ASMT - Dissertações de Mestrado
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Item O sistema médico Waimiri-Atroari: concepções e práticas(1995) Espinola, Cláudia Voigt; Langdon, Esther JeanOs Waimiri-Atroari pertencem ao grupo da família lingüística Caribe e habitam vastas áreas de terra ao norte do Rio Negro e leste do Rio Branco, na bacia amazônica do Brasil. Suas terras estão demarcadas desde 1989 com cerca de 2.585.911 hectares, constituindo apenas parte de seu território tradicional. O grupo tem uma história de lutas contra o homem branco que motivado pela riqueza de suas terras invadiu seus domínios ancestrais dizimando quase a totalidade de sua população. Os Waimiri-Atroari são hoje sobreviventes de massacres, epidemias e invasões. Em 1986 a reserva passa a ser administrada pelo Programa Waimiri-Atroari de acordo com o convênio entre FUNAI e ELETRONORTE. O oferecimento de serviços de saúde são parte deste programa. Esta etnografia se atém ao campo da medicina Waimiri-Atroari, com enfoque nas práticas e conceitos sobre saúde, doença e prevenção. Trata-se aqui de pensar a medicina nativa como um sistema cultural, onde o processo da doença é muito mais uma experiência pessoal e coletiva do que simplesmente a caracterização de sintomas físicos e diagnóstico clínico. Com intuito de compreender melhor o sistema médico Waimiri-Atroari são explorados o complexo xamânico, mitologia e rituais. Os Waimiri-Atroari explicam a doença de acordo com seu sistema cosmológico, mas quando necessitam tratamento, para remoção dos sintomas, eles buscam os serviços oferecidos pelo PWA bem como seus próprios especialistas Fez-se uma breve avaliação sobre o Programa de Saúde. Comparado com o serviço oferecido pela FUNAI em outras áreas do Brasil, o serviço de saúde na reserva possui grandes verbas e é mais efetivo. No entanto, a faha de participação indígena e o processo de decisão vertical sugere que o programa de saúde sofre do paternalismo e autoritarismo que tem sido atribuído ao PWA como um todo por outros antropólogos.Item A caminho da farmácia: pluralismo médico entre os Wari' de Rondônia(1996) Novaes, Marlene Rodrigues de; Wright, Robin Michel; Buchillet, DominiqueItem Falar e comer: um estudo sobre os novos contextos de adoecer e buscar tratamento entre os Yanomame do Alto Parima(1998) Pellegrini, Marcos; Langdon, Esther JeanEste trabalho procura compreender o ponto de vista dos Yanomami do alto Parima (Roraima, Brasil) sobre o seu sistema de atenção à saúde partindo do estudo dos contextos de suas falas sobre saúde, doença e busca de tratamento. São utilizados os conceitos da antropologia interpretativa para descrição dos contextos de interações sociais criados pela dependência do setor biomédico dos serviços de atenção à saúde entre sociedades indígenas em situação de contato recente com a sociedade nacional. Procura-se por meio de uma análise do falar centrada na performance do texto, considerando a importância da palavra falada entre os povos indígenas, abordar as falas estudadas como sendo dotadas de um poder transformador quando a própria situação da pesquisa de campo, onde o candidato a antropólogo participa como médico, favorece um falar sobre os assuntos estudados. A comida aparece como tema central dos textos apresentados e a utilização da metáfora do comer como forma de entender e explicar os acontecimentos do mundo, onde o processo de adoecer aparece como uma ruptura nas regras de comer envolvendo índios, garimpeiros, profissionais de saúde e suas relações com a natureza. O aprofundamento do estudo deste tema é apontado como campo que interessa não só à preservação da saúde indígena, mas também à criação de uma expectativa de futuro para a modernidade radicalizada. O favorecimento de contextos que visem promover a comunicação intercultural, além de estratégia indispensável para o planejamento e execução de ações de promoção, proteção e atenção à saúde indígena, pode também contribuir com a construção de um conhecimento dialógico que considere os paradigmas indígenas de vivência e interpretação da realidade.Item Pelos caminhos de Yuve: conhecimento, cura e poder no xamanismo Yawanawa.(1999) Gil, Laura Pérez; Langdon, Esther JeanEste trabalho é um estudo sobre a doença e a cura no xamanismo praticado pelos Yawanawa, grupo da família lingüística pano que mora na Terra Indígena Rio Gregório, no estado do Acre, Brasil. O xamanismo é abordado aqui como um marco conceitual e cosmológico no qual se enquadram práticas diversas, entre as quais se destacam a utilização de remédios vegetais e as cerimônias em que o especialista toma ayahuasca e entoa rezas ou para provocar uma doença ou para curá-la. A primeira destas técnicas está principalmente associada às doenças originadas pela quebra de tabus e resguardos, enquanto a segunda se insere num complexo triádico fundamental do xamanismo yawanawa formado pelo mito, a reza e o sonho, e que se relaciona especialmente com as práticas de feitiçaria. O trabalho destaca também a necessidade de se aprofundar nos conceitos émicos de pessoa e corpo para entendermos, por uma parte os processos de doença e cura, e por outra, a forma em que é concebido o poder xamânico. Os dados yawanawa mostram a importância de abordar as práticas e conhecimentos xamânicos como um conjunto dinâmico cujos elementos são combinados por cada especialista de forma diferente em função de diversos fatores, mais do que enquadrados em tipologias rígidas e ahistóricas. Por último, o trabalho ressalta a especificidade do material etnográfico yawanawa no contexto do xamanismo pano e amazônico em geral.Item Do feitiço a Malária. Uma etnografia do sistema de saúde na Reserva Extrattivista do Alto Juruá- Acre(1999) Barbin Júnior, Hélio; Langdon, Esther JeanEsta analise descreve os modelos de assistência em saúde - popular e oficial ou biomédico - suas características, conflitos e complementações. Procuro argumentar que estes dois principais modelos são necessários para a melhoria da qualidade em saúde desta população. Como conseqüência , estes modelos devem ser discutidos em conjunto na esfera das políticas públicas, especialmente naquelas que dizem respeito a implementação do SUS ( Sistema Único de Saúde) e no processo de municipalização da Saúde.Item Corpo e saude entre os Guaran(2001) Lopes, Andréia Aparecida Ferreira; Santos, José Luiz dosPouca atenção tem sido dispensada à relação que a filosofia guarani tem com a definição das práticas em tomo das crises da existência. O presente trabalho se dedica a esta tarefa, mediante a análise da literatura etnológica que teve os Guarani como objeto de estudo. Começa com uma abordagem crítica da bibliografia, discutindo as principais questões que têm mobilizado o interesse dos autores e caracterizado a etnologia guarani. São então avaliadas as condições em que o tema das aflições está presente nos autores, definindo as possibilidades de abordagem no sentido de uma sistematização dos dados. Essa sistematização se dirige às formas, valores e sensibilidades culturais, conforme evocados nas situações de crise. Apresenta um levantamento acerca das concepções relacionadas ao corpo, dos agentes e causas do mal-estar, das práticas terapêuticas e da atuação do xamã na cura. É localizada a centralidade do que se pode chamar de disjunção entre corpo e alma na avaliação da causa das aflições. Constata-se que a alma-palavra se relaciona com o que os Guarani definem como o modo de ser guarani. Sugerindo, assim, que em última instância as crises remetem ao perigo da pessoa deixar de ser Guarani, colocando em risco as formas nas quais se organiza essa sociedade. Nesse sentido a figura do pajé pode ser resgata no conforme a etnologia o tem considerado - o ideal de homem nesta sociedade.Item Os caminhos da cura: Uma etnografia de itinerários terapêuticos e da prestação de serviços de saúde entre os índios Krahó do estado do Tocantins(2002) Cruz, Hévila Peres da; Langdon, Esther JeanEste é um trabalho realizado entre os índios Krahó, localizados no estado de Tocantins, Brasil. O tema da pesquisa é sobre a questão da saúde indígena, abordando em seus aspectos políticos, sociais e culturais, inseridos no contexto local. Esta é uma realidade na qual interagem várias opções terapêuticas organizadas em sistemas de saúde, das quais os índios fazem uso criativo no decorrer dos "itinerários terapêuticos". Além disso, procurou-se descrever a prática local da recém implantada política de assistência à saúde indígena, baseada no modelo diferenciado de atenção e no Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Apesar de não conclusivos, os dados apontam para problemas decorrentes da falta de adaptação à especificidades locais, o que compromete a qualidade n prestação de serviços por parte desse mesmo órgãoItem A política de atenção à saúde indígena: implementação do distrito sanitário especial indígena de Cuiabá - Mato Grosso(2003) Marques, Irânia Maria da Silva Ferreira; Giovanella, LíviaTradicionalmente a atenção à saúde dos povos indígenas esteve sob responsabilidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), que atuava através das Equipes Volantes de Saúde. No início dos anos 1990 esta responsabilidade foi repartida com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ficando a Funai com a responsabilidade de coordenar as ações de assistência e a Funasa as ações de prevenção. Em 1999 foi instituído o Subsistema da Atenção à Saúde Indígena sob responsabilidade da Funasa, com o propósito de garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política destes povos. O modelo de organização de serviços proposto é o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) entendido como base territorial e populacional sob responsabilidade sanitária com controle social. Para implementar os DSEI, a Funasa firmou convênio com organizações governamentais e não-governamentais. No país foram instalados 34 DSEI e no estado de Mato Grosso foram instalados 4 DSEI. O presente estudo teve como objetivo analisar o processo de implementação do DSEI Cuiabá, no período 1999-2002. Especificamente, tratou de analisar a participação de atores-chave neste processo, identificando resistências, adesões e conflitos; descrever a organização da atenção, oferta de serviços e produção assistencial; examinar a gestão, as modalidades de gerência e as parcerias institucionais para prestação de serviço; e identificar os principais obstáculos para a efetivação do DSEI Cuiabá. Foram realizadas entrevistas com atores-chave por meio de roteiro semi-estruturado, visitas a quatro aldeias de etnias diferentes e sob a execução de Ongs distintas (3 aldeias sob responsabilidade do Instituto Trópicos e 1 sob responsabilidade da Opan), reuniões com usuários nas aldeias visitadas, análise documental de registros administrativos, pesquisa no Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e revisão bibliográfica sobre terceirização/devolução. Os resultados apontam como fatores facilitadores da implementação do DSEI Cuiabá a ampliação do acesso; a majoração do montante de recursos financeiros destinados à saúde indígena; a autonomia das conveniadas na gestão dos recursos repassados pela Funasa; o apoio da Funasa /Coordenação Regional de Mato Grosso; e o empenho dos envolvidos para a implementação da Política de Saúde. Como fatores limitantes destacaram-se: o controle social ainda incipiente; o insuficiente monitoramento pelo órgão gestor regional da execução dos convênios e da atenção prestada nas aldeias; a presença pouco freqüente e descontínua da equipe multidisciplinar na aldeia com prestação cotidiana centrada no AIS ainda em processo de formação; a rotatividade dos profissionais de saúde em área indígena; ineficiências do sistema de informação (SIASI); e a insuficiente articulação entre as práticas de cura tradicional e da medicina moderna.Item "Vai-te pra onde não canta o galo, nem boi urra ..." Diagnóstico, tratamento e cura entre os Kariri-Xocó (AL)(2003) Silva, Christiano Barros Marinho da; Athias, RenatoVai-te pra onde não canta galo, nem boi urra... é uma incursão por caminhos que conduzem à cura a partir do conhecimento de um sistema médico que envolve especialistas Kariri-Xocó (pajé, curandeiro e rezador), localizados no município alagoano de Porto Real do Colégio (AL). Neste estudo, analiso as noções de doença e as crenças etiológicas entre os Kariri-Xocó. Eles distinguem pelo menos duas categorias de doenças que se diferenciam quanto aos critérios causais: as de cima para baixo e as de baixo pra cima . A primeira categoria, está relacionada a uma força superior, podendo ou não refletir uma punição divina. A segunda, tem a sua etiologia ligada ao sobrenatural. Durante este trabalho, procurei abordar especificamente o processo terapêutico que abrange as doenças de baixo para cima . Dessa forma, investiguei a relação entre cura e a cosmologia do grupo, verificando de que modo essa conjunção interfere em suas concepções de doençaItem "Doença que rezador cura" e "doença que médico cura": modelo etiológico Xukuru a partir de seus especialistas de cura.(2004) Cunha De Souza, Liliane; Schröder, PeterO presente estudo consiste em compreender o modelo etiológico vigente no sistema médico Xukuru, sob a ótica de seus especialistas de cura. O povo Xukuru habita a Serra do Ororubá, localizada no agreste pernambucano, a 8km de Pesqueira (PE). Sua população conta com aproximadamente 8.502 índios distribuídos em vinte e cinco aldeias, que utilizam o sistema de cura nativa como principal recurso sanitário. Entre essa população, encontra-se um cenário plurimédico no qual convivem o sistema de cura nativa, a biomedicina e a medicina popular não-indígena. Os especialistas de cura Xukuru pertencem às seguintes classes: pajé, líderes político-religiosos, rezadores, parteiras e indivíduos que produzem garrafadas. As categorias etiológicas mais gerais, presentes nas narrativas desses especialistas, foram: "doença que rezador cura" e "doença que médico cura". A categoria "doença que rezador cura" compreende os mal-estares e doenças tratados exclusivamente pelos especialistas nativos, tais como: espinhela-caída, mau-olhado, mal de ramo, doenças iniciativas, doenças causadas por "trabalhos" de catimbozeiro etc. A categoria "doença que médico cura" abrange aqueles sanados apenas pelos profissionais da biomedicina. Enfim, esse estudo se destina ao entendimento de como os especialistas nativos concebem a origem das doenças, classificam-nas e interpretam seus sintomasItem Comunidade Canafé: história indígena e etnogênese no Médio Rio Negro(2007) Pereira, Ricardo Neves Romcy; Little, Paul ElliottEsta dissertação aborda um caso específico de um processo mais amplo de afirmação étnica e construção de identidades coletivas no médio rio Negro. Abordando a história das fronteiras regionais, com ênfase na história indígena, busco mostrar a comunidade Canafé como uma identidade coletiva historicamente criada por migrantes indígenas no bojo dos processos de expansão e retração das frentes de expansão no século XX. Tenta-se evidenciar a multiplicidade de situações e agentes envolvidos neste caso através de uma etnografia pautada na apreensão dos valores e sentidos compartilhados por coletividades de indígenas e caboclos que vivem na zona rural dos municípios de Barcelos e Santa Isabel. Busca-se, com isto, uma abordagem antropológica que valorize os pontos de vista nativos a cerca dos processos históricos em que estão inseridos, apontando para a existência de sujeitos ativos de uma história ocultada.Item Saúde Maxakali, recursos de cura e gênero: análise de uma situação social(2007) Casas, Rachel de Las; Heilborn, Maria Luiza; Lima, Antonio Carlos de SouzaNesta dissertação são analisadas, a partir de uma situação social específica, as articulações entre práticas de cura e relações de gênero entre grupos Maxakali população indígena que reside no Vale do Mucuri, Minas Gerais, Brasil. Trata-se de uma abordagem antropológica sobre uma situação social na qual grupos Maxakali e a equipe de atendimento sanitário da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) enfrentaram uma epidemia de diarréia infantil. O estudo etnográfico aborda a maneira como os diferentes sujeitos em interação lidaram com a perturbação buscando o restabelecimento da condição de saúde, a partir de dois referenciais de conhecimento: a concepção Maxakali e a medicina ocidental. De acordo com a perspectiva de entendimento sobre a perturbação, distintos recursos de cura foram utilizados, demonstrando a interdependência entre os sujeitos e percepções nesta situação social específica.Item Saúde e Doença entre os Índios Mura de Autazes (Amazonas): processos socioculturais e a práxis da auto-atenção.(Universidade Federal de Santa Catarina, 2007) Scopel, DanielEsta dissertação é uma etnografia que trata da experiência de adoecer e curar-se, a partir de conceitos analíticos propostos pela Antropologia da Saúde. O objetivo é compreender como a sociedade Mura de Autazes (Amazonas) vivencia a hanseníase e os contextos em que essa experiência decorre. Trata-se de uma etnografia que procura situar experiências individuais e coletivas da doença em um quadro descritivo geral da sociedade Mura, cuja população é de 7.629 habitantes, distribuída em 27 aldeias. Destaca-se que, para a Organização Mundial de Saúde, a hanseníase é um problema de saúde pública no Brasil e o estado do Amazonas é classificado como hiper-endêmico pelo Ministério da Saúde. Do ponto de vista indígena e de suas lideranças, a hanseníase insere-se como problema e preocupação dentro de um conjunto de doenças, cujos diagnósticos e tratamentos relacionam-se diretamente com o Serviço de Saúde Estatal, ainda que, entre os Mura de Autazes, o número absoluto de casos de hanseníase seja pequeno (apenas 3 indivíduos estavam em tratamento no ano de 2006). Os dados apresentados e analisados foram obtidos através de trabalho de campo percorrendo seis aldeias Mura a partir da observação participante e da realização de entrevistas. Estas foram realizadas não apenas com pessoas que estiveram doentes, mas também, com seus familiares, vizinhos, amigos, lideranças e especialistas Mura (pajés, parteiras e herbanários) e, ainda, com profissionais de saúde. Os resultados apontam para a articulação de concepções nativas com práticas biomédicas em que são evocadas causalidades nativas para hanseníase, embora seja o diagnóstico biomédico quem focaliza os sintomas da hanseníase. Há uma percepção nativa que distingue casos antigos e recentes pautada nas mudanças ocorridas na oferta e na forma de tratamento biomédico. A construção social da doença, em seu contexto, dentro das relações sociais Mura, está permeada pelas relações micro-políticas que são estruturadas em torno de relações de parentesco (reciprocidade e cosubstancialidade) estabelecendo e reestruturando estas mesmas relações.Item Ritos, corpos e intermedicalidade: análise das práticas de resguardos de proteção ente os Ramkokamekra/Canela(2008) Oliveira, Ana Caroline Amorim; Athias, RenatoO presente estudo é uma análise das práticas de tabu, em especial as de resguardo, na sociedade Ramkokamekra, aldeia Escalvado, localizada na região de planalto do Estado do Maranhão. Enfatiza a proteção da saúde contra as substâncias poluentes presentes em determinados alimentos, no sangue menstrual e nas relações sexuais entre os membros dessa sociedade. Nesse sentido, discute a noção de corporeidade do povo Ramkokamekra, sintetizada pela categoria êmica corpo forte, isto é, um corpo construído com base no cumprimento dos resguardos a fim de evitar seu enfraquecimento e, por isso, a possibilidade de contrair doenças. Através do trabalho de campo e da observação participante, foi possível perceber, a importância dos resguardos no cotidiano desse grupo, evidenciada, sobretudo, nos momentos de liminaridade: ritos de iniciação, menstruação, gravidez e pós-parto. A análise se desdobra abarcando ainda uma discussão sobre a relação entre o modelo terapêutico tradicional (composto de práticas preventivas e curativas) e o biomédico, situados em um contexto de intermedicalidade, tendo em vista as negociações e ressignificações das práticas dos sujeitos sociais neles envolvidos: indígenas, pajés, agentes indígenas de saúde e profissionais biomédicosItem Dinâmica de obtenção e consumo de plantas alimentares ao longo do tempo em uma Aldeia Guarani, e sua relação com a saúde na percepção indígena, São Paulo, Brasil(2010) Scalco, Nayara; Rodrigues, ElianaItem Xamanismo Kalapalo e assistencia medica no alto xingu : estudo etnografico das praticas curativas(2010) Franco Neto, João Veridiano; Lea, Vanessa RosemaryResumo: Esta dissertação é resultado de doze meses intercalados de pesquisa de campo realizada entre os índios Kalapalo do Alto Xingu, Terra Indígena do Xingu, Mato Grosso. Busca empreender uma descrição e análise do modo pelo qual ocorre uma interação entre o xamanismo dos Kalapalo e o saber biomédico tal como esta se dá no âmbito das práticas da política nacional de atenção à saúde dos povos alto-xinguanos. O xamanismo kalapalo não difere do xamanismo praticado no Alto Xingu como um todo: consiste, basicamente, em um sistema terapêutico que aborda o fenômeno da doença como um acontecimento em que uma determinada pessoa tem a sua 'alma-sombra' (akua) capturada por um 'espírito' (itseke). O conceito de itseke se relaciona com as formas 'animais' definidas no interior da cosmologia kalapalo, e seus modos de existência são mais bem compreendidos sob a luz do conceito de ponto de vista, articulado com a lógica predatória e com o regime alimentar alto-xinguano. O xamã é acionado para que, por meio do transe induzido pela fumaça do tabaco, entre em comunicação com o itseke causador da doença e possa trazer de volta a akua do doente. A possibilidade de cura é então concebida nos termos do resgate da 'almasombra', realizado pelo xamã. As relações construídas a partir da situação de contato entre os alto-xinguanos e a sociedade envolvente engendraram a elaboração de duas categorias cruciais: doenças-de-índio e doenças-de-branco, onde as primeiras figuram como enfermidades causadas por itseke e as segundas aparecem na forma das doenças infectocontagiosas, como gripe, sarampo, caxumba, catapora, etc. A problemática que delineia nosso trabalho se fundamenta no caráter ambíguo que é assumido pela oposição entre doenças-de-índio e doenças-de-branco: da perspectiva dos Kalapalo essa dicotomia não define uma separação de natureza entre as duas categorias, servindo apenas como modo de comunicação instrumental com as equipes de assistência médica. Por outro lado, as equipes de assistência médica estabelecem um corte entre doenças-de-índio e doenças-de-branco de maneira que as primeiras configurariam uma manifestação singular da cultura indígena. Essa singularidade é pensada a partir da ideia de uma psicossomatização dos aspectos culturais, entendendo-se 'cultura' enquanto conjunto de crenças. Assim, a separação entre doenças-de-índio e doenças-de-branco, do modo como é concebida pelas equipes de assistência médica, atribui uma causa psicológica para as primeiras e uma causa fisiológica para as segundas. Essa redução das doenças-de-índio ao âmbito da crença é explorada como a configuração de uma estrutura hierárquica na qual a cosmologia indígena é englobada pela cosmologia ocidental. Tal englobamento encontra sustentação a partir do relativismo cultural, que supõe a coexistência de uma diversidade de culturas com a existência de uma única natureza. Os dados de nossa pesquisa etnográfica apontam para um arranjo distinto quando o foco de análise toma em consideração o modo como os índios kalapalo recorrem ao tratamento médico ocidental: a terapêutica xamanística não é descartada pelos índios mesmo quando o que está em jogo é aquilo que a assistência médica entende por doençasde- branco, o que sugere uma origem comum entre doenças-de-índio e doenças-de-branco: os itsekeko ('espíritos') ou os kugihé-ótomo (feiticeiros).Item A classificação dos domicílios indígenas no censo demográfico 2000: subsídios para análise das condições de saúde(2010) Marinho, Gerson Luiz; Santos, Ricardo VenturaInformações coletadas em um censo demográfico podem dizer muito a respeito das condições de vida de uma população e são amplamente utilizadas na formulação e implementação das políticas públicas sociais. Quanto maior a qualidade dos dados censitários, mais fidedigno será o painel da realidade da população. Baseando-se em microdados do Censo Demográfico 2000, o presente estudo trata de descrever as freqüências de domicílios cujos responsáveis se auto classificaram como indígenas e que foram classificadas como coletivo ou improvisado pelos recenseadores na área rural dos municípios brasileiros. Para este tipo de classificação não são coletados dados que caracterizam os domicílios, tais como perfil socioeconômico e condições de saneamento. Na análise para os grupos de cor / raça, os indígenas foram os que tiveram as maiores freqüências de domicílios classificados como coletivos (4,4 por cento) em relação aos não indígenas (0,1 por cento). A classificação como coletivo foi mais freqüente na macrorregião Centro Oeste, especificamente no estado de Mato Grosso (mais de 40 por cento deste tipo de classificação ocorreu em apenas cinco municípios de MT). Os domicílios indígenas classificados como improvisados (3,5 por cento) também foram superiores aos não-indígenas (1,3 por cento) e ao contrário dos coletivos, ocorreram em diferentes regiões do Brasil, com destaque para municípios da macrorregião Sul (6,6 por cento) e o estado de Mato Grosso do Sul (17,9 por cento). Para os municípios que estavam fora dos limites da Amazônia Legal houve 1,5 mais domicílios indígenas classificados como improvisados do que na Amazônia Legal. Nestes municípios constatou-se que quanto mais desenvolvido, maiores foram as proporções medianas de domicílios indígenas improvisados, e que neles estavam as menores extensões de terras indígenas. Foi possível concluir que há necessidade de um censo específico, com treinamento adequado dos recenseadores, para que sejam levadas em consideração as diferenças e particularidades de cada comunidade indígena. Acredita-se que somente ao considerar a diversidade étnica que há no Brasil, será possível diminuir as desigualdades e conseqüentemente, a invisibilidade demográfica e epidemiológica que insistem em acompanhar os indígenas.Item Ayahuasca, identificando sentidos: o uso ritual da bebida na União do Vegetal(2010) Souza, Valdir Mariano de; Ferretti, Sérgio FigueiredoEssa dissertação, através de uma abordagem sócio-etnográfica, realiza um estudo sobre o uso ritual da Ayahuasca (chá enteógeno), buscando identificar “sentidos” e significados atribuídos por seus usuários, a fim de compreender o significado das experiências vividas com o uso da bebida. Refere-se à história do Mestre José Gabriel da Costa e à fundação da União do Vegetal, bem como à sua estrutura e organização. Quanto ao uso ritual da Ayahuasca abordam-se os seguintes temas: aspectos farmacológicos, trajetória da legalização e os efeitos do chá para aqueles que o bebem (burracheira, peia, mirações), analisa o princípio da força da palavra e o aperfeiçoamento espiritual dos participantes. Ao abordar o princípio da eficácia simbólica, trata-se do aspecto curativo do chá e correlacioná-lo com a cura xamanística, analisando-se o sentido simbólico que este tem para os seguidores da UDV, neste caso aponta-se a existência de ambigüidades entre doutrina e prática. Percebe-se que a União do Vegetal, embora em sua gênese tenha como fundador um homem que exerceu atividades de cura, tem sua própria forma de compreender a relação entre as categorias doença e saúde e não possui sessões destinadas à cura, como outras religiões e grupos que fazem uso da Ayahuasca; bem como, estimula e aconselha os enfermos a buscarem os meios convencionais (medicina científica) para tratamento de suas disfunções. Não apóia ou incentiva a cura ou práticas semelhantes; preocupa-se com o equilíbrio do ser humano como um todo; crendo que mais importante que a “cura da matéria” é a do espíritoItem Medicina e antropologia: atenção à saúde no serviço de proteção aos índios (1942-1956)(2011) Brito, Carolina Arouca Gomes de; Lima, Nísia TrindadeBusca caracterizar e compreender como as ações de atenção à saúde indígena no Serviço de Proteção aos Índios (SPI) eram realizadas e desenvolvidas. O período a ser analisado compreende os anos de 1942 1956, respectivamente, o ano da criação da Seção de Estudos (S.E.) do SPI, reconhecido pela literatura que tem se dedicado ao tema como o momento de importantes mudanças no referido órgão, a partir de uma reorientação voltada para a valorização das ciências sociais em sua estrutura administrativa; e o ano em que Darcy Ribeiro deixa o cargo de etnólogo e chefe da S.E. Nesse contexto, dedico importante espaço de análise à proposta para a criação de um Serviço de médico-sanitário do SPI , que sugeriria uma vinculação entre os saberes médicos e antropológicos na promoção de melhorias sanitárias aos grupos indígenas sob sua proteção. Para compor essa discussão, analiso também outras fontes documentais em diferentes recortes temporais, (com o objetivo de caracterizar o desenvolvimento do espectro da assistência no âmbito do SPI), como os Relatórios Oficiais ao Ministério da Agricultura e os Boletins Internos, este último com maior foco, a fim de se observar as demandas salientadas pelos chefes dos postos indígenas. Destaco que denúncias e registros sobre surtos epidêmicos, falta de assistência às populações e fragilidade do SPI constavam nos relatórios e inquéritos realizados pelo Serviço, desde suas origens até a década de 1950. Os problemas apontados consistiam na falta de material médico, de profissionais da saúde, além de constatações de prejuízos advindos do processo de aculturação, dado o impacto do convívio entre indígenas e civilizados. Desde a década de 1920, registrava-se naqueles documentos que a notável dificuldade sanitária enfrentada pelos grupos indígenas assistidos pelo SPI contribuiu largamente para o agravamento da diminuição demográfica indígena.Item O consumo de bebida alcoólica e o trabalho no povo indígena Xukuru do Ororubá(2011) Medeiros, Ana Catarina Leite Véras; Gurgel, Idê Gomes DantasO consumo de bebidas alcoólicas é considerado um problema de saúde de ordem mundial. Sabe-se que o abuso dessas substâncias pode causar problemas sérios de ordem biológica, psicológica e social, afetando diretamente, o bem-estar, a saúde, o trabalho e a economia. Entre os povos indígenas, esse fator está relacionado ao contato interétnico e tem agravado suas condições de saúde. Objetivo: Avaliar as associações entre consumo de bebidas alcoólicas e trabalho no povo indígena Xukuru do Ororubá, 18 a 59 anos. Método: Caso-controle aninhado a um estudo transversal. Casos: indígenas que referiram consumir bebida alcoólica. Controles: os que referiram não consumir. Utilizou-se o modelo de regressão logística simples e múltiplo com nível de significância de 5 por cento. Resultados: fatores socioeconômicos associados a uma chance maior de consumo de bebida alcoólica: sexo, masculino/feminino (OR=5,20; p < 0,001); faixa etária, 18-24/45-59 (OR=1,72;p=0,010), 25-34/45-59 (OR=1,54;p=0,037) e 35-44/45-59 (OR=1,73;p=0,011); região de moradia, Serra/Agreste (OR=1,69;p=0,003), trabalho, sim/não (OR=2,98;p=0,004) e consumo familiar, sim/não (OR=2,64;p=0,002). Já os fatores do trabalho foram: remuneração, menos de R$545,00/não ter (OR=1,51,p=0,027) e ter entre R$ 545,00 e menos de R$1.090,00/não ter (OR=3,72,p=0,001); trabalhar na agricultura no Território Indígena, sim/não (OR=1,46,p=0,032); trabalho monótono, sim/não (OR=1,66,p=0,024) e trabalho repetitivo, sim/não (OR=2,52,p < 0,001), esse fator permaneceu significante após controle por sexo e faixa etária (OR=2,55,p < 0,001). Conclusões: Há elevada prevalência de consumo de bebidas alcoólicas entre os indígenas, o trabalho é um fator associado ao maior consumo de bebidas alcoólicas, principalmente, do tipo repetitivo. Esses achados apontam para a necessidade de realização de mais pesquisas sobre o tema favorecendo a organização, o planejamento e a melhoria da qualidade da assistência à saúde dos povos indígenas.
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