Medeiros, Renata Marien Knupp; Grando, Beleni Saléte
    Nota-se, nos últimos anos, uma maior afluência de gestantes indígenas para dar à luz nos centros urbanos. Contudo, observa-se que, na lógica hegemônica de funcionamento do sistema hospitalar, pautado no modelo biomédico, a atenção oferecida ao parto e nascimento contrasta com as práticas tradicionais indígenas e com a forma como os corpos são percebidos nas suas diferentes culturas. Atualmente, vivem em Mato Grosso (MT) 42.525 indígenas pertencentes a 43 diferentes povos. Nesse contingente, o povo Bororo soma 2.348 indivíduos e têm seus territórios localizados em cinco diferentes municípios. O presente estudo teve como objetivo compreender os processos de educação tradicional inscrita no corpo Bororo no que se refere à concepção, gestação, parto e pós-parto. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo etnográfica, que integra a linha de pesquisa Movimentos Sociais, Política e Educação Popular do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT. Para a coleta de dados, utilizou-se da observação participante, diário de campo e entrevistas etnográficas. O sujeito foi a população Bororo da aldeia de Córrego Grande, localizada no município de Santo Antônio do Leverger-MT. Com base nos contatos realizados neste espaço, houve a indicação de mulheres que vivenciaram a gestação e o parto, bem como anciãos e anciãs que educam e cuidam destas mulheres. De posse do material coletado, os dados foram organizados em duas categorias principais. A primeira delas refere-se aos processos de educação tradicional, que se inscrevem no corpo Bororo antes, durante e após o período gestacional, e a segunda trata das práticas biomédicas introduzidas após a institucionalização do parto Bororo. Os resultados obtidos indicam que o processo de educação do corpo Bororo é contínuo e ocorre no coletivo da aldeia, sendo transmitido por meio da oralidade, corporeidade e observação, sendo facilitada pela relação intergeracional. Durante o período gravídico-puerperal, a educação Bororo dedica-se a tecer corpos saudáveis, o que está relacionado com o ensinamento de valores morais e éticos, e o faz mediante a prática de resguardos e um conjunto de prescrições e proibições que, se não cumpridas, podem afetar a saúde dos pais e da criança, além de impactar o desenvolvimento da pessoa. Após o contato com o modelo médico oficial, a população Bororo passou a acessar tanto os saberes tradicionais como os saberes biomédicos no que se refere à concepção, gestação, parto e pós-parto. Contudo, o crescente processo de medicalização têm gerado incompreensões, principalmente pelas contradições existentes entre a atenção hospitalar oferecida e as expectativas dessa sociedade. O fato de algumas práticas tradicionais não serem mais realizadas atualmente, em substituição a outras, típicas do modelo biomédico, leva à percepção, entre os Bororo, de que o corpo de hoje não é o mesmo de antigamente. Assim, a presente pesquisa pretende trazer contribuições para que se possa questionar a prática hegemônica do atual modelo de atenção ao parto, bem como oferecer subsídios para a reflexão crítica da importância e necessidade do estabelecimento de um diálogo intercultural na atenção à saúde indígena, em especial aquela destinada ao ciclo gravídico puerperal.
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    Ayahuasca, identificando sentidos: o uso ritual da bebida na União do Vegetal
    (2010) Souza, Valdir Mariano de; Ferretti, Sérgio Figueiredo
    Essa dissertação, através de uma abordagem sócio-etnográfica, realiza um estudo sobre o uso ritual da Ayahuasca (chá enteógeno), buscando identificar “sentidos” e significados atribuídos por seus usuários, a fim de compreender o significado das experiências vividas com o uso da bebida. Refere-se à história do Mestre José Gabriel da Costa e à fundação da União do Vegetal, bem como à sua estrutura e organização. Quanto ao uso ritual da Ayahuasca abordam-se os seguintes temas: aspectos farmacológicos, trajetória da legalização e os efeitos do chá para aqueles que o bebem (burracheira, peia, mirações), analisa o princípio da força da palavra e o aperfeiçoamento espiritual dos participantes. Ao abordar o princípio da eficácia simbólica, trata-se do aspecto curativo do chá e correlacioná-lo com a cura xamanística, analisando-se o sentido simbólico que este tem para os seguidores da UDV, neste caso aponta-se a existência de ambigüidades entre doutrina e prática. Percebe-se que a União do Vegetal, embora em sua gênese tenha como fundador um homem que exerceu atividades de cura, tem sua própria forma de compreender a relação entre as categorias doença e saúde e não possui sessões destinadas à cura, como outras religiões e grupos que fazem uso da Ayahuasca; bem como, estimula e aconselha os enfermos a buscarem os meios convencionais (medicina científica) para tratamento de suas disfunções. Não apóia ou incentiva a cura ou práticas semelhantes; preocupa-se com o equilíbrio do ser humano como um todo; crendo que mais importante que a “cura da matéria” é a do espírito
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    Nem injeção e nem xabori: reflexão sobre trabalhos de saúde mental em contextos indígenas de Roraima
    (2018) Vieira, Edilaise Santos; Moreira, Elaine
    Serviços de Saúde Mental
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    Os caminhos da cura: Uma etnografia de itinerários terapêuticos e da prestação de serviços de saúde entre os índios Krahó do estado do Tocantins
    (2002) Cruz, Hévila Peres da; Langdon, Esther Jean
    Este é um trabalho realizado entre os índios Krahó, localizados no estado de Tocantins, Brasil. O tema da pesquisa é sobre a questão da saúde indígena, abordando em seus aspectos políticos, sociais e culturais, inseridos no contexto local. Esta é uma realidade na qual interagem várias opções terapêuticas organizadas em sistemas de saúde, das quais os índios fazem uso criativo no decorrer dos "itinerários terapêuticos". Além disso, procurou-se descrever a prática local da recém implantada política de assistência à saúde indígena, baseada no modelo diferenciado de atenção e no Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Apesar de não conclusivos, os dados apontam para problemas decorrentes da falta de adaptação à especificidades locais, o que compromete a qualidade n prestação de serviços por parte desse mesmo órgão
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    Signos de pobreza: Uma etnografia dos Hupd'äh e dos benefícios sociais no Alto Rio Negro
    (2017) Silva, Rafael Moreira Serra da; Luciani, José Kelly; Detourche, Jeremy Paul Jean Loup
    Esta dissertação tematiza o recente acesso da etnia Hupd’äh da região do alto rio Negro, no estado do Amazonas (Brasil), às políticas de inclusão social e cidadania do governo federal. Em especial à rede socioassistencial e ao programa Bolsa Família (PBF), - um benefício social de mitigação de desigualdades socioeconômicas -, ambas as políticas sob a responsabilidade do então Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Esta etnografia faz o exame tanto da elaboração e execução dessas políticas públicas a partir das articulações interinstitucionais envolvendo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o MDS, quanto investiga a relação dos indígenas Hupd´äh com a burocracia para acessar a documentação básica e os benefícios sociais no município amazonense de São Gabriel da Cachoeira. Desde o poder público, objetivo analisar a gestão dessas políticas dentro do Estado multicultural, e como isso afeta o ordenamento estatal segundo o princípio da impessoalidade administrativa, que fundamenta-se menos no tratamento da diferença do que da indiferenciação entre os cidadãos. A partir da literatura etnológica, discuto a relação desses indígenas com o poder público tomando como fio condutor as teorias elaboradas por Jorge Pozzobon (2011) sobre “mestiçagem de conceitos”, que entendo como um conjunto de imagens de pobreza e carência atribuída historicamente a essa população indígena, e a nonchalance (Pozzobon, 2011; Marques, 2011: XXIX), o caráter avesso a protocolos e planejamentos pelo qual os Hupd´äh foram definidos. Por fim, com esse exercício etnográfico viso problematizar a disposição anti-burocrática desse povo, e a interpretação da administração do Estado como uma entidade ordenada e regrada exclusivamente pela impessoalidade
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    Práticas dos cuidados de saúde na primeira menstruação da mulher Waíkhana de Santa Isabel do Rio Negro-AM: do passado ao presente
    (2019) Nery, Evelyn Teixeira; Zaneti, Izabel Cristina Bruno Bacellar
    A pesquisa tem o propósito de apresentar as experiências de mulheres indígenas de Santa Isabel do Rio Negro-Amazonas, a respeito das práticas dos cuidados no resguardo da primeira menstruação. Tem por objetivos: descrever as concepções de cuidados da mulher em relação à alimentação e práticas tradicionais no período de resguardo da primeira menstruação; verificar as práticas dos cuidados de saúde na primeira menstruação realizadas entre as mulheres indígenas Waíkhana, resgatando informações entre a mais velha e a mais nova; e identificar os fatores que influenciam a transmissão dos saberes tradicionais entre estas mulheres. A metodologia teve como base o acervo da pesquisadora: oralidade, conversação, entrevista, observação e anotações de campo diretamente do grupo familiar Waíkhana e das demais parentes envolvidas, que fazem parte por meio dos casamentos. Como parte do resultado da pesquisa, foi gerado um produto: livro guia da Kunhã Poranga/Kunhã Muku com informações sobre o resguardo no período da primeira menstruação para incentivar a valorização dos conhecimentos ancestrais e mostrar a importância das práticas de restrições dos afazeres e da alimentação da mulher indígena como ação que promove saúde e previne o aparecimento de determinadas doenças. É importante que toda sociedade não-indígena tenha o conhecimento dessas práticas e valorizem o que as mulheres indígenas realizam para manter uma boa saúde. Além disso, é significativo que saiba também que essas práticas de cuidados no período do resguardo são imprescindíveis na vida de qualquer mulher e deve ser repassado entre as gerações. Para isso, vamos conhecer e entender sobre alguns saberes indígenas, lembrando que cada povo tem seus conhecimentos e costumes. Portanto, as informações contidas aqui foram extraídas conforme a experiência da mulher Waíkhana e mulheres Tukana, Dessana, Tariana e Baré, que são antecessoras da família da pesquisadora.
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    Maloca das medicinas e sua relação com o pajé Arywka
    (2018-02) Apurinã, Alan Miguel Alves; Guimarães, Silvia Maria Ferreira
    Este estudo foi idealizado na fonte da nação Apurinã, e esculpido por um guerreiro da mesma etnia, buscando reconstituir a biografia de um dos grandes diplomatas do cosmo, das plantas medicinais da nação Apurinã, pajé Arywka, e compreender a partir da biografia dele à importância da maloca das medicinas para o povo Apurinã. Para isso, foi desenvolvido uma pesquisa baseada na característica do sujeito pesquisado, juntamente com a reprodução do dia a dia do pesquisador Apurinã. Neste sentido, visando melhor entendimento, é necessário conduzir o leitor para uma viagem ao mundo da Maloca das medicinas e suas dimensões que lá existe, e claro ao lado de seu grande maestro o xamã (Kusanaty/MỸỸTY). Onde será descrito o processo do diálogo entre dois sujeitos, o pajé Arywka e Maloca das medicinas, e suas dimensões, com um pensamento de garantir a proteção e valorização da cultura e do ambiente em que se vive.
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    Tekombo’e Kunhakoty: modo de viver da mulher Kaiowa
    (2018) Veron, Valdelice; Zaneti, Izabel Cristina Bruno Bacellar
    O presente artigo, resultado da pesquisa de mestrado, é apresentado como requisito para obtenção do título de Mestre em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais do Centro de Desenvolvimento Sustentável, na Universidade de Brasília (UnB). Este artigo busca demonstrar parte do rito do Kunhakoty com os ensinamentos e conhecimentos relacionados, a partir do modo de pensar do meu povo Kaiowá. Trago, dentro do estudo, algumas balizas destes ensinamentos, através dos quais demonstramos o fortalecimento do mundo e do modo de viver do meu povo. O campo de pesquisa está localizado em Taquara, terra indígena dos meus ancestrais, localizado no município de Juti, no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Tem como protagonista a maxuypy Julia Cavalheira (origem da minha família extensa Kaiowá) e seus ensinamentos. O método utilizado é o que denomino de etnografia indígena, com a visão de mulher Kaiowá
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    Wato ne hômpu ne kãmpa: Convivo, vejo e ouço a vida Mehi (Mãkrarè)
    (2017-05) Krahô, Creuza Prumkwyj; Guimarães, Silvia Maria Ferreira
    Este trabalho trata da vida, das relações sociais e do movimento da aldeia do meu povo Mehi (Krahô). Trata dos cuidados com o corpo, denominados aqui de resguardos que acontecem a partir de três perspectivas: da pintura corporal, do uso do Crow (tora de buriti) e das músicas Mehi. Os cuidados que a pessoa deve viver ao longo da vida, podem ser individuais ou coletivos. Alguns rituais são relativos à construção da pessoa e tratam do resguardo realizado, por exemplo, pelo nascimento do primeiro filho, do fim de um processo de adoecimento, da primeira menstruação ou ritual de iniciação feminino. O ritual de iniciação masculino que dura mais de um ano e tem uma lógica de sucessão de fatos, está ameaçado porque as pessoas na comunidade não conseguem reconstituí-lo na sua totalidade. Há rituais coletivos, voltados para a sociabilidade entre grupos como, por exemplo, de trocas de alimentos e serviços. Ainda, há os rituais relacionados com o ciclo anual que vincula a estação de chuva e da seca e o sistema agrícola Krahô por meio do plantio e colheita do milho e da batata-doce. Aqui conta esta história dos resguardos a partir da fala das mulheres Mehi
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    O sistema médico Waimiri-Atroari: concepções e práticas
    (1995) Espinola, Cláudia Voigt; Langdon, Esther Jean
    Os Waimiri-Atroari pertencem ao grupo da família lingüística Caribe e habitam vastas áreas de terra ao norte do Rio Negro e leste do Rio Branco, na bacia amazônica do Brasil. Suas terras estão demarcadas desde 1989 com cerca de 2.585.911 hectares, constituindo apenas parte de seu território tradicional. O grupo tem uma história de lutas contra o homem branco que motivado pela riqueza de suas terras invadiu seus domínios ancestrais dizimando quase a totalidade de sua população. Os Waimiri-Atroari são hoje sobreviventes de massacres, epidemias e invasões. Em 1986 a reserva passa a ser administrada pelo Programa Waimiri-Atroari de acordo com o convênio entre FUNAI e ELETRONORTE. O oferecimento de serviços de saúde são parte deste programa. Esta etnografia se atém ao campo da medicina Waimiri-Atroari, com enfoque nas práticas e conceitos sobre saúde, doença e prevenção. Trata-se aqui de pensar a medicina nativa como um sistema cultural, onde o processo da doença é muito mais uma experiência pessoal e coletiva do que simplesmente a caracterização de sintomas físicos e diagnóstico clínico. Com intuito de compreender melhor o sistema médico Waimiri-Atroari são explorados o complexo xamânico, mitologia e rituais. Os Waimiri-Atroari explicam a doença de acordo com seu sistema cosmológico, mas quando necessitam tratamento, para remoção dos sintomas, eles buscam os serviços oferecidos pelo PWA bem como seus próprios especialistas Fez-se uma breve avaliação sobre o Programa de Saúde. Comparado com o serviço oferecido pela FUNAI em outras áreas do Brasil, o serviço de saúde na reserva possui grandes verbas e é mais efetivo. No entanto, a faha de participação indígena e o processo de decisão vertical sugere que o programa de saúde sofre do paternalismo e autoritarismo que tem sido atribuído ao PWA como um todo por outros antropólogos.
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    Reflexões sobre as práticas Kaingang de cuidados com a gestação, parto e pós-parto e suas interfaces com o sistema oficial de saúde
    (2013) Coroaia, Maria Elenir; Ferreira, Luciane Ouriques
    O presente trabalho pretende realizar uma reflexão sobre práticas de cuidados à saúde das mulheres Kaingang durante a gestação, o parto e o pós-parto e a interface com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Para tanto, o estudo distribuído em 4 capítulos, inicia com uma breve trajetória da experiência vivida pela autora em comunidades Kaingang, dando em seguida uma noção desse povo e de sua situação geográfica no Estado. Em seguida é feita a apresentação das práticas kaingang de cuidados com a gestação, demonstrando os cuidados e costumes direcionados às mulheres indígenas. Para dar mais concretude ao observado, é feita uma análise da evolução da saúde indígena no Brasil, identificando os órgãos que trabalharam na sua implantação, bem como sobre os movimentos indígenas e as determinações constitucionais que colaboraram para isso. Em um último momento é feita a apresentação da estruturação do subsistema de atenção à saúde indígena, das conferências e da implementação dos Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena, finalizando, em seguida, com uma análise conclusiva sobre o tema abordado.
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    Corpo e saude entre os Guaran
    (2001) Lopes, Andréia Aparecida Ferreira; Santos, José Luiz dos
    Pouca atenção tem sido dispensada à relação que a filosofia guarani tem com a definição das práticas em tomo das crises da existência. O presente trabalho se dedica a esta tarefa, mediante a análise da literatura etnológica que teve os Guarani como objeto de estudo. Começa com uma abordagem crítica da bibliografia, discutindo as principais questões que têm mobilizado o interesse dos autores e caracterizado a etnologia guarani. São então avaliadas as condições em que o tema das aflições está presente nos autores, definindo as possibilidades de abordagem no sentido de uma sistematização dos dados. Essa sistematização se dirige às formas, valores e sensibilidades culturais, conforme evocados nas situações de crise. Apresenta um levantamento acerca das concepções relacionadas ao corpo, dos agentes e causas do mal-estar, das práticas terapêuticas e da atuação do xamã na cura. É localizada a centralidade do que se pode chamar de disjunção entre corpo e alma na avaliação da causa das aflições. Constata-se que a alma-palavra se relaciona com o que os Guarani definem como o modo de ser guarani. Sugerindo, assim, que em última instância as crises remetem ao perigo da pessoa deixar de ser Guarani, colocando em risco as formas nas quais se organiza essa sociedade. Nesse sentido a figura do pajé pode ser resgata no conforme a etnologia o tem considerado - o ideal de homem nesta sociedade.
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    "Vai-te pra onde não canta o galo, nem boi urra ..." Diagnóstico, tratamento e cura entre os Kariri-Xocó (AL)
    (2003) Silva, Christiano Barros Marinho da; Athias, Renato
    Vai-te pra onde não canta galo, nem boi urra... é uma incursão por caminhos que conduzem à cura a partir do conhecimento de um sistema médico que envolve especialistas Kariri-Xocó (pajé, curandeiro e rezador), localizados no município alagoano de Porto Real do Colégio (AL). Neste estudo, analiso as noções de doença e as crenças etiológicas entre os Kariri-Xocó. Eles distinguem pelo menos duas categorias de doenças que se diferenciam quanto aos critérios causais: as de cima para baixo e as de baixo pra cima . A primeira categoria, está relacionada a uma força superior, podendo ou não refletir uma punição divina. A segunda, tem a sua etiologia ligada ao sobrenatural. Durante este trabalho, procurei abordar especificamente o processo terapêutico que abrange as doenças de baixo para cima . Dessa forma, investiguei a relação entre cura e a cosmologia do grupo, verificando de que modo essa conjunção interfere em suas concepções de doença
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    Medicina e antropologia: atenção à saúde no serviço de proteção aos índios (1942-1956)
    (2011) Brito, Carolina Arouca Gomes de; Lima, Nísia Trindade
    Busca caracterizar e compreender como as ações de atenção à saúde indígena no Serviço de Proteção aos Índios (SPI) eram realizadas e desenvolvidas. O período a ser analisado compreende os anos de 1942 1956, respectivamente, o ano da criação da Seção de Estudos (S.E.) do SPI, reconhecido pela literatura que tem se dedicado ao tema como o momento de importantes mudanças no referido órgão, a partir de uma reorientação voltada para a valorização das ciências sociais em sua estrutura administrativa; e o ano em que Darcy Ribeiro deixa o cargo de etnólogo e chefe da S.E. Nesse contexto, dedico importante espaço de análise à proposta para a criação de um Serviço de médico-sanitário do SPI , que sugeriria uma vinculação entre os saberes médicos e antropológicos na promoção de melhorias sanitárias aos grupos indígenas sob sua proteção. Para compor essa discussão, analiso também outras fontes documentais em diferentes recortes temporais, (com o objetivo de caracterizar o desenvolvimento do espectro da assistência no âmbito do SPI), como os Relatórios Oficiais ao Ministério da Agricultura e os Boletins Internos, este último com maior foco, a fim de se observar as demandas salientadas pelos chefes dos postos indígenas. Destaco que denúncias e registros sobre surtos epidêmicos, falta de assistência às populações e fragilidade do SPI constavam nos relatórios e inquéritos realizados pelo Serviço, desde suas origens até a década de 1950. Os problemas apontados consistiam na falta de material médico, de profissionais da saúde, além de constatações de prejuízos advindos do processo de aculturação, dado o impacto do convívio entre indígenas e civilizados. Desde a década de 1920, registrava-se naqueles documentos que a notável dificuldade sanitária enfrentada pelos grupos indígenas assistidos pelo SPI contribuiu largamente para o agravamento da diminuição demográfica indígena.
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    Falar e comer: um estudo sobre os novos contextos de adoecer e buscar tratamento entre os Yanomame do Alto Parima
    (1998) Pellegrini, Marcos; Langdon, Esther Jean
    Este trabalho procura compreender o ponto de vista dos Yanomami do alto Parima (Roraima, Brasil) sobre o seu sistema de atenção à saúde partindo do estudo dos contextos de suas falas sobre saúde, doença e busca de tratamento. São utilizados os conceitos da antropologia interpretativa para descrição dos contextos de interações sociais criados pela dependência do setor biomédico dos serviços de atenção à saúde entre sociedades indígenas em situação de contato recente com a sociedade nacional. Procura-se por meio de uma análise do falar centrada na performance do texto, considerando a importância da palavra falada entre os povos indígenas, abordar as falas estudadas como sendo dotadas de um poder transformador quando a própria situação da pesquisa de campo, onde o candidato a antropólogo participa como médico, favorece um falar sobre os assuntos estudados. A comida aparece como tema central dos textos apresentados e a utilização da metáfora do comer como forma de entender e explicar os acontecimentos do mundo, onde o processo de adoecer aparece como uma ruptura nas regras de comer envolvendo índios, garimpeiros, profissionais de saúde e suas relações com a natureza. O aprofundamento do estudo deste tema é apontado como campo que interessa não só à preservação da saúde indígena, mas também à criação de uma expectativa de futuro para a modernidade radicalizada. O favorecimento de contextos que visem promover a comunicação intercultural, além de estratégia indispensável para o planejamento e execução de ações de promoção, proteção e atenção à saúde indígena, pode também contribuir com a construção de um conhecimento dialógico que considere os paradigmas indígenas de vivência e interpretação da realidade.
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    Pelos caminhos de Yuve: conhecimento, cura e poder no xamanismo Yawanawa.
    (1999) Gil, Laura Pérez; Langdon, Esther Jean
    Este trabalho é um estudo sobre a doença e a cura no xamanismo praticado pelos Yawanawa, grupo da família lingüística pano que mora na Terra Indígena Rio Gregório, no estado do Acre, Brasil. O xamanismo é abordado aqui como um marco conceitual e cosmológico no qual se enquadram práticas diversas, entre as quais se destacam a utilização de remédios vegetais e as cerimônias em que o especialista toma ayahuasca e entoa rezas ou para provocar uma doença ou para curá-la. A primeira destas técnicas está principalmente associada às doenças originadas pela quebra de tabus e resguardos, enquanto a segunda se insere num complexo triádico fundamental do xamanismo yawanawa formado pelo mito, a reza e o sonho, e que se relaciona especialmente com as práticas de feitiçaria. O trabalho destaca também a necessidade de se aprofundar nos conceitos émicos de pessoa e corpo para entendermos, por uma parte os processos de doença e cura, e por outra, a forma em que é concebido o poder xamânico. Os dados yawanawa mostram a importância de abordar as práticas e conhecimentos xamânicos como um conjunto dinâmico cujos elementos são combinados por cada especialista de forma diferente em função de diversos fatores, mais do que enquadrados em tipologias rígidas e ahistóricas. Por último, o trabalho ressalta a especificidade do material etnográfico yawanawa no contexto do xamanismo pano e amazônico em geral.
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    O direito sanitário na sociedade de risco: a política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas
    (2016) Gonçalves Júnior, Abel Gabriel; Sparemberger, Raquel Fabiana Lopes
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    Do feitiço a Malária. Uma etnografia do sistema de saúde na Reserva Extrattivista do Alto Juruá- Acre
    (1999) Barbin Júnior, Hélio; Langdon, Esther Jean
    Esta analise descreve os modelos de assistência em saúde - popular e oficial ou biomédico - suas características, conflitos e complementações. Procuro argumentar que estes dois principais modelos são necessários para a melhoria da qualidade em saúde desta população. Como conseqüência , estes modelos devem ser discutidos em conjunto na esfera das políticas públicas, especialmente naquelas que dizem respeito a implementação do SUS ( Sistema Único de Saúde) e no processo de municipalização da Saúde.