Ecologia alimentar em um grupo indígena: Comparação entre aldeias Nambiquara de Floresta e de Cerrado

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Dissertation
Date
1983
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Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia. Departamento de Biologia. Campinas, SP, Brasil
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Este trabalho objetivou a análise da influência de ambientes diferentes e de diferentes estações do ano no nicho - mais especificamente em suas dimensões relacionadas com a ecologia alimentar - de duas populações humanas, de um mesmo grupo indígena. Como a cultura básica é comum às duas populações estudadas, ela é considerada uma constante em termos das origens históricas permitindo assim uma abordagem biológica focalizada nos efeitos culturais das diferentes disponibilidades de recursos alimentares nos dois ambientes. Tendo em vista as previsões baseadas nas teorias"de otimização de forrageio ("foraging"), tentou-se delinear algumas características dos recursos atraves das tendências e direções que estes imprimem ao forrageio e a suas estratégias, e vice-versa. O grupo indígena Nambiquara (sudoeste do MT) foi escolhido por consistir uma unidade linguística de distribuição restrita, por possuir grupos locais não integrados organizações supralocais e por apresentar aldeias em região de floresta e de cerrado, relativamente próximas umas outras. Duas aldeias Nambiquara - Alantesu, na mata do Vale do Guapore, e Juína, no cerrado da Chapada dos Parecis- foram escolhidas para este trabalho, por apresentarem número de indivíduos aproximadamente igual, por serem de porte medio, por usarem poucos alimentos obtidos a partir de fontes externas, por oferecerem facilidade de se observar indivíduos de mais de uma família nuclear ao mesmo tempo, por serem de acesso razoável e por aceitarem bem a presença da pesquisadora na aldeia. Foi realizada uma caracterização das duas populações quanto à constituição etária, e a anotação dos nascimentos, falecimentos, migrações e visitas entre e durante o período amostrado. Também foi efetuada uma caracterização de ambos os locais, em termos de solos, condições meteorológicas e vegetação. O trabalho, em si, consistiu no levantamento dos itens alimentares e do registro de suas frequências de utilização na dieta; da ensuração de roças e da avaliação de suas produções; da estimação de colheita; do registro das saídas de caça, pesca e coleta e seus rendimentos (positivo, negativo e não observado ou não observável); do mapeamento das trilhas, percursos e locais utilizados nas atividades de subsistência, e da alocação de tempo para as atividades de subsistência. Em linhas gerais, os resultados e as conclusões foram: - os solos das roças dos Alantesu, no Vale, foram melhores para o cultivo do que os solos das roças nas matas de galeria dos Juína, na Chapada; - os produtos cultivados diferiram nas duas aldeias; - a área cultivada/indivíduo foi 'maior nos Alantesu do que nos Juína; - os Alantesu obtêm seus alimentos principalmente a partir de colheita, e os Juína, em coleta; - os Juína usaram mais insetos na sua dieta do que os Alantesu; - a pesca tem importância significativamente maior nos Alantesu (em termos de frequência de utilização dos seus produtos) do que nos Juína; - a diversidade de itens na dieta foi maior nos Juína do que nos Alantesu; - a duração do dia útil foi maior nos Juína do que nos Alantesu; - os Juína gastaram proporcionalmente (2,3x) e em termos absolutos (2,1x) mais tempo nas atividades relacionadas com a subsistência do que os Alantesu; - os Alantesu gastaram principalmente mais tempo em caça e os Juína, em coleta; os Juína utilizaram uma área 4,4x maior do que os Alantesu; - a densidade populacional na irea utilizada pelos Alantesu (incluindo os visitantes Wasusu) foi 7,7x maior do que nos Juína. As aldeias apresentaram nítidas diferenças nas dimensões de nicho estudadas, relacionadas à ecologia alimentar. Analisadas através das teorias de otimização de forrageio, estas dimensões indicam diferenças nas abundâncias de alimentos nos dois ambientes. As estratégias das duas populações tendem a maximizar suas eficiências de forrageio em resposta às diferentes abundâncias de alimentos nestes dois ambientes
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Keywords in Portuguese
Região Norte, Mato Grosso, Região Amazônica, Região Centro-Oeste, Rondônia, Nambiquara
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Brasil, Saúde de Populações Indígenas, Índios Sul-Americanos, Comportamento Alimentar
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SETZ, Eleonore Zulnara Freire. Ecologia alimentar em um grupo indígena: Comparação entre aldeias Nambiquara de Floresta e de Cerrado. 983. 209 f. Dissertação (Mestrado em Biologia) - Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1983
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Defense Institution
Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia
Degree date
1983
Defense location
Campinas, SP
Programa
Programa de Pós-Graduação em Biologia (Ecologia)