DCS - Teses de Doutorado
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Item A fecundidade dos povos indígenas no Brasil : níveis, padrões e determinantes(2020) Cruz, Anna Karoline Rocha da; Azevedo, Marta Maria do Amaral,O tema da fecundidade tem sido, desde o início da segunda metade do século XX, objeto de estudo para cientistas que desenvolveram abordagens que contribuíram para o entendimento da dinâmica demográfica de todas as populações. Para os povos indígenas no Brasil esse tema vem ganhando relevância entre pesquisadores contemporâneos. Estes povos, conforme vários estudos, possuem diferentes níveis e padrões de fecundidade das mulheres. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a relação entre os níveis e padrões da fecundidade com alguns aspectos históricos, socioeconômicos e culturais dos povos indígenas no Brasil. Os resultados mostram uma fecundidade com níveis elevados, se comparados com os dos não indígenas, para todos os distritos sanitários de saúde indígena, com diferenças significativas entre aqueles distritos que estão situados na Amazônia e os das demais regiões do país. Acredita-se que as altas fecundidades encontradas em alguns distritos na Amazônia estejam relacionadas a questões culturais de cada povo, como também pelas distâncias das comunidades indígenas dos centros urbanos, diferentemente do que ocorre com os distritos situados fora da Amazônia, que tiveram (e têm) um maior contato com a sociedade envolventeItem Indígenas do Estado do Rio de Janeiro segundo os Censos Demográficos 2000 e 2010: perfil populacional, distribuição espacial e características do domicílio Rio de Janeiro(2019) Cunha, Barbara Coelho Barbosa da; Santos, Ricardo Ventura; Almeida, Andréa SobralEm escala global, os indígenas, de maneira geral, constituem um segmento populacional vulnerável, apresentando indicadores sociodemográfico, econômico e de saúde piores do que o restante da população. Um fenômeno já observado em outros países diz repeito ao aumento de indígenas residentes em áreas urbanas, especialmente em áreas periféricas. Os censos realizados no Brasil ao longo das três últimas décadas evidenciaram que entre 40% e 50% dos indígenas residiam em áreas urbanas. Com o objetivo de caracterizar a população indígena do Estado do Rio de Janeiro e da área urbana da sua região metropolitana buscou-se através de indicadores sociodemográficos e econômicos, verificar sua distribuição espacial e as características do domicílio (saneamento e entorno), com base nos dados dos Censos Demográficos 2000 e 2010. Esta tese encontra-se estruturada no formato artigos. O primeiro, que compara os Censos 2000 e 2010, evidenciou que a maioria dos indígenas do Estado residia, em ambos os censos, em área urbana e na mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro. Contudo, as respostas positivas para as perguntas sobre língua indígena falada no domicílio e etnia (Censo 2010) se mostraram mais pronunciadas na área rural. Foram identificadas ainda mudanças nos indicadores referentes à renda, composição etária e tipo do setor de residência. O segundo artigo explorou dados de 2010 através de análises espaciais com foco nos setores censitários urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Verificou-se que os indígenas residiam majoritariamente nas zonas Sul e Centro do município do Rio de Janeiro, aproximando-se mais do padrão de distribuição espacial da população branca. Foi constatado também que na maioria dos setores (75%) não havia indígenas e que em 20% daqueles com indígenas havia um único residente indígena. A composição etária dos indígenas por sexo diferiu das demais categorias de cor ou raça. Finalmente, o último artigo abordou as condições socioeconômicas e de presença de saneamento e do entorno do domicílio na área urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro a partir dos dados de 2010. Os resultados revelaram diferenças marcantes entre os indicadores a depender do município. A variável mais frequente foi “lixo acumulado no logradouro”. Observou-se que, tal como evidenciado na literatura, os brancos residiam em locais com melhores condições socioeconômicas, de saneamento e do entorno, e os pretos e pardos nos menos satisfatórios. Para indígenas, em alguns recortes analisados o padrão se mostrou mais próximo daquele da população branca. Em conclusão, a tese apresenta uma detalhada caracterização dos indígenas captados nos Censos de 2000 e 2010 no Estado e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a partir de diferentes indicadores e recortes geográficos explorados, apontando para a ocorrência de desigualdades socioeconômicas e espaciais cuja interpretação requer nuançadas perspectivas que levem em consideração aspectos sóciohistóricos e demográficosItem Fecundidade e saúde reprodutiva do povo Kamaiurá(2015) Vitti, Vaneska Taciana; Azevedo, Marta Maria do AmaralEsta pesquisa se insere na interface entre dois campos de saberes a demografia e a antropologia, enfatizando especificamente a fecundidade do povo Kamaiurá. Para a análise demográfica calculamos os indicadores de fecundidade longitudinal ou por coorte e transversal ou por período para homens e mulheres entre os anos 1970 ¿ 2009. Nossa hipótese é que o ritmo de mudança que os Kamaiurá estão sofrendo, está alterando o comportamento reprodutivo, provocando uma queda nos níveis de fecundidade. Um dos principais resultados desta pesquisa sobre indígenas brasileiros é mostrar que o povo Kamaiurá detém o controle de sua fecundidade e tem uma escolha racional de sua dinâmica populacional. Esperamos que esta pesquisa possa servir como referencial etnográfico e com ideias que possam contribuir para o arcabouço teórico e metodológico sobre esse tema a outros pesquisadoresItem Tarja preta: um estudo antropológico sobre 'estados alterados' diagnosticados pela biomedicina como transtornos mentais nos Wajãpi do Amapari(2018) Rosalen, Juliana; Gallois, Dominique TilkinEsta pesquisa investiga a multiplicação dos diagnósticos de doenças mentais junto aos Wajãpi do Amapari e, concomitantemente, o aumento gradativo e discreto de prescrições de medicamentos psicotrópicos. A fim de compreender este fenômeno, são analisadas as explicações fornecidas pelas famílias acerca dos estados alterados de seus parentes, bem como os vários caminhos trilhados na tentativa de reversão dos mesmos. Nestes, as famílias estabelecem relações com os mais diversos agentes: pajés, médicos, psicólogos, missionários, pastores e curandeiros. Todas as relações abordadas nesse trabalho reforçam que, para os Wajãpi, só é possível viver realizando composições.Item Domicílios com indígenas nos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010 no Brasil: composição e análises de inter-relações entre composição segundo cor ou raça e condições socioeconômicas e sanitárias(2021) Silva, Leandro Okamoto da; Santos, Ricardo Ventura; Carmo, Cleber Nascimento do; Campos, Marden Barbosa deEssa tese analisa a composição sociodemográfica de indígenas declarados nos Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010 (Amostra) e investiga a existência de desigualdades no acesso a saneamento básico e energia elétrica com base no Censo Demográfico 2010 (Universo). Propomos uma metodologia inédita para a classificação de domicílios com indígenas: (a) Homogêneos: todos os moradores declarados indígenas; (b) Mistos com Responsável Indígena: indígenas e não indígenas declarados, e o responsável declarado indígena, e; (c) Mistos com Responsável Não Indígena: indígenas e não indígenas declarados, e o responsável não declarado indígena. Foram realizadas análises estatísticas descritivas e multivariadas, tendo por dimensões espaciais de agregação: Brasil, Grandes Regiões, situação (urbana/rural) e localização (dentro/fora de terras indígenas). Apesar das oscilações nos totais de indígenas declarados nos Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010, verificaram-se padrões e diferenciais marcantes e consistentes no período (entre os tipos) na distribuição espacial, ocupação, estrutura por sexo e idade, escolaridade e declaração de cor ou raça. Constatou-se significativa desigualdade nas condições de acesso às infraestruturas e serviços de saneamento básico e energia elétrica segundo cor ou raça . O valor dimensionado relativo ao acesso a esses serviços para indígenas em domicílios Homogêneos em situação urbana, fora de terras indígenas, no Sudeste, foi 6,2 vezes superior àquele para indígenas no mesmo tipo de domicílio em situação rural, dentro de terras indígenas, na região Norte. Em todas as desagregações, foram encontradas piores condições em domicílios Homogêneos que em Mistos, e em domicílios com Responsável Indígena do que com Responsável Não Indígena. As diferenças regionais e por situação se sobrepuseram às diferenças por tipo de domicílio e localização, com melhores condições em áreas urbanas que rurais, e nas regiões Sudeste e Sul, sendo o Norte, a região com menor acesso em geral. Os resultados apresentados destacaram perspectivas regionais específicas, relativas as desigualdades observadas, como, por exemplo, entre indígenas declarados em: domicílios Homogêneos, em situação urbana, fora de terras indígenas, no Norte; domicílios Homogêneos, em situação rural, dentro de terras indígenas, no Norte; em domicílios Mistos, em situação urbana, fora de terras indígenas, no Sudeste e Nordeste. Essas desigualdades refletem políticas públicas fragmentadas, regionalmente concentradas, pressões econômicas, processos de desterritorialização, projetos de integração nacional, entre muitos fatores que impactam as condições de vida e de saúde dos povos indígenas no Brasil. A metodologia de classificação empregada mostrou-se vantajosa em relação aos métodos usualmente adotados em três aspectos: (1) proporcionou um maior número de domicílios e indivíduos selecionados, com maiores ganhos em áreas urbanas do Sudeste e Nordeste; (2) ganhos qualitativos na análise, proporcionado pelas desagregações obtidas, e; (3) uma maior flexibilidade na composição de critérios de seleção. O desenvolvimento de novas técnicas e o debate crítico sobre o tratamento e classificação dos dados, debatidos nessa pesquisa, são importantes para uma melhor compreensão dos resultados pretéritos e para o aprofundamento dos estudos sobre desigualdade por cor ou raça no país, necessários para a elaboração e condução de políticas públicas focalizadas adequadas às reais necessidades dos povos indígenas no Brasil.Item Domicílios indígenas nos censos demográficos: classificação, composição e interfaces com a saúde(2015) Marinho, Gerson Luiz; Santos, Ricardo VenturaOs censos nacionais são importantes instrumentos com vistas à caracterização de pessoas e domicílios, fornecendo subsídios para implementação de políticas públicas nas mais diversas áreas, incluindo saúde. Esta tese é composta por quatro textos inéditos que abordam questões ligadas ao tema dos domicílios indígenas nos censos nacionais (com foco no Censo Demográfico 2010) e suas interfaces com o campo da saúde. As principais fontes de dados foram os microdados da amostra do Censo Demográfico 2010 e tabulações referente ao universo obtidas a partir do Banco Multidimensional de Estatísticas (BME/IBGE). Os procedimentos de análise incluíram estatísticas descritivas e modelagem multivariada (regressão logística binária e multinomial). Os principais achados são os seguintes: 1) Em 2010, as maiores proporções de moradores indígenas residentes em domicílios classificados como improvisados ocorreram em áreas urbanas do Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Sul. Ao receberem tal classificação, os domicílios deixam de ser caracterizados quanto ao saneamento básico. Portanto, para o conjunto de indígenas analisados, a maioria Guarani Kaiowá (MS) e Kaingang (RS), não houve o levantamento de informações acerca de destino de lixo doméstico e dejetos, abastecimento de água potável, dentre outras; 2) Sobretudo na situação urbana, houve importante diminuição entre os censos de 2000 e 2010 quanto ao volume de pessoas autodeclaradas indígenas que residiam em domicílios nos quais todos os moradores também eram indígenas ( unicolor ). Ainda assim, comparativamente às outras categorias de cor ou raça, os indígenas apresentaram uma das menores proporções (41,7%) de pessoas residentes em domicílios unicolores em situação urbana em 2010. Também para situação urbana observou-se que aproximadamente um quarto dos indígenas residiam em domicílios cujos responsáveis não eram indígenas, em contraposição a baixíssima frequência (< 5%) em área rural; 3) A análise dos domicílios em situação urbana nos quais vivia pelo menos um indígena demonstrou marcantes diferenças nas características socioeconômicas dos responsáveis segundo cor ou raça. Quando a pessoa responsável era indígena (56,2%), houve maiores chances de apresentarem condições socioeconômicas menos favoráveis. Uma possível explicação é que essas pessoas preferiram optar por outras categorias, predominantemente parda , em detrimento à identidade indígena ; 4) A partir da investigação dos arranjos formados por pais, mães e filhos(as), sendo pelo menos um deles indígena, evidenciou-se a estreita associação entre a cor ou raça dos filhos(as) e, sobretudo, das mães. Além disso, os padrões de associação entre a cor ou raça dos filhos(as) e variáveis socioeconômicas de pais, filhos e domicílios se mostraram distintos segundo contextos urbano e rural. Sobretudo na situação urbana, houve chances maiores dos filhos serem indígenas quando estavam em domicílios com menores níveis de rendimento mensal e com maior número de pessoas. Argumenta-se que, ao abordar temas relativos à classificação e composição dos domicílios indígenas, a presente tese traz reflexões que problematizam aspectos relativos à geração de indicadores sociodemográficos, incluindo os de saúde, a partir de dados censitários.Item Fecundidade e saúde reprodutiva do povo Kamaiurá(2015) Vitti, Vaneska Taciana; Azevedo, Marta Maria do AmaralEsta pesquisa se insere na interface entre dois campos de saberes a demografia e a antropologia, enfatizando especificamente a fecundidade do povo Kamaiurá. Para a análise demográfica calculamos os indicadores de fecundidade longitudinal ou por coorte e transversal ou por período para homens e mulheres entre os anos 1970 e 2009. Nossa hipótese é que o ritmo de mudança que os Kamaiurá estão sofrendo, está alterando o comportamento reprodutivo, provocando uma queda nos níveis de fecundidade. Um dos principais resultados desta pesquisa sobre indígenas brasileiros é mostrar que o povo Kamaiurá detém o controle de sua fecundidade e tem uma escolha racional de sua dinâmica populacional. Esperamos que esta pesquisa possa servir como referencial etnográfico e com ideias que possam contribuir para o arcabouço teórico e metodológico sobre esse tema a outros pesquisadores.Item Os indígenas nas informações censitárias: potencialidades e limitações com base em um estudo de caso sobre os Xavante, Mato Grosso(2011) Pereira, Nilza de Oliveira Martins; Santos, Ricardo VenturaItem Mortalidade por cor ou raça, com foco nos indígenas: perspectivas comparativas entre o Censo Demográfico de 2010 e Sistemas Nacionais de Informação em Saúde(2014) Caldas, Aline Diniz Rodrigues; Santos, Ricardo VenturaDesigualdades nas condições de vida, considerando variáveis como cor ou raça e etnia,vêm sendo crescentemente investigadas no Brasil ao longo dos últimos anos. No caso do segmento indígena, uma importante limitação é quanto à disponibilidade de dados para subsidiar tais análises. Esta tese, estruturada na forma de três artigos, aborda, a partir de bases de dados de representatividade nacional, indicadores de saúde, com foco na mortalidade de indígenas. No primeiro, foram investigadas as taxas de mortalidade(TM) geral padronizadas, bem como as TM por faixas de idade segundo cor ou raça para o Brasil e regiões, a partir dos dados do universo do Censo de 2010 em comparação com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). A partir do Censo,as TM padronizadas mais elevadas foram apresentadas por indígenas nos domicílios urbanos, no Brasil e em todas as regiões, exceto no Norte, e nos domicílios rurais no Sudeste. No segundo, foram comparados os níveis da mortalidade infantil a partir dos dados do Censo 2010 e daqueles derivados do SIM e do Sistema Nacional sobre Nascidos Vivos (SINASC) para o mesmo período. Segundo os dados censitários, em todas as regiões, para os indígenas, as taxas de mortalidade infantil (TMI) foram mais elevadas do que nos demais segmentos populacionais, correspondendo a 23,0óbitos/1000 nascidos vivos no país. A partir do SIM/SINASC, as TMI para os indígenas foram mais elevadas que aquelas derivadas dos dados censitários, correspondendo a40,6/1000 no país. Em comparação com os demais segmentos de cor ou raça as TMI dos indígenas foram mais elevadas em todas as regiões, exceto no Nordeste. No terceiro trabalho, a mortalidade infantil foi analisada segundo componentes e causas básicas de óbitos, de acordo com a cor ou raça, a partir das informações do SIM e do SINASC nos anos de 2009 e 2010. Para o período neonatal, as taxas de mortalidade mais elevadas foram observadas em indígenas e pretos em todas as regiões, exceto no Norte. No período pós-neonatal, as TM dos indígenas foram as mais elevadas em todas as regiões, sendo 5,4 vezes superior àquela da população brasileira geral. De todos os óbitos em indígenas menores de 1 ano de idade, 61,0 por cento ocorreram neste período. Quanto às causas básicas de mortalidade segundo componentes, no período neonatal precoce a prematuridade foi a principal na população em geral, enquanto nos indígenas prevaleceu a asfixia/hipóxia. Nos períodos neonatal tardio e pós-neonatal, as infecções foram as principais causas em todas as categorias de cor ou raça. Entretanto, nos indígenas as infecções corresponderam a mais de 50 por cento das causas de óbitos no período pós-neonatal. Conclui-se que os indicadores analisados apontam para expressivas desigualdades entre indígenas e os demais segmentos da população brasileira e que, de maneira geral, ações de atenção básica efetivas, comparativamente de baixo custo, poderiam em larga medida contribuir para a redução dessas desigualdades. Apesar de os princípios da equidade e da atenção diferenciada serem norteadores do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, as elevadas taxas de mortalidade infantil de indígenas indicam que as ações de saúde para este segmento populacional ainda estão bastante distantes de reduzir as iniquidades existentes.Item Entrelinhas de uma rede. Entre linhas Waiwai(2005) Dias Júnior, Carlos; Gallois, Dominique TilkinA presente proposta parte do pressuposto de que a noção de pessoa e a afinidade potencial, entendidos tais quais “princípio estruturador” e “esquema sociológico”, respectivamente, constituem caminhos básicos para uma compreensão adequada da organização social e cosmológica das sociedades ameríndias. Com auxílio destes instrumentais teóricos, proponho focar etnográficamente o domínio do político entre os Waiwai, grupo Caribe das Guianas. Nos últimos cinqüenta anos, o convívio permanente com não-índios (inicialmente com missionários norte-americanos da Unevangelized Fields Missions/UFM, posteriormente Missão Evangélica da Amazônia/MEVA), inaugurou um processo de aglomeração das muitas casas coletivas até então dispersas entre os dois lados da Serra do Acarai, divisa do Brasil com a Guiana. Como atesta a rica bibliografia que acompanhou de perto todo o processo, a chegada dos missionários em Yakayaka (uma das casas coletivas no rio Essequibo) e a “conversão” do jovem líder espiritual (Ewka), no início dos anos de 1950, proporcionaram um momento de “perplexidade” envolvendo os co-residentes locais e das demais casas coletivas dispersas entre os dois lados da Serra do Acarai. A partir daí, grupos diversos passaram a efetivar uma nova forma de aglomerado (Comunidade). Ao mesmo tempo, articulando um novo coletivo potencial (Waiwai). Nesse contexto, desenvolvo a hipótese de que a Comunidade (coletivo efetivo, provisório e representacional – posto pela morfogênese e dinâmica social) instituiu-se como o lócus do político entre os Waiwai (coletivo potencial e posicional – pressuposto pela lógica do ritual).