Epidemiologia (EPI)
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Item A caminho da farmácia: pluralismo médico entre os Wari' de Rondônia(1996) Novaes, Marlene Rodrigues de; Wright, Robin Michel; Buchillet, DominiqueItem A enfermagem e as práticas de atenção à saúde do indígena idoso Vitória(2016) Coelho, Liliana Pereira; Maciel, Paulete Maria AmbrósioO Brasil apresenta uma pluralidade étnica, abrigando em seu território um grande contingente de cidadãos com histórias sócios culturais peculiares, provenientes de outras partes do continente, exterior a este ou nativos desta região. A população indígena está distribuída nesta enorme extensão territorial, trazendo questões interculturais bastante desafiadoras. Demograficamente, a população indígena brasileira é estimada em 896.917 pessoas, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país, pertencentes a 305 etnias que falam mais de 274 línguas identificadas. No Espírito Santo, nas terras indígenas de Aracruz, existem 3654 indivíduos, distribuídos em duas etnias: o Guarani Mbyá com 248 pessoas e o Tupiniquim com aproximadamente 3406 pessoas. Neste contexto, estão registradas aproximadamente 178 pessoas com sessenta anos ou mais, o que corresponde a 5% da população indígena total das duas etnias. Assim, são objetivos dessa pesquisa, compreender as práticas de cuidado a saúde realizadas pelos enfermeiros voltadas à saúde do indígena idoso e identificar os desafios para implementar as ações de atenção à saúde do indígena idoso. É um estudo de abordagem qualitativa, exploratória com características descritivas, onde a coleta de dados foi realizada através de entrevista semi estruturada, com os cinco enfermeiros da saúde indígena como participantes. Todo o material produzido foi submetido à análise de temática, conforme proposto por Minayo (2013) que permitiu a construção de quatro categorias temáticas: a formação profissional; a atuação profissional em terras indígenas; a abordagem transcultural e o olhar gerontológico. Os resultados apontaram que a formação acadêmica do enfermeiro está alicerçada por uma matriz curricular que enfatiza a abordagem de procedimentos técnicos, em detrimento de abordagens contextuais referentes aos povos indígenas e à população idosa no contexto da saúde. Que o grande desafio dos profissionais de saúde esta na assistência à saúde dos indígenas idosos, transitando no espaço da diversidade cultural, expressa nas diversidades de idiomas, crenças e costumes. Na convivência diária desses atores com a comunicação intercultural, a história, a visão de mundo e outros fatores. Que o respeito à premissa do cuidado cultural constituído por valores, crenças que auxiliam o individuo ou grupo a manter o bem-estar deve constituir uma importante base para enfermagem desenvolver o cuidado gerontológico, favorecendo o planejamento das ações nas experiências do individuo e também do profissional. Concluímos que o enfermeiro na atenção básica, em sua atuação nas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) ainda possui conhecimento impreciso sobre a necessidade do indígena idoso, pois as ações se restringem às atividades previstas nos programas do Ministério da Saúde (MS), como por exemplo, os grupos de hipertensos e diabéticos dentre outros. Tais programas não respondem à complexidade dos determinantes do processo saúde-doença do indígena idoso, uma vez que ainda são realizados de forma padronizada, vertical e prescritiva, moldados por fatores de ordem biológica, psicológica, econômica e política, sem atender às especificidades da cultura indígena. É essencial que o enfermeiro compreenda a realidade onde atua e reflita sobre sua pratica, para que possa atender de forma integral o indígena idoso, planejando e programando as ações para lidar com as questões do processo de envelhecimento, buscando sempre o máximo de autonomia dos usuários, conhecendo os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos dos idosos, de suas famílias e da comunidadeItem A fecundidade dos povos indígenas no Brasil: níveis, padrões e determinantes(Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2020) Cruz, Anna Karoline Rocha daO tema da fecundidade tem sido, desde o início da segunda metade do século XX, objeto de estudo para cientistas que desenvolveram abordagens que contribuíram para o entendimento da dinâmica demográfica de todas as populações. Para os povos indígenas no Brasil esse tema vem ganhando relevância entre pesquisadores contemporâneos. Estes povos, conforme vários estudos, possuem diferentes níveis e padrões de fecundidade das mulheres. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a relação entre os níveis e padrões da fecundidade com alguns aspectos históricos, socioeconômicos e culturais dos povos indígenas no Brasil. Os resultados mostram uma fecundidade com níveis elevados, se comparados com os dos não indígenas, para todos os distritos sanitários de saúde indígena, com diferenças significativas entre aqueles distritos que estão situados na Amazônia e os das demais regiões do país. Acredita-se que as altas fecundidades encontradas em alguns distritos na Amazônia estejam relacionadas a questões culturais de cada povo, como também pelas distâncias das comunidades indígenas dos centros urbanos, diferentemente do que ocorre com os distritos situados fora da Amazônia, que tiveram (e têm) um maior contato com a sociedade envolventeItem A fecundidade entre os Guarani: um legado de Kunhankarai(2000) López, Glória Margarita Alcaraz; Confalonieri, Ulisses E.; Ramirez, HumbertoIdentifica o padräo de fecundidade das mulheres indígenas Guarani-Mbyá, do Município de Paraty, Rio de Janeiro, e analisa as inter-relaçöes entre a fecundidade e as formas de ver e vivenciar o mundo nessa cultura. O texto se desenvolve através de uma triangulaçäo metodológica, entre métodos quantitativos e qualitativos e retrocede ao período Jesuítico (1641-1808), para compor o comportametno da fecundidade nessa época. Os achados mostram, para 1997-1999, uma Taxa Bruta de Natalidade de 61 por 1.000, e uma Taxa de Fecundidade Total de 12 filhos. Esse padräo supera em mais de três vezes o reportado para a populaçäo brasileira. Encontrou-se uma fecundidade elevada, entre 1641-1808 e entre 1946-1999, a qual näo apresentou mudanças. O padräo continua similar, apesar da média de 5 migraçöes por pessoa, sendo as práticas culturais um dos fatores contribuintes para o padräo de elevada fecundidade. De fato, o mundo Guarani vivencia duas dimensöes: uma terrestre e outra sobrenatural. Ambas se entrelaçam, formando um tecido amplo e complexo onde circulam deuses, espíritos maus, espíritos de natureza, espíritos de mortos e os Guarani. Nesse tecido tem destaque a importância social e religiosa que a fecundidade representa para os Guarani e como eles, através da fecundidade, exercem parte do controle social do grupo. Com os dados coletados constata a importância de iniciar reflexöes em saúde reprodutiva, com a participaçäo dos homens e mulheres, assim como realizar trabalhos em saúde indígena, dentro de um marco de interdisciplinaridade e interculturalidade.Item A influência da ingestão de bebida alcoólica e transtornos mentais comuns não psicóticos na pressão arterial dos indígenas Mura(2017) Ferreira, Alaidistania Aparecida; Pierin, Angela Maria GeraldoA hipertensão arterial é de causa multifatorial, envolvendo hábitos de vida e estilos de vida inadequados como o consumo excessivo de bebida alcoólica que propiciam a elevação dos níveis pressóricos. Além disso, os sintomas relacionados ao transtorno mental comum também podem se associar ao estado de saúde, provocando mais danos ao sujeito com hipertensão arterial. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo principal identificar associação entre a ocorrência de hipertensão arterial com o consumo de bebidas alcoólicas e a presença de transtorno mental comum em indígenas das aldeias Muras, residentes em região rural e urbana. Casuística e Métodos: Estudo transversal, de base populacional, com 455 indígenas Mura residentes no município de Autazes, Amazonas, Brasil. Foi aplicada a entrevista semi-estruturada com questões referentes aos dados socioeconômicos e educacionais, hábitos de vida, história clínica, histórico familiar, além dos questionários Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e Self-Reporting Questonnaire (SRQ-20), para avaliar o consumo de álcool e presença de transtorno mental, respectivamente. A pressão arterial foi medida com aparelho automático de braço validado. Foram realizadas três medidas e usada a média das duas últimas medidas. Realizaram-se ainda, medida do peso, altura, circunferência do pescoço, circunferência da cintura, avaliação de bioimpedância; glicemia, triglicérides e colesterol com medida capilar. Na análise bivariada, foi testada a associação entre hipertensos, separadamente, com os dois desfechos: consumo de bebidas alcoólicas e a presença de transtorno mental comum explorando especialmente, os aspectos relacionados à hipertensão arterial. Foi ajustada a regressão de Poisson com variância robusta, para ambos os desfechos, com modelagem em stepwise backward automatizado, tendo como critério de entrada, p<0,20 e de significância no modelo final, p0,05. Utilizou-se como estimativa, as razões de prevalência e respectivos intervalos de confiança de 95%. Resultados: A maioria dos participantes era do sexo feminino (57,8%), com 42,10 (16,74) anos, vivendo com companheiro (74,7%) e cerca de quatro filhos por família, baixo nível de escolaridade Analfabeto/Fundamental incompleto (41,1%) e renda até dois salários mínimos (85,0%). A prevalência de hipertensão arterial foi de 26,6%, tabagismo (20,4%) e ser sedentário/irregularmente ativo (52,8%). O consumo de bebida alcoólica foi de 40,2%, sendo 13,4% classificados como alto risco para dependência alcoólica, e maior na área rural em comparação à urbana (57,3% vs 22,2%) p<0,001. Destacam-se os seguintes aspectos do uso abusivo de álcool: sentimento de culpa/remorso (45,9%); amnésia repentina por não lembrar o ocorrido na noite em que bebeu (31,7%); além de machucar-se ou sentir-se prejudicado por causa da bebida (29,6%); preocupação por parte de parentes, amigos ou profissionais de saúde, que aconselharam o entrevistado a interromper o consumo (51,5%). Não houve associação entre a presença e consumo de bebida alcoólica (23% e 26%). Os indígenas com diagnóstico de hipertensão referida, faziam menos uso de bebida alcoólica (14,2%vs 85,8%, p=0,009), porém nas ocasiões em que bebiam, ingeriam maior quantidade, comparado com os que não referiram hipertensão [55,3(72,2) vs 33,3(62,2) gramas de Etanol p=0,008]. A prevalência de transtorno mental comum foi de 45,7%, com destaque para os seguintes itens: referência de dores de cabeça frequentes (69,5%), sentir-se nervoso, tenso ou preocupado (66,2%), ter se sentido triste ultimamente (56,0%), dormir mal (55,2%) e ter sensações desagradáveis no estômago (42,9%). Além disso, destaca-se que 7,3% referiram ideia de acabar com a própria vida e 4,2% sentiram-se incapazes de desempenhar papel útil. Após análise ajustada a razão de prevalência após análise ajustada (Razão de prevalência, IC-95%), verificou-se associação positiva entre ingestão de bebida alcoólica e sexo masculino (2,72, IC-2,12-3,48), tabagismo (1,29, IC-1,06-1,56) e morar na zona rural (2,09, IC-1,61-2,72). Porém, a ação foi protetora para idade (0,98, IC-0,98-0,99), consumo de alimentos in natura (0,97, IC-0,95-0,99), e ausência de dislipidemias (0,75, IC-0,62-0,9). Entre os que apresentaram transtorno mental comum, a hipertensão arterial identificada esteve presente em 30,3% e o consumo de álcool uma vez ao mês em 22,1%. Após a análise ajustada (Razão de prevalência, IC-95%) verificou-se associação positiva entre o transtorno mental comum e a zona de moradia urbana (1.25, IC-1,02-1,54), não sabia que tinham antecedentes para diabetes (1.56, IC-1,24-1,96) e a ingestão de bebida alcoólica (1.01, IC-1,00-1,02). Porém, foi ação protetora não ter antecedentes pessoais de cardiopatia (0.59, IC-0,48-0,73). Conclusão: Observou-se que a presença de hipertensão arterial, consumo de bebida alcoólica e de transtorno mental comum foram elevados nos indígenas da etnia Mura. Esses achados podem ser decorrentes da aproximação e convivência entre indígenas e não indígenas favorecendo mudanças culturais, especialmente de hábitos e estilos de vida, com aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis.Item A influência dos hábitos culturais específicos no desenvolvimento da cárie dentária em indígenas(2014) Menagaz, Sônia Maria; Pacagnella, RaquelOs povos indígenas compõem uma diversidade de etnias que se relacionam com a natureza transcendendo a compreensão dos não índios. Além do aspecto cultural, diferem de outros povos pelo histórico de contato concepção do processo saúde-doença e pelas práticas de auto-cuidado. Segundo alguns pesquisadores o contato com a sociedade ocidental fez com que o processo saúde-doença fosse influenciado por uma variedade muito ampla de determinantes, conseqüências das transformações socioeconômicas, ambientais e culturais destes povos. Em relação à Saúde Bucal os autores citam como doenças mais agravantes a cárie e a doença periodontal. No entanto a falta de pesquisas mais abrangentes em relação à saúde bucal dos povos indígenas, fez com que não pudéssemos afirmar se os hábitos culturais específicos influenciam no desenvolvimento da cárie dental. De acordo com estes autores o que podemos afirmar é de que as particularidades de cada etnia existem, as práticas de auto cuidado são empregadas por alguns grupos específicos e a interação com a sociedade nacional influenciou na mudança de hábitos e conseqüentemente aumentou o índice de cárie dentalItem A magnitude da tuberculose e os itinerários terapêuticos dos Munduruku do Pará na Amazônia brasileira(2011) Nogueira, Laura Maria VidalItem A malária no estado do Amazonas de 2003 a 2011: distribuição espaço-temporal e correlação com populações indígenas(2014) Teixeira, Livia Faraco; Costa, Filipe Aníbal CarvalhoEntre os anos de 2003 e 2007, a tendência de queda do número de casos de malária registrados na região amazônica observada até 2011 foi interrompida, tendo havido, na verdade, um aumento importante na incidência da doença, com pico em 2005, quando se verificam mais de 600.000 casos/ano. Trabalhamos com a hipótese de que a interrupção da tendência de redução do número de casos observada neste período poderia estar relacionada com a crise administrativa nos sistema de atenção à saúde indígena que ocorreu após o ano de 2003. O presente estudo tem como objetivo principal descrever a distribuição espacial e temporal da malária no estado do Amazonas no período de 2003 a 2011 Especificamente, objetivou-se classificar os municípios e microrregiões do estado do Amazonas, de acordo com índices malariométricos, identificando a proporção de casos de malária que ocorre em populações que residem em localidades definidas como aldeias no estado do Amazonas e correlacionar a carga da malária com características demográficas dos municípios, como: i) proporção de autodeclarados indígenas, ii) proporção de pessoas vivendo em localidades definidas como aldeias, e iii) número de pessoas vivendo em Terras Indígenas oficialmente demarcadas. Informações obtidas no SIVEP-Malária, no IBGE e no Instituto Socioambiental foram revistas para composição de um banco de dados com 1.267.011 casos de malária notificados entre 2003 e 2011. Os casos estão agrupados por município, a unidade ecológica de análise. Considerando-se variáveis independentes informações demográficas dos municípios e variáveis dependentes os parâmetros epidemiológicos relacionados à malária, procuramos identificar associações, buscando verificar um impacto diferenciado da malária sobre as populações indígenas Os resultados demonstram uma distribuição geográfica heterogênea, que evolui ao longo do recorte temporal estudado, em que áreas com menores valores de IPA passam a assumir um papel mais destacado na distribuição dos casos. A proporção de casos diagnosticados em aldeias progride ao longo dos anos, também de forma geograficamente heterogênea. Identifica-se uma mudança na correlação entre o IPA e a presença indígena nos diferentes municípios, que passa a ser positiva a partir de 2007. A crise administrativa da gestão da saúde indígena pode ter sido um fator determinante para o aumento da incidência da doença no estado do Amazonas, que interrompeu, entre 2005 e 2007, a tendência de redução do número de casos ocorrida entre 2003 e 2011.Item A Morte de Crianças Xavante no Período da Desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé(2017) Campbell Pena, Angela; Gugelmin, Silva AngelaOs Xavante, povo indígena do Brasil, se tornaram conhecidos pela resistência à invasão de suas terras no leste mato-grossense e por sofrerem constantemente com a degradação ambiental e com as fragilidades dos serviços de saúde que lhe são oferecidos, o que acaba trazendo consequências para o estado de saúde das crianças. Este estudo foi realizado na Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé e se propôs a analisar as mortes de crianças Xavante menores de cinco anos e natimortos no período da desintrusão, que corresponde aos anos de 2012 e 2013. Nesse período a TI Marãiwatsédé foi palco de intenso conflito político e disputa territorial que culminou em uma ação policial de desintrusão de posseiros e fazendeiros que residiam ilegalmente na TI. O estudo fez uso da pesquisa qualitativa em saúde na medida em que analisou os sentidos atribuídos pelos indígenas às mortes das crianças e o contexto socioambiental e de assistência à saúde em que ocorreram os óbitos. Para tanto foram utilizadas as técnicas de observação e entrevista semiestruturada com familiares das crianças, tendo sido também aplicada a Ficha de Investigação de Óbito Infantil - Entrevista Domiciliar do Ministério da Saúde. A análise dos dados se deu à luz da interpretação de sentidos e o diálogo entre hermenêutica e dialética, proposto por Minayo. Os resultados apontam que o contexto socioambiental em que ocorreram os óbitos era de degradação ambiental, escassez de alimentos, excesso populacional e baixa qualidade da água, associado a um clima de intensa hostilidade e relações fragilizadas entre os indígenas e os moradores das cidades circunvizinhas o que potencializou o impacto social das mortes na comunidade. Na ocasião dos óbitos as famílias evidenciaram o uso de um sistema de saúde eclético que combinava atividades de cura relacionadas ao setor informal e ao setor profissional de saúde, mais especificamente ao modelo biomédico. Além disso, os indígenas utilizaram um modelo explicativo sincrético nas definições de causalidade das mortes, na medida em que conciliaram elementos originários de diferentes modelos para atribuir sentido a elas. Os principais sentidos atribuídos às mortes ocorridas no período da desintrusão estiveram relacionadas ao 1) conflito territorial e o ambiente; 2) espiritualidade e inevitabilidade da morte; e 3) procedimentos médicos. Diante disso, evidencia-se a importância de analisar as mortes infantis para além dos sentidos numéricos, a fim de tornar compreensível o sentido do adoecimento e da morte daqueles que vivenciaram os óbitos em seu cotidiano e, por meio de um diálogo intercultural, produzir respostas para o planejamento de ações mais adequadas ao contexto indígena, seja de acompanhamento de crianças e famílias ou de humanização da assistência em saúde indígena.Item A prática de vacinação no Distrito Sanitários Especial Indígena de Porto Velho: limites e possibilidades(2016) Pinheiro, Juliana Silva; Ott, Ari Miguel TeixeiraItem A revolução demográfica dos povos indígenas do Brasil: a experiência dos Kaiabi do Parque Indígena do Xingu - Mato Grosso - 1970-1999(2002) Pagliaro, Heloisa; Levy, Maria Stella FerreiraObjetivo. Nesta investigação, analisa-se a dinâmica demográfica dos índios Kaiabi do Parque Indígena do Xingu (PIX), Mato Grosso, Brasil, no período 1970-1999. Métodos. Análise transversal e longitudinal da dinâmica demográfica, com base em nas informações do registro de eventos vitais da população das aldeias Kaiabi do PIX, gerados pelo programa de saúde da UNIFESP no Xingu, apoiados por levantamento histórico e etnográfico. Resultados. O contato com a sociedade nacional, nas décadas de 1920 a 1950, na região do rio Teles Pires, deu origem à depopulação das aldeias por confrontos e epidemias e à migração de parte dos Kaiabi para o Xingu. Em 1970, havia 204 no Parque e em 1999, 758. O crescimento da população foi de 4,5% ao ano, a taxas bruta de natalidade é alta ( 53,7 por mil habitantes) e de mortalidade baixa (8,1 por mil habitantes). Na população, 56,2% são menores de 15 anos de idade, sendo a taxa de mortalidade infantil de 15,2 por mil nascimentos vivos, em razão de um programa de saúde indígena existente na área desde 1965. A recuperação demográfica desta população se assemelha a do conjunto da população do Xingu, também atendida pelo programa de saúde. Destaca-se a analise da fecundidade por coortes acompanhadas por períodos de 35 anos, e a importância da coleta sistemática de dados demográficos para populações indígenas.Item A saúde bucal do povo indígena Xukuru do Ororubá na faixa etária de 10 a 14 anos(2012) Mauricio, Herika de Arruda; Moreira, Rafael da SilveiraIntrodução: Este trabalho busca difundir conhecimento acerca das condições de saúde bucal de povos indígenas no Brasil, especialmente na região nordeste e no Estado de Pernambuco. A partir do povo Xukuru do Ororubá, que constitui o maior contingente populacional étnico indígena no Estado de Pernambuco, realizou-se um estudo epidemiológico buscando melhor compreender a configuração do padrão de saúde bucal. Objetivo: Analisar a ausência de cárie e fatores associados do povo indígena Xukuru do Ororubá na faixa etária de 10 a 14 anos. Método: Trata-se de um estudo de corte transversal de base populacional, desenvolvido nos limites da Terra Indígena Xukuru no período de janeiro a março de 2010. Foram realizados exames bucais em um total de 233 indígenas da faixa etária de 10 a 14 anos. Os dados coletados foram estruturados no software Epi-Info versão 3.4 (2007), sendo utilizado o programa estatístico SPSS 13.0(R) para análise descritiva dos dados. Posteriormente, no sentido de medir o efeito dos fatores associados à ausência de cárie, foram testados modelos log-lineares de Poisson multiníveis com o auxílio do programa estatístico MLwiN 2.02(R). Resultados: Os exames bucais realizados identificaram Índice CPO-D médio de 2,38 (±2,62). Entre todos os indivíduos examinados, 26,61 por cento apresentaram-se livres de cárie. A análise múltipla revelou associação das variáveis menor média de habitantes por domicílio nas aldeias, menor número de moradores por domicílio, maior renda per capita, menor idade, sexo feminino, saber ler e escrever, maior satisfação com os dentes/boca, não deixar de dormir devido a problemas bucais, nunca ter ido ao dentista, não ocorrência de dor de dente e não necessitar de tratamento odontológico com a ausência de cárie. Conclusão: O estudo possibilitou quantificar a força de associação dos aspectos contextuais e individuais sobre a saúde bucal do povo indígena Xukuru do OrorubáItem A saúde bucal do povo indígena Xukuru do Ororubá na faixa etária de 10 a 14 anos(2012) Mauricio, Herika de Arruda; Moreira, Rafael da SilveiraItem Acesso e utilização dos serviços de saúde pela população da etnia Xakriabá, norte de Minas Gerais(2011) Errico, Livia de Souza Pancrácio de; Gazzinelli, AndréaItem Acompanhamento clínico e terapêutico de pacientes com leishmaniose tegumentar americana na terra indígena Xakriabá, São João das Missões, Minas Gerais/Brasil, 2008 – 2010.(2011) Freire, Janaina de Moura; Gontijo, Célia Maria FerreiraA comunidade indígena Xakriabá, localizada no município de São João das Missões, norte de Minas Gerais/Brasil, tem registrado casos de leishmaniose tegumentar americana (LTA) desde 2001. O presente estudo teve como objetivo descrever os casos identificados desde Junho de 2008 a setembro de 2010 , bem como acompanhar a evolução a evolução clínica dos casos até 12 meses após o fim do tratamento. Os casos suspeitos foram identificados em um levantamento da população e pelos agentes de saúde indígenas. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os pacientes foram entrevistados e avaliados clinicamente, e as informações foram registradas em questionários estruturados e pré-codificados. O diagnóstico foi confirmado por testes intradérmicos de reação (IDR), exames parasitológicos ( exame direto, fragmento de biópsia ou aspirado cultura e técnicas moleculares ( PCR- RFLP). Os diagnósticos confirmados foram aqueles que testou positivo para pelo menos um dos testes. Hematológica , testes bioquímicos e eletrocardiograma (ECG) foram realizados antes, durante e no final do tratamento com antimónio pentavalente meglumina. Doses de 15 mg/kg/dia durante 20 dias (leishmaniose cutânea) e 20 mg/kg/dia durante 30 dias ( leishmaniose mucosa) foram utilizados . Entre os 94 pacientes com lesões cutâneas avaliadas, 89 foram confirmados como LTA e 60 tratados e monitorados. os casos vieram de cinco áreas existentes, com maior ocorrência nas áreas conhecidas como "Brejo Mata Fome" (47,5% casos) e "Itapicuru" ( 43,8% dos casos). A distribuição dos casos foi semelhante entre os homens (51,7%) e mulheres (48,3%) . Idade dos pacientes variou de 1 a 72 anos, com a mediana de 18 anos. Os casos ocorreram predominantemente entre os trabalhadores rurais que ganham menos de um salário mínimo. Maioria dos pacientes apresentava lesões atípicas (70,1%) e uma única lesão (60,7%). O tempo entre o início da lesão eo diagnóstico variou de menos de um mês até 72 meses. Não houve contra-indicações para o uso de antimônio pentavalente. Sessenta pacientes foram tratados e, após o 20 º dia, 24 (40,0%) apresentavam lesões que foram completamente epitelizadas enquanto outros apresentaram os parcialmente cicatrizadas. Esses dois grupos foram comparados por características demográficas, co-infecções, número, tamanho, aparência e localização das lesões, tempo de início dos sintomas, infecções bacterianas, uso de medicamentos caseiros ou comerciais, tamanho de endurecimento, a descontinuidade do tratamento , resultados de testes de diagnóstico e genótipos de Leishmania braziliensis. Após 20 dias de tratamento, epitelização completa esteve associada a lesões parcialmente epitelizadas no primeiro exame clínico (OR = 6,5, IC 95 % = 2,0-21,7) e infecção bacteriana (OR = 0,1, IC 95 % = 0,0-0,7) . Uma avaliação realizada 90 dias após o final do tratamento indicou que 44 pacientes (73,3%) apresentaram lesões completamente epitelizadas. Quando estes pacientes foram comparados aos com lesões não-cicatrizadas houve uma associação entre a falha do tratamento e LTA anterior no passado (OR = 8,2, IC 95% = 1,5-46,3), uso de medicação caseira (OR = 7,10 , IC 95 % = 1,6-71,9) e tempo de início dos sintomas superior a 8 meses (OR = 6,3, IC95% = 1,1-36,7). Seis ( 10%) recidivas foram observados casos. Entre os 60 pacientes tratados, 35 não havia completado um ano de monitoramento, no momento da análise de dados. Esperamos que com este estudo possa ampliar o conhecimento a respeito de LTA e contribuir para a melhoria do diagnóstico e tratamento da a doença na comunidade indígena Xakriabá.Item Acute lower respiratory infection in Guarani indigenous children, Brazil(Sociedade de Pediatria de São Paulo, 2018) Souza, Patricia Gomes de; Cardoso, Andrey Moreira; Sant'Anna, Clemax Couto; March, Maria de Fátima Bazhuni PomboObjetivo: Descrever o perfil clínico e o tratamento realizado nas crianças da etnia Guarani menores de cinco anos hospitalizadas por infecção respiratória aguda baixa (IRAB), residentes em aldeias nos estados do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Métodos: Das 234 crianças, 23 foram excluídas (dados incompletos), sendo analisadas 211. Os dados foram extraídos dos prontuários por meio de formulário. Com base no registro de sibilância e padrão radiológico, a IRAB foi classificada em: bacteriana, viral e viral-bacteriana. Foi utilizada regressão multinomial para análise bivariada.Resultados: A mediana de idade foi de 11 meses. Do total da amostra, os casos de IRAB foram assim distribuídos: viral (40,8%), bacteriana (35,1%) e viral-bacteriana (24,1%). Verificou-se que 53,1% das hospitalizações não possuíam evidências clínico-radiológico-laboratoriais que as justificassem. Na análise de regressão multinomial, ao comparar a IRAB bacteriana com a viral-bacteriana, a chance de ter tosse foi 3,1 vezes maior na primeira (intervalos de 95% de confiança - IC95% 1,11-8,70) e de ter tiragem 61,0% menor (Odds Ratio - OR 0,39, IC95% 0,16-0,92). Na comparação da IRAB viral com a viral-bacteriana, a chance de ser do sexo masculino foi 2,2 vezes maior na viral (IC95% 1,05-4,69) e de ter taquipneia, 58,0% menor (OR 0,42, IC95% 0,19-0,92) na mesma categoria.Conclusões: Identificou-se maior proporção de processos virais do que processos bacterianos, bem como a presença de infecção viral-bacteriana. A tosse foi um sintoma indicativo de infecção bacteriana, enquanto a tiragem e a taquipneia apontaram infecção viral-bacteriana. Parte da resolubilidade da IRAB não grave ocorreu em âmbito hospitalar; portanto, propõe-se que os serviços priorizem ações que visem à melhoria da assistência à saúde indígena na atenção primária. Palavras-chave: Infecções respiratórias; Pneumonia; População indígena; CriançaItem Água e doenças relacionadas a água em comunidades da bacia hidrográfica do rio Uraricoera - Terra Indígena Yanomami - Roraima(Universidade Federal de Uberlândia, 2018) Lima, Jacy Angélica de Moraes; Bethonico, Maria Bárbara de Magalhães; Vital, Marcos José SalgadoA qualidade da água relaciona-se diretamente com a forma de uso e ocupação das áreas em uma bacia hidrográfica. Foi realizada uma relação do perfil sociocultural característicos do povo Yanomami e Ye’kuana com os resultados de análises de parâmetros físicoquímicos e microbiológicos para avaliação da qualidade da água consumida pelas comunidades da Terra Indígena Yanomami localizadas na bacia hidrográfica do Rio Uraricoera. A avaliação físico-química foi feita pela determinação de temperatura, oxigênio dissolvido, nitrito, pH, condutividade elétrica, potencial de oxirredução, turbidez e cor aparente. Para a avaliação microbiológica da água utilizou-se a técnica do substrato cromogênicofluorogênico para determinação de coliformes totais e E. coli, com a finalidade de verificar suas características e a relação com as doenças diarreicas agudas existentes nas comunidades. Os resultados comprovam que as amostras de água consumida nas comunidades indígenas não estão em conformidade com os padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde na Portaria nº2914/2011 em virtude da elevada densidade de coliformes totais e E. coli. Propôs-se diagnosticar a situação das doenças diarréicas agudas que acometem a população Yanomami e Ye’kuana reunindo informações que contribuam para o trabalho do DSEI-Yanomami na oferta de água com qualidade e consequente melhoria de vida daqueles povosItem Aleitamento materno em crianças indígenas de dois municípios da Amazônia Ocidental Brasileira(UNIFESP, 2016) Maciel, Vanizia Barboza da Silva; Silva, Romeu Paulo Martins; Sañudo, Adriana; Abuchaim, Erika de Sá Vieira; Abrão, Ana Cristina Freitas de VilhenaObjetivo: Analisar o aleitamento materno de crianças indígenas de zero a dois anos e os fatores associados ao desmame. Métodos: Estudo transversal realizado com 94 crianças e 91 mulheres indígenas. Os dados foram coletados nos domicílios, com aplicação de um instrumento construído especificamente para o estudo. Para a análise foi utilizada a regressão logística. Resultados: Estavam em aleitamento materno 60,6% das crianças. Em menores de seis meses o AME esteve presente em 35% das crianças. A única associação do desmame precoce com as variáveis foi a etnia, em que a chance de desmame precoce entre as etnias Poyanawa, Nawa e Nukini, foi 3,7 vezes maior em relação a etnia Katukina. Conclusão: As prevalências de AM encontram-se aquém das recomendações da OMS. Somente a variável etnia mostrou-se associada ao desmame precoce. Esses dados mostram a necessidade de implementações de programas de incentivo ao AM entre os indígenas.Item Alguns aspectos das condiçöes de saúde bucal de uma populaçäo indígena Guarani Mbyá no Município de Säo Paulo(2000) Fratucci, Maristela Vilas Boas; Fernandez, Roberto Augusto CastellanosObjetivo: Realizar diagnóstico de saúde bucal da comunidade indígena Guarani, Mbyá da Aldeia Morro da Saudade, Distrito de Parelheiros, Município de Säo Paulo, por meio de levantamento epidemiológico em saúde bucal. Métodos: Os índices foram utilizados segundo os códigos e critérios recomendados pela Organizaçäo Mundial da Saúde (OMS), na 4ª ediçäo do manual "Oral health surveys - basic methods" (1997). O estudo foi realizado sem amostra pré-estabelecida, sendo apuradas todas as idades examinadas. Conclusöes: Considerando-se os indivíduos examinados, pode-se observar que o perfil epidemiológico das doenças bucais tem um comportamento diferenciado da sociedade nacional, embora näo exista acesso a programas preventivos e assistenciais. No levantamento em questäo, a cárie, a doença periodontal, a fluorose e as oclusopatias têm uma severidade menor que a observada em estudos realizados no Município e Estado de Säo Paulo. Porém, as necessidades de tratamento acumuladas e as condiçöes de vida dessas populaçöes, demonstram que será necessária a implantaçäo de propostas de atençäo à saúde bucal para que esses índices näo continuem evoluindo de maneira drástica.Item Alguns dados sôbre a incidência nosológica nos índios Kayapó(Associação Médica de Língua Portuguesa, 1960) Bellizzi, Ataliba MacieiraDepois de apresentar ligeiras notas sôbre sua cultura e alguns dados somatométricos, o autor, que visitou vários grupos Kayapó setentrionais em 1957, registra as enfermidades encontradas em três aldeias habitadas por cerca de 1200 indígenas: ‘… foram notadas com maior freqüência o impaludismo, as diarréias, as afecções alvéolo-dentárias adquiridas, e uma dermatose parasitária conhecida na região por “purupuru”. Dois casos de lepra cutânea foram diagnosticados e confirmados pelo exame histopatológico e um caso de elefantíase vulvar foi registrado. Alguns casos de malária também foram confirmados pelo exame hematológico. As lesões blastomatosas e afins não foram encontradas em quaisquer dos índios examinados’ (p. 210). Êsses fatôres levaram o autor a suspeitar ‘serem essas afecções, nas condições atuais, de aparecimento muito raro ou talvez mesmo nulo entre esses silvícolas’ (p. 210).