ASMT - Teses de Doutorado
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Browsing ASMT - Teses de Doutorado by Subject "Antropologia Médica"
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Item A cosmopolítica da gestação, parto e pós-parto: práticas de autoatenção e processo de medicalização entre os índios Munduruku(2014) Scopel, Raquel Paiva Dias; Langdon, Esther JeanEsta tese é uma etnografia das práticas de autoatenção relativas à gestação, ao parto e ao pós-parto entre os índios Munduruku da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, Município de Borba, Amazonas, Brasil. A observação participante foi o eixo central na condução da pesquisa. Procurou-se destacar as especificidades dos saberes Munduruku em um contexto de pluralidade de formas de atenção à saúde. Ao abordar as práticas de autoatenção na gestação, parto e pós-parto, verificou-se que as mulheres Munduruku articularam os saberes indígenas com práticas biomédicas de atenção à saúde, por exemplo, no acompanhamento do pré-natal e em exames junto às equipes de saúde biomédicas, como também respeitando prescrições indígenas relativas às dietas alimentares, banhos, pegar barriga, puxar a mãe do corpo, resguardo, entre outras práticas que interferem diretamente na produção do corpo e da pessoa Munduruku. A etnografia aponta para a construção social do corpo do bebê no interior de relações afetivas inerentes ao grupo primário, como as que se observam no grupo familiar, através de esforços coletivos e individuais de cuidado e apoio mútuo. Em contraste com a abordagem morfogênica presente nas práticas biomédicas de controle do pré-natal, a continuidade de performances das relações afetivas constituem a saúde da mãe, do pai e do bebê para os Munduruku. Deste modo, cumprir ou não determinadas prescrições pode afetar a saúde dos pais e das crianças e impactar sobre o desenvolvimento de uma pessoa, cujas habilidades e capacidades são produzidas desde a gestação. Sob esta perspectiva, pode-se sublinhar a centralidade das motivações pragmáticas como um fator que transpassa as práticas de autoatenção à gestação, parto e pós-parto. A etnografia das práticas de autoatenção à gestação, parto e pós-parto também permitiu compreender o campo de relações cosmopolíticas em que os atores sociais se engajaram ao vivenciar esses processos. Evidentemente, esse engajamento ocorre a partir da cosmografia praticada pelos Munduruku, a qual, pelo se caráter sui generis, está inserida em um contexto histórico, geográfico e social, em que não se pode ignorar a pluralidade médica e de relações interétnicas, marcadas por subjetividades e intencionalidades diversas, algumas vezes convergentes, outras não. Espera-se, assim, contribuir com subsídios para a reflexão crítica sobre as políticas oficiais de atenção à saúde10indígena, especialmente sobre a necessidade de uma atenção diferenciada, em um campo social ainda não consolidado, ou seja, em constante reconstruçãoItem Fazendo a vida junto: trajetórias e experiências de sujeitos Tupinambá de Olivença/BA no acesso à saúde(Universidde Federal de Santa Catarina, 2021) Rodrigues, Amanda Silva; Maluf, Sônia WeidnerEsta tese aborda a relação dos Tupinambá de Olivença com o Subsistema de Saúde Indígena e com os serviços do Sistema Único de Saúde, tomando como fio condutor uma etnografia desenvolvida junto a esse povo no sul da Bahia. Partindo de diferentes situações em que esses indígenas demandam atendimento em saúde, descrevo os itinerários que eles empreendem e os agenciamentos que realizam na medida em que percorrem esse conjunto de serviços. Argumento que essas experiências dos indígenas informam tanto sobre a construção de sujeitos detentores de direito quanto sobre as práticas de resistência frente aos diferentes modos de governo da vida presentes nas políticas públicas de saúde. O protagonismo dos Tupinambá descrito por meio da etnografia que realizei sugere que eles demandam por políticas de saúde que incorporem a ideia de cuidado, uma noção que compõe o entendimento Tupinambá de que a vida se faz junto, a partir do encontroItem Mudança e Permanência no modo de viver, comer e adoecer entre os Khisêdjê: tecendo novas práticas, saberes e significados(2021) Mendonça, Sofia Beatriz Machado de; Pereira, Pedro Paulo GomesNas últimas décadas, o mundo tem assistido a uma epidemia das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Vários estudos relacionam esse fato ao aumento do consumo de alimentos multiprocessados e ao sedentarismo das sociedades modernas. Quando analisamos o perfil epidemiológico entre os povos indígenas em vários países, a situação é mais grave. Estudos revelam que a presença das DCNT é ainda maior que a encontrada entre não indígenas. Durante os últimos anos, foram realizados estudos de prevalência de síndrome metabólica, obesidade e dislipidemias, revelando alto risco para doenças cardiovasculares, DM2 e HAS entre os povos indígenas do Xingu. Particularmente entre os Khisêdjê, foram realizados estudos no período de 1999-2000, 2010-2011, identificando um aumento significativo do risco ao longo de 10 anos. Neste projeto, nos propomos aprofundar o estudo sobre as mudanças no modo de viver, trabalhar e comer entre os Khisêdjê, e procurar entender como eles percebem e vivenciam estas mudanças e o aparecimento das novas doenças. A abordagem é majoritariamente qualitativa e escolhida de pesquisa: uma observação participante, diário de campo, opção semiestruturadas e abertas junto com Khisêdjê. O período de observação e análise foi de 2010 a 2019, embora tenha retomado relatórios e vivências de campo anterior entre eles, desde a década de 80. Toda a investigação teve como referência a pesquisa participante (WALLERSTEIN, 2018) com a construção coletiva do conhecimento e práticas, socializando e trocando saberes. Em relação aos desdobramentos dessa investigação, é possível pensar em duas vertentes. Uma delas tem a ver com a experiência da atenção diferenciada, no contexto da saúde indígena, do SASISUS, e a produção de conhecimento e prática no campo da saúde coletiva. Os resultados desse trabalho podem auxiliar no conhecimento dos determinantes socioculturais relacionados às doenças crônicas não transmissíveis, dar pistas para a confecção de políticas públicas mais conhecidas que consideram a especificidade dos povos indígenas. A outra vertente está relacionada com o envolvimento e implicação dos sujeitos na produção da saúde, na prevenção e na possibilidade de modificar o rumo estas novas doenças. Os resultados desse trabalho podem auxiliar no conhecimento dos determinantes socioculturais relacionados às doenças crônicas não transmissíveis, dar pistas para a confecção de políticas públicas mais conhecidas que consideram a especificidade dos povos indígenas. A outra vertente está relacionada com o envolvimento e implicação dos sujeitos na produção da saúde, na prevenção e na possibilidade de modificar o rumo estas novas doenças. Os resultados desse trabalho podem auxiliar no conhecimento dos determinantes socioculturais relacionados às doenças crônicas não transmissíveis, dar pistas para a confecção de políticas públicas mais conhecidas que consideram a especificidade dos povos indígenas. A outra vertente está relacionada com o envolvimento e implicação dos sujeitos na produção da saúde, na prevenção e na possibilidade de modificar o rumo estas novas doenças.Item Terra, saúde e existência : uma abordagem etnográfica das lutas, lutos e lideranças Rikbaktsa(Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2023) Paula, Larissa Cykman de; Jardim, Denise FagundesEssa tese abrange as lutas empreendidas pelo povo Rikbaktsa no cenário brasileiro e origina-se na etnografia iniciada em 2019 e construída com a premissa de pesquisar juntamente aos Rikbaktsa na região sudoeste amazônica. Realizada em meio à pandemia de covid-19, a pesquisa alarga-se para considerar os atravessamentos vivenciados, com destaque para os lutos e o modo como estes articulam-se às lutas. Este trabalho aborda a mobilidade e a territorialidade vinculadas às suas três Terras Indígenas homologadas: Erikpatsa, Japuíra e Escondido. Frente à crise sanitária, a pesquisa expõe as reflexões antropológicas e suas contribuições teóricas e metodológicas, priorizando os debates a partir da antropologia médica e da saúde e dos estudos críticos à saúde global. Um subsequente eixo aponta para a saúde indígena no contexto brasileiro, elencando aspectos históricos do seu delineamento e do protagonismo indígena no enfrentamento ao coronavírus. Nessa direção, narrar aspectos biográficos de Nelson Mutzie Rikbaktsa, liderança indígena com ampla atuação na conjuntura nacional e em especial na região noroeste do Mato Grosso, torna-se elemento central numa proposta de colaborações e elaborações etnográficas. Com o falecimento de Nelson quando na linha de frente do combate à covid-19, em julho de 2020, as homenagens, as resistências e o caráter central da memória são indicados. Nesse enquadramento, evidenciar a biografia de Nelson e o modo como as demais temáticas abordadas se relacionam de modo intrínseco a ela potencializa a ênfase em recontar a própria história dos Rikbaktsa e revelar as intensidades desde a pandemia em sua história recente. A partir desses aportes, o trabalho revela ser possível compreender elementos de três amplas lutas empreendidas pelos Rikbaktsa: a luta pela terra, a luta pela saúde e a luta pela existência. Argumenta-se a respeito de como essas lutas ocorrem entrelaçadas e que, apesar de desenvolverem-se no cenário contemporâneo, há uma linearidade implicada no contexto histórico e igualmente voltada para os devires. Considera-se, ainda, como o discurso de povo guerreiro baseia as ações adotadas cotidianamente em defesa dos seus direitos e dos seus modos de vida.