EPI - Teses de Doutorado
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Item From shifting cultivation to coffee farming: The impact of change on the health and ecology of the Surui Indians in the Brazilian Amazon(1989) Coimbra Junior, Carlos Everaldo AlvaresTo date, no major attempt at discussing sociocultural change among Amazonian Indians from the perspective of medical anthropology and epidemiology has been undertaken. With the rapid occupation of Amazonia by national societies, pressure is being exerted upon indigenous populations, leading to changes in these societies. Such changes create different ecological and biological conditions that are followed by epidemiological changes. The extent to which the Surui Indians are managing to adapt to new socio-economic and ecological settings is the focus of this research. This study is based on field work conducted aiuong the Surui Indians of the Aripuana Indian Park, Brazil. It is based on data collected between 1979 and 1988. Ethnographic, demographic, anthropometric, and epidemiological data were collected. Contrary to previous studies, which emphasized isolated societies, this research deals with human adaptation under conditions of sociocultural, economic, and ecological change. It proposes that, under these circumstances, human adaptation should be assessed in terms of demographic and epidemiological indicators. These indicators permit comparisons through time of a population's adaptation to changing circumstances. The analysis of Surui demographic structure show that the society was resilient and able to overcome twz initial threat of biological extinction brought about by epidemic diseases. The Surui appear to have the highest rates of fertility recorded to dite in Amazonia. The indicators of fertility observed support tils conclusion and reflect a decline in sociocultural practices of fertility control. An imbalanced sex ratio in favor of males is the m.ajor structural problem faced by the group, further aggravated by the practice of polygyny. The imbalance of the sex ratio persists in the younger age cohorts. The nutritional consequences of the demographic response to tie threat of biological extinction have been less favorable — particularly due to the decline in subsistence agriculture and the monetization of the economy. Surui children are stunted, anemic, and have high parasite loads. Infant mortality is very high. At the sociocultural level, these shifts are leading a ripid co:nmunity economic differentiation. The multivariate regression analysis indicated that the socioeconomic index is an isportan~ variable accounting for the overall nutritional status of Surui children. The socioeconomic index was positively correlated with the nutritional status. The study also addresses the issue of the delivery of health services to Amazonia native societies undergoing sociocultural changesItem Contribuição para o estudo da transmissão da malária a partir de inquérito soroepidemiológico transversal. Apresentação de um novo modelo de análise matemática para estimar indíces malariométricos(1989) Burattini, Marcelo Nascimento; Massad, EduardoO objetivo principal deste trabalho é a proposição de um novo modelo de análise matemática da transmissão de malária, baseado em dados de inquérito sorológico transversal agrupados por faixa etaria. 0 modelo proposto visa especificamente a: 1- Estimar estocasticamente a variação etária ou temporal da taxa de inoculação ou seja, o número médio de inoculações/ habitante/ano; e a taxa de decaimento populacional da imunidade para malária; 2- Determinar, através de um modelo compartimental com os parametros citados acima, a dinâmica do comportamento etário da população estudada em relação à malária; 3- Testar o modelo frente à populações bem conhecidas quanto a situação palúdica; 4- Propor uma extensão teórica que descreva matematicamente o fenômeno da aquisição e decaimento da imunidade em malária; 5- Propor um modelo alternativo que leve em conta, simultaneamente, a dependência etária e temporal na transmissão de malária.Item A fecundidade dos povos indígenas no Brasil: níveis, padrões e determinantes(Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2020) Cruz, Anna Karoline Rocha daO tema da fecundidade tem sido, desde o início da segunda metade do século XX, objeto de estudo para cientistas que desenvolveram abordagens que contribuíram para o entendimento da dinâmica demográfica de todas as populações. Para os povos indígenas no Brasil esse tema vem ganhando relevância entre pesquisadores contemporâneos. Estes povos, conforme vários estudos, possuem diferentes níveis e padrões de fecundidade das mulheres. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a relação entre os níveis e padrões da fecundidade com alguns aspectos históricos, socioeconômicos e culturais dos povos indígenas no Brasil. Os resultados mostram uma fecundidade com níveis elevados, se comparados com os dos não indígenas, para todos os distritos sanitários de saúde indígena, com diferenças significativas entre aqueles distritos que estão situados na Amazônia e os das demais regiões do país. Acredita-se que as altas fecundidades encontradas em alguns distritos na Amazônia estejam relacionadas a questões culturais de cada povo, como também pelas distâncias das comunidades indígenas dos centros urbanos, diferentemente do que ocorre com os distritos situados fora da Amazônia, que tiveram (e têm) um maior contato com a sociedade envolventeItem Ocorrência de patógenos intestinais e fatores de risco associados à infecção entre os índios Tapirapé habitantes da amazônia mato-grossense, Brasil.(2012) Malheiros, Antonio Francisco; Shaw, Jeffrey JonItem Estudo do polimorfismo genético dos vírus linfotrópicos de células-T humanas dos tipos I e II (HTLV-I e HTLV-II) em Salvador, Bahia, Brasil e em tribos indígenas brasileiras(2002) Alcântara, Luiz Carlos Júnior; Castro Filho, Bernardo GaivãoPoucos estudos analisaram a diversidade genética de HTLV em Salvador que têm características sócio-demográficas similares a algumas cidades africanas e apresenta a mais elevada prevalência para o HTLV-I (1,35%) em doadores de sangue do Brasil. Nós investigamos a real prevalência nesta população, 1,76% (23/1385). As taxas de infecção foram 1,2% e 2,0% para homens e mulheres, respectivamente, que aumentou com a idade. Quando nós analisamos uma coorte constituída por gestantes, encontramos uma freqüência de 0,9% (57 de 6754). Através de análise filogenética de parte do gene LTR virai, nós investigamos na população geral, gestantes, indivíduos com HAM/TSP e UDIs os subtipos de HTLV-I circulantes em Salvador. Demonstramos que a maioria das amostras pertence ao grupo da América Latina, subgrupo A (subtipo a). RFLP de fragmentos gênicos da globina p em 34 destes indivíduos demonstrou que 29.4% dos cromossomos são do haplótipo tipo CAR (Banto), sugerindo que Salvador recebeu também africanos do sul da África durante o tráfico de escravos. Assim, nossos resultados corroboram as hipóteses de múltiplas introduções pósColombianas do subgrupo A em Salvador. Nós também analisamos o polimorfismo do HTLV-ll em UDIs de Salvador e demonstramos que a maioria deles está relacionada à variante molecular Brasileira do subtipo lia. Assim, demonstramos pela primeira vez no Brasil a presença de um subtipo 11a, de UDIs, relacionado aos isolados 11a da América do Norte/Europa. Para investigar aspectos da epidemiología molecular das infecções causadas pelos HTLV-1, HTLV- II, e HlV-1 em populações indígenas brasileiras, testamos 683 e 321 soros de índios das tribos Tiriyo e Waiampi, respectivamente. As infecções pelo HIV-1 e HTLV-ll foram detectadas com prevalências muito baixas entre os Tiriyos, enquanto somente HTLV-I estava presente, com baixa prevalência, entre o Waiampis. Análise filogenética do gene env do HTLV-ll isolado dos Tiriyos mostrou que estas seqüências se agrupam mais próximas dos isolados de HTLV-ll de UDIs que vivem em áreas urbanas do sul do Brasil, do que aos isolados da tribo Kayapo. Isto confirma que a maioria das cepas brasileiras de HTLV-lia compreende um grupo filogenético com um considerável grau de diversidade.Item Suscetibilidade genética à infecção pelo Mycobacterium tuberculosis em indígenas da etnia Xavante (Mato Grosso - Brasil)(2009) Zembrzuski, Verônica Marques; Hutz, Mara HelenaA tuberculose, doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb), constitui, em escala mundial, um sério problema de saúde pública, com altos índices de morbidade e mortalidade. Alguns grupos são mais suscetíveis à doença, como é o caso das populações indígenas brasileiras. Estudos prévios indicam um risco dez vezes maior de contrair a tuberculose, e morrer devido a ela, nessas populações do que na população brasileira como um todo. Exemplos disso são as altas incidências de tuberculose em indivíduos da etnia Xavante. Evidências sugerem um forte componente genético na suscetibilidade à tuberculose e aos fenótipos relacionados à doença. Um desses fenótipos é a anergia ao PPD, isto é, a ausência de reatividade ao teste que utiliza derivados de proteína purificada da bactéria para verificar resposta imune celular e diagnosticar infecção pelo Mtb. Vários são os genes associados à suscetibilidade à tuberculose ou à infecção pelo bacilo em diferentes populações. Com o objetivo de investigar essa suscetibilidade genética em ameríndios brasileiros, neste estudo foram analisados 19 polimorfismos em 15 genes envolvidos com a resposta imune já identificados com resistência/suscetibilidade à tuberculose (SLC11A1, VDR, SP110, P2X7, PTPN22, IL1B, IL12RB1, IFNGR1, TNFR1, IFNG, IL2, IL10, IL6, IL4 e IL4R). A amostra foi composta por 492 indivíduos de uma população da etnia Xavante, da aldeia Etéñitépa, localizada no Estado de Mato Grosso, região central do Brasil. Os seguintes resultados foram obtidos: a) redução ou ausência de variabilidade em seis variantes (SP110 éxon 11 C>T e íntron 6 C>T, PTPN22 1858 C>T, IL12RB1 641 A>G e 1094 T>C e IL6 -174 G>C); b) associação entre os polimorfismos IFNG +874 A>T e IL4 -590 T>C e reatividade ao PPD (P=0,018 e 0,009, respectivamente). Após ajustes na regressão de Poisson com variância robusta, os genótipos IFNG +874 T/A e IL4 -590 C/C foram duas vezes mais prevalentes do que seus genótipos complementares (1,9; CI: 1,1-3,1 e 2,0; CI: 1,2-3,3, respectivamente); c) o polimorfismo IL10 -1082 A>G foi associado com anergia ao PPD (P<0,001); o risco de anergia foi de 1,5 (CI: 1,2-1,7) em indivíduos homozigotos para o alelo G, comparados com portadores do alelo A; d) em relação à reatividade ao PPD, nenhum dos outros polimorfismos mostrou alguma associação; e) não foram observadas associações significativas entre os genes estudados e tuberculose. Os resultados obtidos sugerem que o componente genético tem uma grande influência nos mecanismos imunes relacionados à anergia ao PPD e, conseqüentemente, à infecção pelo Mtb nos Xavante.Apesar da ausência de associações em relação à tuberculose, há uma complexidade dos fatores genéticos nas doenças infecciosas e o envolvimento de muitos genes na etiologia da doença. Portanto, a replicação deste estudo em outros grupos indígenas e a pesquisa de outros genes, que poderiam estar envolvidos com a suscetibilidade à tuberculose e aos fenótipos a ela relacionados, são essenciais para se ter um melhor entendimento do sistema imune humano e seus complexos mecanismos de resposta, podendo fornecer, futuramente, novos alvos para tratamentos preventivos e profiláticos diferenciados para grupos étnicos específicos.Item A fecundidade entre os Guarani: um legado de Kunhankarai(2000) López, Glória Margarita Alcaraz; Confalonieri, Ulisses E.; Ramirez, HumbertoIdentifica o padräo de fecundidade das mulheres indígenas Guarani-Mbyá, do Município de Paraty, Rio de Janeiro, e analisa as inter-relaçöes entre a fecundidade e as formas de ver e vivenciar o mundo nessa cultura. O texto se desenvolve através de uma triangulaçäo metodológica, entre métodos quantitativos e qualitativos e retrocede ao período Jesuítico (1641-1808), para compor o comportametno da fecundidade nessa época. Os achados mostram, para 1997-1999, uma Taxa Bruta de Natalidade de 61 por 1.000, e uma Taxa de Fecundidade Total de 12 filhos. Esse padräo supera em mais de três vezes o reportado para a populaçäo brasileira. Encontrou-se uma fecundidade elevada, entre 1641-1808 e entre 1946-1999, a qual näo apresentou mudanças. O padräo continua similar, apesar da média de 5 migraçöes por pessoa, sendo as práticas culturais um dos fatores contribuintes para o padräo de elevada fecundidade. De fato, o mundo Guarani vivencia duas dimensöes: uma terrestre e outra sobrenatural. Ambas se entrelaçam, formando um tecido amplo e complexo onde circulam deuses, espíritos maus, espíritos de natureza, espíritos de mortos e os Guarani. Nesse tecido tem destaque a importância social e religiosa que a fecundidade representa para os Guarani e como eles, através da fecundidade, exercem parte do controle social do grupo. Com os dados coletados constata a importância de iniciar reflexöes em saúde reprodutiva, com a participaçäo dos homens e mulheres, assim como realizar trabalhos em saúde indígena, dentro de um marco de interdisciplinaridade e interculturalidade.Item Saúde e doença entre os Panará, povo indígena amazônico de contato recente, 1975-2007(2013) Rodrigues, Douglas Antônio; Gimeno, Suely Godoy Agostinho; Pagliaro, Heloísa; Oliveira, Lavínia Santos de SouzaO objetivo deste estudo foi descrever e analisar o processo Saúde-doenca de um povo indigena amazonico num periodo de trinta e cinco anos, desde a quebra de seu estado de isolamento, em 1973, ate o ano de 2007, tendo como referencia a experiencia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, no Parque Indigena do Xingu. O caminho metodologico percorrido caracterizou este estudo na vertente exploratoria e interdisciplinar, com triangulacao entre a pesquisa etno-historica, a abordagem socio-epidemiologica do processo Saúde-doenca e a mensuracao, pelos instrumentos da epidemiologia descritiva, de alguns dos principais agravos a Saúde que atingiram os Panara ao longo dos anos que se sucederam a sua atracao e contato com a nossa sociedade. As fontes de informacoes etno-historicas foram obtidas a partir de arquivos historicos da Fundacao Nacional do Indio, pesquisas em veiculos da midia a epoca do contato, pesquisas academicas e publicacoes sobre etnologia e historia do Brasil colonial e da ocupacao da regiao Centro-Oeste do pais pelas frentes de colonizacao durante o seculo passado. Para a abordagem socio-epidemiologica foi utilizada a base de dados do Projeto Xingu da EPM/UNIFESP e as informacoes de cadernos de campo do pesquisador e de relatorios de trabalho das equipes de Saúde do Projeto Xingu. Para completar a analise foram utilizados resultados parciais de uma pesquisa realizada pela EPM/UNIFESP entre 2006 e 2007, da qual foram obtidas informacoes sobre aspectos antropometricos e sorologicos de todos os adultos Panara acima de 20 anos de idade, resultados de exames citologicos do colo do utero das mulheres Panara com vida sexual ativa, que evidenciaram lesoes precursoras do cancer do colo uterino, consequentes a infeccao pelo papilomavirus humano (HPV) e alguns indicativos da emergencia de doencas cronicas nao transmissiveis (em especial as dislipidemias, obesidade, hipertensao arterial sistemica e diabetes mellitus). Constatou-se que o contato com a sociedade nacional determinou mudancas no processo Saúde-doenca do Povo Panara que permanecem ate os dias atuais, caracterizadas pela alta morbi-mortalidade por doencas infecciosas e parasitarias e, ao longo do tempo, com a intensificacao das relacoes de contato e consequentes mudancas no estilo tradicional de vida, a emergencia de doencas cronicas nao transmissiveis. Concluiu-se pela necessidade de estruturacao de politicas de Saúde diferenciadas e que possam ser exequiveis no ambito subsistema de Saúde indigena para os povos que se encontram em contato inicial com a sociedade nacional e planos de contingencia para aqueles que permanecem em isolamento voluntario no territorio brasileiro, para quando ocorrer a inevitavel quebra do isolamento, tendo em vista as pressoes continuadas que o modelo de desenvolvimento e crescimento da economia brasileira impoem sobre seus territorios.Item O aleitamento materno e a alimentação infantil entre os indígenas da região oeste do estado de São Paulo: um movimento entre a tradição e interculturalidade.(2013) Mandarano da Silva, Larissa; Silva, Isilia AparecidaItem Avaliação de fatores de risco cardiovascular, com ênfase na hipertensão arterial, em indígenas da etnia Mura: Estudo comparativo entre população rural e urbana.(2016) Souza Filho, Zilmar Augusto de; Pierin, Angela Maria GeraldoItem Estudo epidemiologico da infeccao por Helicobacter pylori em criancas indias do Parque Indigena do Xingu(2009) Pardo, Mario Luis Antonio EscobarObjetivo geral: Avaliar a prevalencia da infeccao por Helicobacter pylori em criancas indias do Parque Indigena do Xingu. Objetivos especificos: 1. Avaliar a incidencia e a erradicacao espontanea do Helicobacter pylori apos 1 ano; 2. Avaliar a associacao entre a parasitose intestinal e a infeccao por Helicobacter pylori; 3. Identificar fatores de risco relacionados a infeccao por Helicobacter pylori. Metodologia: Estudo de coorte longitudinal. Casuistica: A deteccao do Helicobacter pylori na primeira fase do estudo foi feita em agosto de 2007 em 245 criancas indias entre 1,98 e 9,74 anos (Idade media±DP= 5,27±2,19 anos; Mediana = 5,05 anos ), sexo M/F: 1,13, proveniente de 6 aldeias representativas do Parque Indigena do Xingu localizadas no curso medio e baixo do rio Xingu: Pavuru, Moygu, Tuiarare, Diauarum, Capivara, Ngojwere. A segunda coleta foi em agosto de 2008 em 171/245 criancas (69,8 %) entre 2,98 anos e 10,74 anos de idade (Idade media±DP= 6,25±2,23 anos, mediana 6,06), sexo M/F:0,84 das mesmas aldeias exceto Ngojwere e foi aplicado questionario. As amostras de fezes para a feitura do exame protoparasitologico foram armazenadas em solucao com formaldeido procedentes de 198/245 criancas (80,8%) na primeira fase e de 102/171 criancas (59,6%) na segunda fase. Metodos: O teste respiratorio com ureia-13C foi feito com espectrometro infravermelho (Infrared Isotope Analyzer, Wagner Analysen Technik, Bremen, Alemanha) para a deteccao do Helicobacter pylori. Foram empregadas bolsas aluminizadas com capacidade de 650ml conectadas a valvulas unidirecionais para a coleta de 2 amostras de ar expirado, em jejum e apos 30 minutos da inGestão de 50 mg de ureia-13C diluido em 100 ml de agua aromatizada com suco de maracuja e adocante. Resultados. Primeira fase. Nao houve diferenca significativa entre as idades medias das criancas avaliadas das 6 aldeias. A prevalencia geral de Helicobacter pylori foi de 73,5%, sem diferenca em relacao ao genero. Associacao significativa em relacao a presenca do H. pylori foi observada com o aumento da idade. Exame protoparasitogico foi positivo em 97,5% (197/202) das amostras de fezes coletadas, nao havendo associacao estatistica com a infeccao por Helicobacter pylori. Fatores de risco independentes para a infeccao foram observados em determinadas aldeias como Ngojwere (OR 8,12) e Tuiarare (OR 8,62). Segunda fase. Houve 15 novos casos de infeccao. A incidencia calculada a partir da populacao local com esta faixa etaria (15/310) foi de 4,84% (IC95% (2,8 u 7,8%). Por outro lado, 2/310 apresentaram eliminacao da infeccao (0,64%) IC 95% (0,1 u2,2%). Conclusoes: 1. A alta prevalencia e a alta incidencia de Helicobacter pylori foram compativeis com o alto indice de contaminacao ambiental desta comunidade. 2. Constituiram fatores de risco para contrair a infeccao por Helicobacter pylori, viver em determinadas aldeias ou ter determinadas etnias. 3. Os resultados sugerem que a eliminacao espontanea da infeccao e rara. 4.Nao encontrou-se associacao entre a presenca de parasitas e a infeccao por Helicobacter pyloriItem Saúde ocular em comunidades de índios e não-índios da região do alto Rio Negro, Estado do Amazonas, Brasil(2000) Garrido, Cristina Maria Bittencourt; Campos, Mauro Silveira de QueirozConsiderando-se de inestimavel importancia a Saúde ocular de uma populacao, esta pesquisa teve como objetivo avalia-la em comunidades de indios e nao-indios da cidade de Sao Gabriel da Cachoeira, regiao do Alto Rio Negro, Estado do Amazonas, Brasil. Este estudo transversal, abrangeu 496 individuos, sendo 395 indios (204 Aruks, 132 Tukanos e 59 Makus) e 101 nao-indios, de ambos os sexos e idades entre cinco e 82 anos. Todos foram submetidos a exame oftalmologicos a colheita de material para exames laboratoriais (citologia conjuntival com coloracoes para C. trachomatis, biopsia de pele e colheita de sangue para identificacao de filarias ou microfilarias). Observamos que a AV/sc bem como a Av/cc nao, variaram entre os indios Aruaks, Tukanos e Makus. Na comparacao da Av/sc entre os indios e os nao-indios nao houve variacao, todavia a AV/cc mostrou-se pior nos indios. A causa mais comum de BAV entre os grupos estudados foi a ametropia. Apos sua correcao, constatamos que a BAV ocorreu mais precocemente nos indios (a partir dos 39 anos) do que nos nao-indios (a partir dos 60 anos) tendo como principal, causa a catarata. Entre os indios, houve prevalencia de cegueiras bi e inonocular de O,51 por cento e 1,77 por cento respectivamente e entre os nao-indios de O,OO por cento e 1,98 por cento. Os casos de cegueira binocular e 89 por cento daqueles de cegueira monocular foram acarretados pela catarata A alta prevalencia de cegueira por catarata, afeccao de causa reversivel, denota a carencia de cuidados medicos e a desinformacao da populacao pesquisada. Encontramos entre os indios, em ordem decrescente de frequencia, as seguintes, afeccoes oculares: ametropia, tracoma, pterigio, catarata, ceratite parasitaria, afeccoes, retinianas, glaucoma, leucoma, ambliopia e atrofia bulbar. Entre os nao-indios, registramos as mesmas afeccoes oculares porem nao ocorreram casos de leucoma, ambliopia e atrofia bulbar. Ao comparar a frequencia de afeccoes oculares entre os grupos, observamos numero significantemente maior de indios com ametropia, tracoma, pterigio, catarata e ceratite parasitaria provavelmente devido aos seus habitos de vida tribais. O tracoma causou BAV somente entre o s indios com mais de 60 anosItem Prevalência da Cárie dentária na dentição decídua de criança da comunidade indígena Kaiowá-Guarani do Mato Grosso do Sul e associação com fatores de risco(2004) Parizotto, Symone Pimentel Castro de Oliveira; Rodrigues, Célia Regina Martins DelgadoItem Gestão participativa no Distrito Sanitário Especial Indígena Cuibá: uma análise de sua viabilidade política(2015) Vargas, Karem Dall" Acqua; Zioni, FabíolaEste trabalho se inscreve no campo da saúde pública em sua perspectiva interdisciplinar, pois mobiliza conhecimentos oriundos da epidemiologia, do planejamento e das ciências humanas e sociais. Nosso objetivo central foi analisar a viabilidade política do planejamento participativo na Terra Indígena Tirecatinga, DSEI Cuiabá, Estado de Mato Grosso, Brasil. A fundamentação teórica utilizada foi a Teoria do Jogo Social de Carlos Matus que visita e amplia duas outras teorias formuladas pelo autor: a Teoria das Situações e a Teoria da Produção Social. A estratégia metodológica escolhida foi o Estudo de Caso tendo em vista que a formulação de um plano local por meio do planejamento estratégico situacional tratou-se de um caso não significando que o processo e os resultados obtidos poderão ser generalizados para as demais comunidades indígenas do território nacional. Os depoimentos foram submetidos à Análise do Discurso segundo hipóteses de Dominique Mainguenau. Esperamos que o exercício do planejamento em território indígena amplie a compreensão da situação de saúde dos índios que vivem na Terra Indígena Tirecatinga, território adstrito ao DSEI Cuiabá; estenda a compreensão sobre as lógicas de ação que permeiam as práticas dos sujeitos nos espaços de participação social; que o planejamento seja um instrumento de reflexão e mudança para a organização fornecendo subsídios para a institucionalização do mesmo tendo em vista as necessidades dos sujeitos e, sobretudo, promova a reflexividade e a atividade crítica na comunidade indígena participanteItem O cuidado no espaço de intermedicalidade em uma aldeia indígena(2015) Ribeiro, Aridiane Alves; Rossi, Lídia AparecidaO objetivo deste estudo foi interpretar a realidade social e política, na qual se estabelece o cuidado intercultural vivenciado por indivíduos na zona de intermedicalidade de uma aldeia, partindo da perspectiva dos usuários indígenas e dos profissionais de saúde ameríndios e não-indígenas. As bases teóricas que ancoraram a coleta e análise interpretativa dos dados incluíram: a Etnografia, Antropologia Interpretativa, Modelos explanatórios e abordagem cultural safety. Mediante aprovação do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa, procedeu-se trabalho de campo na Terra Indígena Buriti, localizada nos munícipios Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, Mato Grosso do Sul, Brasil. Realizou-se observação participante nas unidades de saúde e no cotidiano das famílias nas aldeias, bem como no Pólo de Sidrolândia. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com 16 indígenas usuários do serviço, 12 profissionais de saúde terenas e seis trabalhadores de saúde não-indígenas. A análise dos dados, simultânea à coleta, ocorreu na perspectiva da Hermenêutica Dialética por meio da análise temática. Os preceitos éticos foram seguidos. Neste estudo, identificaram-se dois temas: 1) Doença é pior que a morte: explicações sobre o processo de adoecimento retrata como o processo saúde-doença é interpretado pelos participantes. Saúde, para os terenas, é um aspecto primordial na vida deles. O processo de adoecer envolve a perda e/ou a redução da disposição física, psíquica e espiritual para desenvolver atividades cotidianas. Espiritualidade, higiene, alimentação e a questão da posse de terra impactam o processo de adoecimento terena. 2) A intermedicalidade do sistema de cuidado em saúde terena que retrata os significados atribuídos pelos participantes à coexistência e intercomunicações (intermedicalidade) entre as formas de cuidados em saúde terena: medicina terena, espiritualidade, modo de vida e o serviço oficial de atenção à saúde (sistema Pólo/Posto). O sistema de cuidado dos terenas revela o processo de indigenização dos serviços de saúde. A medicina terena é entendida sob dois âmbitos: um centralizado no conhecimento tradicional indígena, que inclui uso de ervas, atividades de parteiras e de puxadores de pernas; e outro nos aspectos místicos e sobrenaturais para sua execução: rezas e prática da pajelança, com destaque para redução do número de pajés. A espiritualidade como opção terapêutica é representada pela fé do terena em Deus, concretizada pela oração. O modo de vida do terena engloba principalmente dois aspectos: centralidade na família e o cuidado com higiene individual e ambiental. O sistema Polo/Posto é procurado pelo terena conforme a cartela de serviços ofertada pelas unidades e segundo suas necessidades peculiares, os casos que o terena não consegue resolver. Neste âmbito de cuidado, há a produção de encontros do cuidado pautados pelo vínculo, confiança, diálogo e agir dos profissionais culturalmente sensível. Há, também, desencontros do cuidado favorecidos por prioridades estabelecidas em metas, atendimento queixa-conduta e precária infraestrutura. Observou-se um processo maciço do uso de medicação. Os aspectos identificados nos relatos dos participantes sobre o sistema de cuidado terena são atravessados pela historicidade do povo terena, questão da posse de terra, medicalização da sociedade, higienismo, integração entre corpo, cosmos e terra, espiritualidade com diversidade religiosa, cultura terena centrada na família, atividades programáticas de saúde na atenção básica, biomedicina, transporte precário e baixa resolutividade. Diabetes e hipertensão arterial foram as doenças registradas pelo Pólo e significadas pelos participantes como as principais enfermidades da população. Há a coexistência de medicinas híbridas em todos âmbitos de cuidado em saúde terena. É importante que a intermedicalidade ocorra nos espaços do sistema Pólo/Posto sem sobreposição do saber médico e/ou da lógica institucional à sabedoria terenaItem Obesidade e fatores associados entre os adultos Xavante, Mato Grosso, Brasil(2014) Tavares, Felipe Guimarães; Coimbra Junior, Carlos Everaldo Alvares; Cardoso, Andrey Moreira; Welch, James RobertIntrodução: A obesidade é considerada um importante problema de saúde pública na atualidade, constituindo-se um fator de risco para diversas doenças não transmissíveis. Entre os povos indígenas no Brasil, a emergência de obesidade tem sido associada a mudanças nos padrões de alimentação, de atividade física e de exposição a determinantes sociais da saúde, em geral relacionados à história de contato com sociedades não indígenas. Este estudo teve por objetivo descrever a ocorrência de obesidade e fatores associados em adultos indígenas Xavante. Métodos: Trata-se de um inquérito nutricional realizado na população Xavante das terras indígenas Pimentel Barbosa e Wedezé ≥ 15 anos, estado do Mato Grosso, Brasil Central, no período de junho a agosto de 2011. Foram investigadas oito das 10 aldeias existentes no território. Coletaram-se dados antropométricos, de bioimpedância e socioeconômicos. Resultados: Participaram deste estudo 479 indivíduos e de ambos os sexos, correspondendo a 92,4% da população alvo. O índice de massa corporal apresentou média de 26,9kg/cm2 (DP: 3,8). Mais da metade da população apresentava excesso de peso (sobrepeso: 43,0%; obesidade 20,9%). No modelo de regressão, as prevalências de obesidade foram maiores nos indivíduos com idade entre 20 e 49 anos, em indivíduos morando em domicílios com nível médio de consumo de alimentos de cultivo e criação, e morando em domicílios com nível baixo de consumo de alimentos de coleta, caça e pesca. Essas prevalências também foram maiores em indivíduos classificados nos níveis médio e alto do indicador socioeconômico de bens de casa, estimado por análise fatorial. Foram observadas fortes correlações do índice de massa corporal, do perímetro da cintura e do percentual de gordura corporal entre si e com medidas de peso e dobras cutâneas (tricipital e subescapular). Conclusão: A obesidade é um problema de saúde presente entre os Xavante, estando associada a fatores socioeconômicos e padrões de subsistência e consumo alimentar. Faz-se necessária à criação e implementação de políticas públicas de saúde e nutrição voltadas para estes povos, principalmente no âmbito da prevenção das doenças e agravos não transmissíveis, atentando para suas especificidades culturais.Item O cuidado no espaço de intermedicalidade em uma aldeia indígena(2015) Ribeiro, Aridiane Alves; Rossi, Lídia AparecidaO objetivo deste estudo foi interpretar a realidade social e política, na qual se estabelece o cuidado intercultural vivenciado por indivíduos na zona de intermedicalidade de uma aldeia, partindo da perspectiva dos usuários indígenas e dos profissionais de saúde ameríndios e não-indígenas. As bases teóricas que ancoraram a coleta e análise interpretativa dos dados incluíram: a Etnografia, Antropologia Interpretativa, Modelos explanatórios e abordagem cultural safety. Mediante aprovação do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa, procedeu-se trabalho de campo na Terra Indígena Buriti, localizada nos munícipios Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, Mato Grosso do Sul, Brasil. Realizou-se observação participante nas unidades de saúde e no cotidiano das famílias nas aldeias, bem como no Pólo de Sidrolândia. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com 16 indígenas usuários do serviço, 12 profissionais de saúde terenas e seis trabalhadores de saúde não-indígenas. A análise dos dados, simultânea à coleta, ocorreu na perspectiva da Hermenêutica Dialética por meio da análise temática. Os preceitos éticos foram seguidos. Neste estudo, identificaram-se dois temas: 1) "Doença é pior que a morte: explicações sobre o processo de adoecimento" retrata como o processo saúde-doença é interpretado pelos participantes. Saúde, para os terenas, é um aspecto primordial na vida deles. O processo de adoecer envolve a perda e/ou a redução da disposição física, psíquica e espiritual para desenvolver atividades cotidianas. Espiritualidade, higiene, alimentação e a questão da posse de terra impactam o processo de adoecimento terena. 2) "A intermedicalidade do sistema de cuidado em saúde terena" que retrata os significados atribuídos pelos participantes à coexistência e intercomunicações (intermedicalidade) entre as formas de cuidados em saúde terena: medicina terena, espiritualidade, modo de vida e o serviço oficial de atenção à saúde (sistema Pólo/Posto). O sistema de cuidado dos terenas revela o processo de indigenização dos serviços de saúde. A medicina terena é entendida sob dois âmbitos: um centralizado no conhecimento tradicional indígena, que inclui uso de ervas, atividades de parteiras e de "puxadores de pernas"; e outro nos aspectos místicos e sobrenaturais para sua execução: rezas e prática da pajelança, com destaque para redução do número de pajés. A espiritualidade como opção terapêutica é representada pela fé do terena em Deus, concretizada pela oração. O modo de vida do terena engloba principalmente dois aspectos: centralidade na família e o cuidado com higiene individual e ambiental. O sistema Polo/Posto é procurado pelo terena conforme a cartela de serviços ofertada pelas unidades e segundo suas necessidades peculiares, os casos que o terena "não consegue resolver". Neste âmbito de cuidado, há a produção de encontros do cuidado pautados pelo vínculo, confiança, diálogo e agir dos profissionais culturalmente sensível. Há, também, desencontros do cuidado favorecidos por prioridades estabelecidas em metas, atendimento queixa-conduta e precária infraestrutura. Observou-se um processo maciço do uso de medicação. Os aspectos identificados nos relatos dos participantes sobre o sistema de cuidado terena são atravessados pela historicidade do povo terena, questão da posse de terra, medicalização da sociedade, higienismo, integração entre corpo, cosmos e terra, espiritualidade com diversidade religiosa, cultura terena centrada na família, atividades programáticas de saúde na atenção básica, biomedicina, transporte precário e baixa resolutividade. Diabetes e hipertensão arterial foram as doenças registradas pelo Pólo e significadas pelos participantes como as principais enfermidades da população. Há a coexistência de medicinas híbridas em todos âmbitos de cuidado em saúde terena. É importante que a intermedicalidade ocorra nos espaços do sistema Pólo/Posto sem sobreposição do saber médico e/ou da lógica institucional à sabedoria terenaItem Políticas públicas na saúde indígena e ocorrência de endoparasitos em uma comunidade Guarani Mbyá.(2015) Pedroso, Débora; Berne, Maria Elisabeth Aires; Villela, Marcos MarreiroHistoricamente os indígenas possuem problemas relacionados com as condições de saúde, devido, principalmente às condições sanitárias a que estão sujeitos.A falta dessas condições gera fortes impactos sobre a saúde das populações. Pesquisas de endoparasitos em índios no Brasil e na América Latina são escassas e os poucos estudos realizados apontam que as doenças parasitárias podem atingir mais de 50% da população estudada, independente de faixa etária e sexo, sendo frequente o poliparasitismo. O presente estudo teve por objetivo conhecer as políticas públicas existentes para saúde da população indígena no Brasil, como também realizar um diagnóstico epidemiológico da saúde dos indígenas da aldeia Alvorecer no município de São Miguel das Missões. A metodologia realizada e os resultados que compõem esta tese estão apresentados sob a forma de artigos. O primeiro artigo versa sobre o apanhado histórico do processo das políticas indianistas de saúde no Brasil, o segundo artigo, trata-se de um censo populacional obtido a partir do questionário epidemiológico que investigou as condições sanitárias, de moradia e saúde familiar, ainda se verificou a ocorrência de enteroparasitos. O terceiro e último artigo avalioua soroprevalência de anticorpos da classe IgG contra Toxocara canis,e a relação entre a soropositividade e o número de eosinófilos. Segundo os resultados obtidos: temseum panorama geral sobre o melhoramento das políticas de saúde para a população indígena no Brasil; a infecção por enteroparasitos está presente na população estudada de maneira relevante; a sororreatividade para Toxocaraspp. detectada, indica que as crianças estão expostas a esse nematódeo. Destaca-se que foi o primeiro trabalho realizado sobre parasitoses e condições sanitárias nessa população, servindo então como referência para estudos posteriores.Item Perfil Clínico e tratamento de crianças indígenas Guarani hospitalizadas por infecção respiratória aguda baixa - Sul e Sudeste do Brasil(2016) Souza, Patricia Gomes de; Sant'Anna, Clemax Couto; Cardoso, Andrey MoreiraIntrodução: As infecções respiratórias agudas baixas (IRAB) são a principal causa de morbidade e mortalidade entre crianças no mundo, com expressividade nos povos indígenas. Na infância, as IRAB são representadas principalmente pela pneumonia adquirida na comunidade (PAC) e a bronquiolite viral aguda (BVA), sendo a sibilância um dos sintomas respiratórios mais comuns em lactentes. Devido às dificuldades no acesso ao diagnóstico etiológico por meio de exames laboratoriais, os critérios clínico-radiológicos são os métodos mais utilizados. Sendo assim, conhecer o perfil das IRAB nas crianças Guarani se torna necessário para a formulação do tratamento adequado e o planejamento dos programas de saúde. Objetivos: Descrever a prevalência de sibilância e investigar possíveis fatores associados; descrever o perfil clínico e o manejo terapêutico das hospitalizações por IRAB; comparar o tratamento instituído nas hospitalizações com o preconizado nas Diretrizes. Métodos: Estudo transversal com 234 crianças indígenas Guarani menores de cinco anos de idade residentes na região Sul e Sudeste do Brasil, recrutadas a partir de um sistema de vigilância implantado nas aldeias entre os anos 2007 e 2008. Baseado em critérios clínico-radiológicos, os autores classificaram a IRAB em viral, bacteriana e viral-bacteriana. Os dados foram extraídos por revisão dos prontuários hospitalares, sendo excluídos aqueles com dados do tratamento incompletos. Foram realizadas duas análises distintas: 1) no programa Stata 10, foram descritas as distribuições de frequência de hospitalizações e as prevalências de sibilância. Estimaram-se razões de prevalência de sibilância brutas e ajustadas segundo categorias das variáveis exploratórias por regressão de Poisson com ajuste para variância robusta, considerando o IC de 95%; 2) no programa SPSS, foram descritas as distribuições de frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas e procedeu-se a análise das variáveis de interesse segundo as categorias da IRAB utilizando-se o teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher, considerando o IC de 95%. O coeficiente Kappa foi aplicado no intuito de verificar o nível de concordância entre a HD do médico assistente e a classificação diagnóstica do estudo. Após, realizou-se a análise bivariada por meio de regressão logística multinomial, estimando-se na forma de OR a associação entre as variáveis, sendo a IRAB viral-bacteriana considerada a categoria de referência. Resultados: A prevalência de sibilância foi de 58,1%; permaneceram significativamente associadas à sibilância no modelo final: faixa etária, inversamente associada (0-11 meses: referência; 24-35 meses: 0,63 IC95%: 0,40-0,99), internação no outono (verão: referência; outono: 1,58 IC95% 1,05-2,40), dispneia (1,41 IC95%: 1,09-1,83), tiragem (1,42, IC95% 1,16-1,73) e estertor (1,43 IC95%: 1,09-1,87). A maioria das crianças foi classificada como IRAB viral (40,8%), seguida de bacteriana (35,1%) e viral-bacteriana (24,1%). A proporção de concordância global entre a HD do médico assistente e a classificação diagnóstica do estudo foi de 45,5% (K=0,165; p<0,001). Na análise de regressão multinomial, ao comparar a IRAB bacteriana com a viral-bacteriana, a chance de ter tosse foi 3,1 vezes maior na bacteriana (IC95%: 1,11-8,70) e a de ter tiragem, 61,0% menor (OR 0,39; IC95%: 0,16-0,92). Na comparação da IRAB viral com a viral-bacteriana, a chance de ser do sexo masculino foi 2,2 vezes maior na viral (IC95%: 1,05-4,69) e a de ter taquipneia, 58,0% menor (OR 0,42; IC95%: 0,19-0,92). Em cerca de 1/3 das hospitalizações, o tratamento foi considerado adequado de acordo com as Diretrizes. Conclusão: Os resultados mostraram maior proporção de processos virais e a presença de infecção viral-bacteriana. Além disso, foi elevada a carga de morbidade por sibilância. Parte da resolubilidade da IRAB não grave ocorreu no nível hospitalar e menos da metade das hospitalizações foram tratadas de forma adequada. Propõe-se que os serviços priorizem ações que visem à melhoria da assistência à saúde indígena na atenção primária e no nível hospitalar, requer maior investimento nos métodos específicos para diagnósticos etiológicos e em treinamentos dos profissionais de saúde.Item Doença de Jorge Lobo entre os índios Caiabi: epidemiologia, análise histopatológica e imuno-histoquímica nas diferentes apresentações clínicas(2014) Floriano, Marcos César; Tominori, Jane; Enokihara, Mílvia Maria Simões e Silvantrodução: A doença de Jorge Lobo (DJL) é infecção fúngica crônica de acometimento da pele e há uma prevalência inusitada entre os índios Caiabi, povo que habita a região central do Brasil. Objetivos: 1) Descrever e revisar a epidemiologia da DJL entre os índios Caiabi desde os primeiros relatos até o presente momento. 2) Avaliar e comparar os aspectos histopatológicos e a resposta imune tecidual nas diferentes lesões cutâneas de um mesmo doente, assim como nos nódulos de doentes com formas localizadas e disseminadas. Métodos: 1) Realizada revisão da literatura indexada, de livros e registros de todos os casos da DJL entre os índios Caiabi, desde os primeiros relatos até os dias de hoje. 2) Numa amostra de 24 índios Caiabi com DJL, foram realizados os exames histopatológicos e imunohistoquímicos com marcadores de respostas imunológicas em amostras de diferentes lesões cutâneas num mesmo doente e de nódulos de doentes com formas localizadas e disseminadas. Resultados: 1) O número total de casos da DJL entre os índios Caiabi, desde os primeiros relatos até o presente momento, é de 63. A forma localizada foi significantemente mais presente no sexo feminino e a forma disseminada significantemente mais presente no sexo masculino. 2) Nas diferentes lesões cutâneas (nódulo, úlcera e atrofia), os dados que apresentaram significância estatística (p<0,05) foram: maior presença de células CD68+, CD3+, CD54+ e maior número de fungos no nódulo que na atrofia; maior presença de células CD3+, CD8+, CD20+ e CD25+ na úlcera que na atrofia; maior presença de v células CD25+ na úlcera que no nódulo; maior presença de células CD8+ nas formas localizadas que nas formas disseminadas. Discussão e Conclusões: 1) A DJL apresenta uma única e impressionante prevalência entre os índios Caiabi, além de um comportamento distinto entre os sexos, predominando formas disseminadas nos homens e localizadas nas mulheres. 2) A atrofia parece representar uma regressão da atividade da doença e a úlcera parece representar maior atividade imunológica de padrão Th1. Há maior expressão de linfócitos T CD8+ nas formas localizadas, sendo uma das possíveis diferenças de resposta imunológica do hospedeiro que justificam essa apresentação clínica em alguns doentes.